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[Review] A viagem reflexiva de Blanche em "Empire"

Review do álbum Empire de Blanche

Empire é o álbum de estreia da cantora e compositora belga Blanche (ESC 2017), lançado a 29 de maio de 2020. 

"Empire é um álbum para ser digerido do início ao fim, onde todas as canções foram organizadas com uma certa intenção. (...) é rico em arranjos, matizado nos seus ritmos e diverso nos seus temas. Este é o meu álbum; estas são as minhas canções e os meus sentimentos. Algumas canções são mais pessoais, outras são como contos modernos". Uma descrição feita pela própria acerca do seu primeiro disco e que que não falha na sua concretização, colocando Blanche no mapa do cenário musical europeu. 

Foi na Eurovisão de 2017 que conhecemos Blanche, uma menina tímida de timbre grave, que enfrentou uma plateia de milhões de pessoas pela primeira vez em sua vida. City Lights, o tema com o qual defendeu a bandeira belga, era indiscutivelmente o melhor tema pop em competição e uma promessa da qualidade do que vinha por aí. "Empire" é a concretização dessa promessa, vagueando pelo obscuridade do seu tema eurovisivo e florescendo através de uma diversidade de ritmos e arranjos introspetivos.


Canção 1: Empire (9/10)

A faixa título de disco é uma canção rica em elementos orquestrais e eletrónicos que realçam o incomparável timbre da cantora. Empire é lúgubre, profunda e envolvente, expondo o medo do desconhecido e da insegurança. Blanche abre a porta do seu coração e libera destemidamente os seus receios. 

"Fever for people, fever for people, fever for people, fever for people..."


Canção 2: Till we collide (7/10)

Em Till we collide, Blanche expressa o seu amor de uma forma mais direta, mas menos efervescente do que na faixa anterior. Uma produção mais radiofónica, que embora não atinja a grandiosidade de outros temas deste disco, é ainda um bom momento de música pop.   

Canção 3: Fences (10/10)

Que se destruam as barreiras da rejeição, que se abram os corações e que se aceitem as diferenças. Fences é sobre quebrar muros e descobrirmos o próximo, numa entrega sincera e indispensável. A canção é executada na perfeição, através de uma produção pop sublime e um ritmo mais acelerado que o das faixas anteriores. 


"Fences, right where it starts, where life ends"



Canção 4: Only you (8/10)

Blanche mergulha, mais uma vez, num tema apaixonante, numa das progressões melódicas mais orgânicas de Empire. Uma canção envolvente e com um arranjo de cordas brilhante. O refrão é simples, contrastando com a complexidade da produção.

Canção 5: Lonely (7/10)

Em Lonely, a cantora constrói uma metáfora em torno da solidão e da severidade e frieza do inverno. Mais uma vez se mesclam elementos de música eletrónica com instrumentos de cordas, conceito que se prolonga ao longo de Empire. Não é a canção mais bem trabalhada deste álbum, embora contribua para a sua consolidação musical.

"Are you cold outside, when the rain won't stop?"

Canção 6: How does that sound (10/10)

Chegados a meio do álbum, Blanche canta-nos a canção mais contemporânea e uma das mais bem produzidas de Empire. Em How does that sound são abordados temas como a saúde mental e a auto-aceitação, através da revelação dos conflitos internos da cantora. Um das maiores destaques, tanto a nível técnico como a nível lírico.

"In the mirror, do you see what you wanna see?"




Canção 7: Soon (7/10)

Soon começa simples e envolvente, apenas com o som do dedilhar de uma guitarra, ao qual se sobrepõe os  vocais quentes de Blanche. A canção vai crescendo ao longo da sua duração, através do acréscimo de outros instrumentos, como o piano e a tambor. No entanto, Soon falha na construção de uma melodia mais memorável. 

Canção 8: 1, 2, Miss you (7/10)

Neste faixa, Blanche continua a sua jornada amorosa, por meio de uma produção contida, que peca apenas pelo refrão pouco efetivo. É, ainda assim, um momento de paz interior, necessário num álbum deste género.

Canção 9: Summer nights (8/10)

Tal como em How does that sound, Blanche arrisca-se mais uma vez numa produção e sonoridades mais contemporâneas e radiofónicas. Em Summer nights, a compositora fala sobre memórias que nos trazem alegria e que nos fazem enfrentar os momentos mais sombrios do presente, contraste bem definido através da soturnidade dos versos e pelo sentimento de esperança transmitido pelo refrão.


Canção 10: Pain (9/10)

É em Pain que entramos na reta final deste belo trabalho discográfico e não poderia ser de melhor forma. Aqui, Blanche explora o lado dolorosa da relação, evidenciando as suas mágoas e tristezas. A produção é distinta das anteriores, estando a carga de uma banda e não de elementos da música eletrónica.

"Now my tears are filling up my pink pillow which is now black"

Canção 11: We had (9/10)

Mais uma vez, a produção soa menos eletrónica em We had. Uma canção com diferentes dinâmicas, capaz de criar uma atmosfera envolvente, pavimentando o caminho para a faixa final de Empire.

Canção 12: Stubborn (8/10)


Chegados à conclusão desta jornada, Blanche sintetiza toda a sua viagem reflexiva numa das melhores letras do álbum. Em Stubborn o ritmo desacelera, ao mesmo tempo que cantora se apercebe que ainda há muitas questões por responder.

"Do I really wanna feel?"
Avaliação (0-10):
Imagens: Blanche (Facebook) /Vídeos: Blanche (YouTube)

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