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[Crónica] ESC 2015: comentários à segunda semifinal



Nesta segunda noite de Festival Eurovisão da Canção, mais dez países se qualificaram para a Final de Sábado, dia 23 de maio de 2015.

Neste segundo espetáculo tivémos rasgados elogios de Conchita Wurst à indumentária portuguesa, uma queda aparatosa entre os bailarinos israelitas após a qualificação e algumas surpresas nos concorrentes que seguiram para a Final. 


A Lituânia abriu esta semifinal da melhor maneira possível. Com um palco colorido, um vestido lindíssimo de Monika e um belíssimo fato de Vaidas ajudaram a transmitir ao público presente e telespectador a alegria que a canção já por si tem e a química entre os dois. Felizmente, apesar de serem os primeiros, estes carismáticos artistas não se deixaram intimidar pela grandeza do palco austríaco (ao contrário de outros...) e cantaram na perfeição a sua música dando assim uma das melhores performances da noite.

Desta atuação destaca-se também o beijo entre os vocalistas e entre os coralistas do sexo masculino e feminino que incorporam a ideia de que a Eurovisão realmente “constrói pontes” e diz “não” a todos os tipos de discriminação. Aqui temos uma qualificação bem merecida e esperada.


“Playing with numbers” da jovem de 16 anos Molly Sterling foi a canção que se seguiu. Em 2015, Irlanda voltou aos seus tempos áureos de baladas eurovisivas e deu-nos, muito provavelmente, a melhor canção do ano. Com uma voz fabulosa, Molly consegue comover mas talvez o descurar de cenário mais faustoso e/ou elaborado (ou mesmo um piano distinto...) fez com que esta excelente canção não se conseguissse qualificar para a Final de Sábado. No entanto, a especificidade da música pouco permitia mais.

Uma pena que nem o público nem o júri tenha conseguido ver a excelência da canção irlandesa. No entanto, ficamos com uma verdadeira pérola eurovisiva para mais tarde recordar.

Um cenário cheio de luzes, com um planeta Terra no fundo, dois bons cantores mas com uma música que é uma balada eletrónica com muito pouca força no que é que resultaria? Bom resultado não seria com toda a certeza e realmente São Marino, mais uma vez, não se consegue qualificar. A atuação foi esforçada mas a canção realmente parece mais apropriada a uma Eurovisão Júnior – e mesmo assim não ficaria num grande lugar. Apesar de adorarmos Siegel: talvez uma mudança de compositor em 2016, não? Deixamos a dica!


Sentimos arrepios desde o início. Emocionamo-nos. É o Montenegro. Mais que isso: é Zeljko Josimovic, o melhor compositor que apareceu no Festival Eurovisão da Canção nos últimos anos. A força que Knez imprime à canção faz com que o auditório vibre. E a própria dança, no momento mais alto da atuação, completa-a na perfeição. Esperemos um bom resultado para o Montenegro na Final – que bem merece.

Já Amber apresentou-se segura e encheu o palco. Realmente mostrou-nos uma excelente performance vocal mas que não conseguiu colmatar o facto de a canção não se destacar de entre todas as atuações bem mais elaboradas desta semifinal.

Infelizmente, daí colheu os seus frutos: nem conseguiu qualificar-se (algo que não acontecia desde 2011) nem será uma canção de que os fãs eurovisivos se lembrarão futuramente. Fica a tentativa e esperemos que Malta nos apresente uma proposta mais interessante em 2016.


Da Noruega tivémos outra das melhores actuações da noite: uma atuação bastante bem conseguida – especialmente da parte de Morland, que esteve vocalmente superior a Debrah Scarlett, um pouco mais nervosa. 

No entanto, este aspeto não comprometeu uma canção que, pela sua simplicidade e em que são as vozes que estão em destaque, se deverá ter qualificado para a Final nos cinco primeiros lugares da tabela classificativa. Este país consegue aqui mais uma grande canção com a qual nos dará mais uma grande classificação no Festival Eurovisão da Canção. Especial cuidado com a Noruega – já há algum tempo que anda a ameaçar outra vitória que poderá conseguir muito em breve.


Na posição número sete, atuou Leonor Andrade – com uma indumentária com assinatura de Dino Alves altamente gabada pela apresentadora da Green Room (que mais parece a apresentador oficial), Conchita Wurst. É mais um ano em que não conseguimos a qualificação mas é mais um ano em que levamos uma atuação que nos enche de orgulho. 

Em 2015 não levámos nem Fado nem uma canção que cheira a música popular portuguesa mas levámos uma canção eletrónica (aleluia!) e bem moderna (aleluia!) que nos fez parecer muito bem aos olhos da Europa. 

