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[Crónica FC 2017]: "Obrigado por nos fazeres acreditar, Salvador!"



Aconteceu domingo, dia 5 de março, a final do Festival RTP da Canção 2017. Salvador Sobral foi o grande vencedor da noite com o tema "Amar pelos Dois", autoria de Luísa Sobral.

Antes de comentar a vitória deste ano, não posso de fazer uns primeiros comentários sobre a edição que a RTP realizou este ano. Pelas pessoas com quem eu já falei, a mesma opinião é significativa: houve um esforço por parte da RTP para inovar. Notou-se que houve cuidado na escolha dos compositores (como Nuno Feist, João Pedro Coimbra, Noiserv...) e que a emissora incentivou-os a apresentarem canções melhores. Além disso, houve cuidado nos compositores em escolher personalidades musicais conhecidas pelo público, mesmo que sejam através de programas de concursos de talentos, bem como na diversidade de apresentadores. Tivemos personalidades célebres na apresentação, e o clímax aconteceu na final quando Sílvia Alberto e Catarina Furtado, as atuais caras principais deste festival renovado, deram a cara e apresentaram brilhantemente o concurso.



Os locais escolhidos também foram boas opções. As primeiras duas semifinais aconteceram nos próprios estúdios da RTP, que apresentaram um cenário mais inovador e moderno; e a final aconteceu no grande Coliseu dos Recreios. Admito que quando penso que o festival que eu amo conseguiu subir a uma das salas mais importantes do país... fico todo cheio de orgulho. Aliás, a sala do Festival da Canção deveria ser sempre uma dos maiores do país - não sei porque nunca esteve lá.

Um ponto positivo é também as mudanças no regulamento. Só o facto de existir a possibilidade de se levar a concurso canções em inglês é ótimo para a internacionalização musical do país. Mas, também, acredito que a música é universal, seja em qual língua for. É pena é que o júri não ache isso e despromova músicas em inglês, contrariando o regulamento da RTP.


Mas, todos nós sabemos, que a renovação não se faz de um ano para o outro. Há coisas que correram pior, e todos nós sabemos isso. Apesar do esforço, as músicas não eram assim tão boas. As semifinais foram sinónimo disso mesmo, por isso é que o festival, após a primeira semifinal, recebeu tantas críticas nas redes sociais.

Além disso, em relação à apresentação do Festival RTP da Canção três coisas deixaram a desejar: os interval acts das semifinais; a fraca qualidade do som, principalmente nas semifinais, bem como no aproveitamento do Festival RTP da Canção 2017 no Coliseu dos Recreios para comemorar os 60 anos da emissora pública. Por um lado fico feliz por considerarem que o melhor programa para festejar toda a história da RTP seja através do Festival RTP da Canção (podiam ter este pensamento todos os anos), mas estenderam demasiado e o concurso ficou demasiado chato e aborrecido.

Aos não-apurados, destaco que a final precisava da presença da fantástica Lisa Garden, que dava um ar mais fresco, juvenil e bem humorado a um Festival RTP da Canção repleto de baladonas, bem como da Beea, que trouxe um fado muito simpático pelas mãos do enorme Jorge Fernando.


Em relação aos oito finalistas, foi mostrada ao público uma final nacional acima da média, se compararmos com os anos anteriores, mas ainda não fantástico. Penso que o Festival subiu alguns degraus em termos de qualidade.: Jorge Benvinda trouxe-nos uma música humorada, bem portuguesa, que nos deixa curiosos pelo historial de música que os Virgem Suta têm; Fernando Daniel mostrou, mais uma vez, que consegue cantar qualquer coisa, mesmo que tivesse em mãos uma das composições mais fracas do extraordinário Nuno Feist (saudades de "Sonhos Roubados" ou da "Outra Vez Primavera"); Celina Piedade, bem no seu estilo musical, encehu o palco de alegria e de boa disposição..

No entanto, não entendo a presença de Lena d'Água. Apesar de ser uma cantora bastante conhecida, trouxe, possivelmente, a música com menos potencial para o concurso. Não sei quais foram os critérios para o júri lhe dar tantos pontos na 2ª semifinal. Também não entendo a passagem de Deolinda Kinzimba: apesar de ser uma das melhores vozes no panorama musical português e de ter melhorado a olhos vistos da semifinal para a final, a balada "O Que Eu Vi Nos Meus Sonhos" deixava bastante a desejar. É uma pena porque a Deolinda é fantástica.


Destaco, ainda, a participação de Pedro Gonçalves e dos Viva La Diva. Tenho a agradecer enquanto fã pelo esforço em tentarem inovar o Festival da Canção e por trazerem algo de diferente ao mesmo. Tanto "Don't Walk Away" ou "Nova Glória" tinham imenso potencial, mesmo que existissem alguns problemas a reparar. Mas espero que regressem ao concurso, porque é de louvar o talento e a ousadia que tiveram este ano.


Por fim, o excelente Salvador Sobral! Primeiro que tudo, não posso deixar de admitir que estou imensamente feliz pelo meu favorito ter ganho o concurso que eu amo. "Amar Pelos Dois" pode não ser a música mais inovadora e moderna do Festival Eurovisão da Canção, mas é uma canção que prima pela qualidade, tem um lindo poema e uma interpretação fenomenal que há muito tempo não tínhamos no concurso. Desde 2008 que não sentia tanto orgulho num representante português e sei que este ano vamos fazer história - Salvador Sobral já está a fazer mossa nas redes sociais e nas casas de apostas, e tudo isto pela sua genialidade, pela sua diferença, pela sua qualidade artística. Acredito seriamente que Portugal pode figurar o top 10 do Festival Eurovisão da Canção, se houver justiça neste mundo.

Obrigado por nos fazeres acreditar, Salvador!

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