Novidades

latest

[Crónica] Portugal na Eurovisão: "Conquistador" de Da Vinci (1989)



            A 34ª edição do Festival Eurovisão da Canção realizou-se a 6 de Maio de 1989, em Lausanne, na Suíça, após a polémica vitória de Céline Dion, no ano anterior. Os apresentadores que conduziram o evento foram Lolita Morena e Jacques Deshenaux, e o local escolhido para a apresentação das canções foi o Palácio de Beaulieu. Participaram, nesta edição, 22 países, voltando o Chipre à competição, após um ano de ausência.


            Depois do fracasso obtido com a cantora Dora em 1988 e a sua música “Voltarei”, Portugal decidiu apostar em algo mais moderno. Para isso, os escolhidos para nos representarem na Suíça foram o grupo Da Vinci com o tema “Conquistador”. O tema teve a sua composição a cargo de Ricardo e a letra é de Pedro Luís Neves. Confesso que gosto bastante do tema e acho que foi uma excelente proposta para levar à Eurovisão. Era um tema alegre e que fazia as pessoas bater o “pé” durante toda a música. É de temas assim que precisamos nos dias de hoje. Este tema era ainda excelente para se baterem palmas ao longo da melodia (algo que raramente acontecia com os nossos temas enviados). Portanto, aqui estava um tema que poderia agradar à Europa, pois não necessitavam obrigatoriamente de perceber o que a cantora estava a dizer para perceberem que a música era animada. Mas então, o que terá falhado? Penso que o que terá contribuído para a nossa má classificação tenha sido a letra. Letra essa que fala dos feitos portugueses e enaltece o nosso povo, dando a ideia que somos melhores que os outros (ao menos nisso somos bons!). Naquela altura já toda a gente sabia (ou pelo menos deveria saber, pois isto é cultura geral) que tínhamos andado pelo Brasil, Macau, Angola, Moçambique, Goa, Timor e tantos outros países. Por outras palavras, toda a gente sabia que metade do mundo já tinha sido nosso e que perdemos quase tudo (é que nem para nós próprios fomos inteligentes). Além disso, este era um assunto também já utilizado por nós na Eurovisão. E penso que terá sido aí que algo terá corrido mal. Fora isso estivemos bastante bem! A cantora mostrou-se impecável em palco (o palco também era engraçado) e não desafinou. Conseguiram transmitir a energia que a música pretendia passar e contagiaram o público presente, sendo os aplausos, no final, mais do que merecidos. A música, ainda, nos dias de hoje, é bastante conhecida no nosso país, o que me leva a crer que, pelo menos, nisto Portugal é eficaz: não deixa de relembrar o que de melhor há no nosso país (nem que seja apenas por breves momentos).


            Em resumo, tínhamos tudo para obter uma boa classificação este ano: boa música + animação em palco. Mas mesmo assim, não conseguimos alcançar um lugar à altura da nossa prestação. Apenas conseguimos um 16º lugar, que ficou muito aquém das altas expectativas que tínhamos, em relação a esta música. Com somente 39 pontos atribuídos, na minha opinião, este foi um resultado bastante injusto para o nosso país, quando comparado com músicas de qualidade inferior e que obtiveram melhores resultados.


            À semelhança do nosso país, outros decidiram levar bandas para actuar neste ano. Um desses países foi a Jugoslávia. Quem representou este país foi a banda Riva, que acabou por ser a vencedora da noite com um tema pop-rock intitulado “Rock me”, obtendo 137 pontos. Esta foi também a 12ª vez que o Reino Unido obteve o segundo lugar na competição. A vitória da Jugoslávia na Eurovisão é vista por muitos como sendo apenas política, pois na época era o país mais democrático da Europa de Leste. Recordo que, posteriormente, a 9 Novembro de 1989, o famoso Muro de Berlim acabou por cair. Se a vitória foi meramente política não sei, mas a verdade é a canção não trouxe nada de novo à competição.
            Uma curiosidade relativamente a este festival é que ao que parece, e talvez inspirados por Sandra Kim, mais alguns cantores “novinhos” decidiram tentar a sua sorte no ESC: Nathalie Pâque (que representou a França) tinha 11 anos e obteve um honroso 8º lugar; Gili Natanael (que fazia parte do duo que representou Israel) tinha 12 anos e obteve um 12º lugar. É caso para dizer que o talento não escolhe idades.

Crónica redigida por Armando Sousa, 20/09/2011

Sem comentários

Enviar um comentário


Não é permitido:

. Publicar comentários de teor comercial ou enviar spam;

. Publicar ou divulgar conteúdo pornográfico;

. O uso de linguagem ofensiva ou racista, ou a publicação de conteúdo calunioso, abusivo, fraudulento ou que invada a privacidade de outrem;

. Desrespeitar o trabalho realizado pelos colaboradores do presente blogue ou os comentários de outros utilizadores do mesmo - por tal subentende-se, criticar destrutivamente ou satirizar as publicações;

. Divulgar informações sobre atividades ilegais ou que incitem o crime.

Reserva-se o direito de não serem publicados comentários que desrespeitem estas regras.

A não perder
© all rights reserved