Leonor Andrade defendeu as cores da bandeira lusa “com unhas e dentes”, como aqui costumamos dizer: teve uma prestação vocal bastante boa e uma atuação com garra que demonstrou que estamos no Festival Eurovisão da Canção para tentar conquistar algo. Ainda não foi este ano que o conseguimos fazer, mas se continuarmos por este caminho fazê-lo-emos em breve. Muito em breve mesmo.


Depois de Portugal, seguiu-se a República Checa. É certo que este é um país que normalmente não leva grandes canções ao Festival Eurovisão da Canção. Mas desta vez não era um desses anos. A República Checa trouxe-nos a balada mais poderosa desta semifinal e que se previa que se qualificasse. Marta e Václav tiveram uma prestação absolutamente irrepreensível tanto vocalmente como em termos de química entre os dois. Não podemos acreditar que uma canção com uma força e garra destas não se conseguiu qualificar à Final. De facto, até parece que ficamos com um sentimento de injustiça face a outros países qualificados. 

Esperemos que este país não desista do Festival Eurovisão da Canção e que os jurados e o público lhes dê uma oportunidade – não por terem qualquer tipo de problema físico ou mental mas por nos mostrarem talento e amor em palco. Outra atuação rememorável: 12 points, República Checa!

De Israel, tivémos outra das atuações da noite. O nosso “Golden Boy” (que até apareceu de ténis a rigor e tudo) trouxe-nos um Pop bem composto, moderno e eletrizante. E se é que precisávamos disto no Festival...! 

Mas nem tudo foi positivo: os coros quase não se ouviam numa performance em que o artista tem de acompanhar os bailarinos e necessita deste apoio e Nadav teve a voz um pouco trémula, o que felizmente não lhe prejudicou a atuação. Mas podia. Por isso, há de ter bastante cuidado (e muito menos nervos) para que na Final possa conseguir a melhor classificação possível. E este ano é, efetivamente possível, um lugar muito bom para este país. Destaque também para a atuação que apesar de não conter quaisquer acessórios, se focou na dança que era o que a canção necessitava, no fundo. 

Finalmente Israel consegue qualificar-se com uma canção que mistura etnicidade com modernidade. Uma atuação com muito fogo de artifício que só beneficiou a canção. Só gostaríamos de ver também uma indumentária que se destacasse um pouco mais.


A Letónia é um bom exemplo de uma canção que, se apostar na atuação, poderá conseguir qualificar-se. A canção não é má, mas todo o aparato criado à volta da artista, os planos das câmaras e o brilho do cenário em fusão com uma aparência étnica e a coreografia fez com que a música se destacasse ainda mais que o que seria esperado. Aliás, fá-lo em larga medida das demais e por isso, finalmente consegue a qualificação que já não atingia há sete anos, desde Pirates of the Sea. Esperaremos que a Letónia consiga atingir um lugar mediano na finalíssima que, caso aconteça, será altamente merecido.


Ao contrário de todos os outros nesta semifinal, Elnur já é nosso conhecido. Foi ele que, juntamente com Samir, representou o Azerbaijão na primeira vez em que o país competiu no Festival Eurovisão da Canção. E se ficámos impressionados com a sua magnética voz nesse ano, sete anos volvidos Elnur regressa melhor que nunca.  

Após uma classificação desastrosa para os azeris – dizemos desastrosa para um país que até 2014 sempre se tinha conseguido qualificar e ficar no top 10 durante SEIS anos consecutivos, – em 2015, o Azerbaijão traz-nos outra balada mas desta vez aposta em dança contemporânea para preencher o desnudado palco austríaco. Os bailarinos, dos quais se destaca o elemento feminino que é simplesmente excecional, realmente dão vida à atuação e ilustram bem a mensagem e poderosa voz de um artista de excelência que o Festival Eurovisão da Canção tem a sorte de rever. Uma passagem asseguradíssima à Final que irá culminar noutro – merecidíssimo – top 10 para o Azerbaijão.

E por esta ninguém esperava. Ou pelo menos não esperava até ver a atuação. A Islândia, um dos países mais bem sucedidos em passagens à Final, este ano não se conseguiu qualificar – algo que já não acontecia desde a brilhante atuação que Eiríkur Hauksson nos deu em 2007 com “Valentine Lost”. 

Contudo, esta não-qualificação não nos deixa surpreendidos: de facto, a artista apresentou-se bastante nervosa (apesar de o esconder bastante bem, ressalve-se) mas não esteve vocalmente perfeita, algo que foi notado por quase todos os telespectadores que comentavam a Eurovisão nas redes sociais. 

A atuação foi bastante bonita e adequada à própria canção, mas simplesmente houve músicas que se destacaram mais que a islandesa pela sua força e originalidade – algo que não se aplica. Fica para a próxima! 


Mans Zelmerlöw deu-nos A atuação da noite. Semelhante à performance que o levou a vencer a pré-seleção mais esperada de todos os europeus, o Melodifestivalen, “Heroes” impressionou a Europa e aposto que terá sido o país mais votado da noite. De facto, a voz perfeita combinada com a sua sensual aparência e atuação perfeita deram à Suécia uma das suas melhores performances de sempre que culminará, com toda a certeza, num top 5 – e possivelmente top 3 – na grande Final de Sábado.

Seguidamente, a Suiça deu-nos uma das melhores apresentações em palco desta semifinal mas que, mesmo assim, não fez com que “fosse tempo de brilhar” para Mélanie René. E a culpa disto foi apenas da canção que simplesmente não tem força o suficiente para ficar no ouvido dos europeus e destacar-se das suas concorrentes, apesar de cantada em inglês. Depois do animado “Hunter of Stars” em 2014, a Suiça volta a ficar-se pela semifinal. 

Já o Chipre destacou-se das demais pela sua simplicidade e classe. John deu-nos uma performance vocal de muita qualidade e conseguiu criar uma empatia com o público e telespectador. Sendo o próprio género da canção do agrado do júri, vimos a passagem à Final do Chipre como uma aposta fácil – e merecida – da parte de um país que normalmente costuma ser bastante injustiçado nas semifinais, ficando-se sempre nos últimos lugares da mesma quando simplesmente não o merece. A dificuldade será, dia 23 de maio, o país conseguir descolar-se dos últimos sete lugares da Final; tarefa que me parece difícil. 


O milkshake esloveno resultou bastante bem nesta semifinal. De facto, será uma abertura eletrizante e bastante poderosa numa Final que será uma das mais fortes dos últimos anos. 

Maraya dá-nos uma performance bastante forte e eletrónica em que, curiosamente, todos os elementos conjugados não nos parecem estranhos mas antes se complementam no palco austríaco. Se fizer uma atuação do mesmo calibre do desta noite quase certamente que a Eslovénia conseguirá uma classificação bastante mais positiva que a do passado ano de 2014, em que infelizmente se quedou em último lugar. Foi outra das atuações da noite.


E por fim, a Polónia. De facto, a última canção a ser apresentada foi também a canção menos sonante do grupo (juntamente com a de São Marino) mas, por alguma razão, conseguiu qualificar-se. Não entendo como é que um júri coloca a canção polaca acima de uma Irlanda, de uma República Checa ou até mesmo de um Portugal. E muito menos consigo entender como é que os telespectadores votam numa balada do género – sem força, pouco orelhuda – ao invés de votarem em qualquer uma das outras canções. Não se consegue entender a não ser que atentemos ao problema que a artista tem. Aliás, penso que os próprios monitores presentes na sala mostravam imagens de quando a artista ainda conseguia andar, o que me parece inadmissível. 

Em suma, a Polónia tem aqui uma atuação bonita, com um cenário em cor-de-rosa que ilustra bem a canção mas que não chega para uma qualificação. De facto, a própria artista mostra uma performance vocal pouco segura. Na Final deverá quedar-se nos sete últimos lugares podendo até ficar em último lugar. 

Esta semifinal foi repleta de surpresas. Quando observamos os países que foram sorteados para terça e quinta-feira, à partida diríamos que a semifinal mais forte seria a primeira, mas de facto, a segunda foi bastante mais renhida. 

Esta noite fica marcada, muito particularmente, pela passagem à Final de países com menos poder no Festival Eurovisão da Canção, como o Montenegro, Eslovénia e a Polónia que conseguem este feito pela segunda vez consecutiva e de países que se qualificam pontualmente mas que já há algum tempo não viam o seu esforço reconhecido, como é o caso do Chipre, Letónia e Israel. 

Já a Irlanda, Portugal e a República Checa ficam mais um ano para trás na corrida eurovisiva injustamente apesar de terem apresentado das melhores propostas da noite e, pelo contrário, Islândia e Malta com canções menos fortes acabam por ficar-se, muito justamente, pela semifinal. Por outro lado, a Suécia e o Azerbaijão assumem-se, mais um ano, como potências eurovisivas que irão lutar por um lugar no top 10 continuando na corrida pela vitória.

Vídeos: eurovision.tv
22/05/2015

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