No dia 30 de Abril de 1988 realizou-se a 33ª edição do
Festival Eurovisão da Canção. A cidade escolhida para acolher o evento foi a
capital da Irlanda, Dublin. Os apresentadores que conduziram todo o espectáculo
foram Pat Kenny e Michelle Rocca. Participaram 21 países no concurso, tendo o Chipre
abandonado a competição este ano.
Portugal decidiu apostar em repetir parte da fórmula de 1986:
decidiu levar uma cantora jovem e com garra que prometia ser numa das grandes
revelações nacionais. Por outras palavras, decidiu levar a mesma intérprete: a
jovem Dora. É certo que não escolheu um tema tão irreverente como o que nos
representou na Noruega, mas à sua maneira foi um tema ao qual a maior parte dos
espectadores já estava habituado. Uma balada doce mas com um refrão forte,
igual a tantas outras que já tinham pisado o palco da Eurovisão e que fizeram
muito mais sucesso do que este tema. A canção é da autoria da dupla José Niza e
José Calvário que foram também responsáveis pelos temas “A festa da vida” e “E
depois do adeus”, que nos representaram em 1972 e 1974, respectivamente. Penso
que, como Portugal já nos habituou ao longo dos anos, esta não foi uma
apresentação perfeita e isenta de falhas. A começar pelo vestuário da cantora...
Na crónica anterior demonstrei o meu ponto de vista relativamente à
simplicidade das roupas dos artistas, mas também nem 8 nem 80. Dá-me ideia que,
quem vestiu a Dora, quis inovar mas acho eu que não o conseguiu. O vestido até
nem era feio mas completar aquele conjunto com luvas pretas? OMG! Mas não foi
só a nossa representante que quis inovar. Notou-se que, nesta edição da
Eurovisão, os responsáveis pelo evento também criaram um palco um pouco mais
moderno. Ponto positivo! Já o “meu” ponto negativo vai, uma vez mais, para o coro
que acompanhou a cantora. As vozes deles sobrepõem-se totalmente à da cantora
nas partes do refrão. Não sei se isto foi alguma estratégia para talvez
disfarçar o facto de Dora não conseguir alcançar aquelas notas, mas acho que
não foi isso, pois a Dora é uma excelente cantora. Acho que, se ela se tivesse
apresentado em palco sozinha, teria corrido melhor pois as pessoas estariam mais
focadas na voz dela e não tanto na do coro. Pensar mais no que agradaria ao
público europeu e não tanto no que agrada aos portugueses, pois só assim é que
algum dia estaremos perto e vencer. Fora isto, ela até nos representou dignamente
(não com a mesma garra que mostrou 2 anos antes, infelizmente). Mas as usas
capacidades vocais são de louvar, principalmente o último agudo que a cantora
oferece ao público.
Infelizmente, nem tudo nos correu pelo melhor e tivemos que
nos contentar com o 18º lugar com apenas 5 pontos. No ano anterior obtivemos a
mesma classificação, por isso posso dizer que nem progredimos nem regredimos. Ou
seja, não correu melhor nem pior…
Desta noite acabou por sair vitoriosa Céline Dion e a sua
música “Ne partez pas sans moi”. Assim, a Suíça conseguiu a sua segunda vitória
no Festival após ter vencido a 1ª edição em 1956. Foi uma surpresa para a
maioria dos espectadores a vitória dela no concurso, pois a sua música não
tinha nada de original e não atingiu grande sucesso pela Europa fora. É por
isso que o sucesso de Céline Dion não é directamente associado à sua vitória no
Festival (como aconteceu com os ABBA, por exemplo) mas sim aos seus temas dos
anos seguintes (quem não se recorda da famosa música “My heart will go on” do
filme Titanic?). A sua vitória ficou
ainda marcada pelo facto de ter ganho com uma margem de 1 ponto sobre o segundo
classificado (Reino Unido). É curioso que Portugal foi dos poucos países que
atribuiu 12 pontos à Suíça, por isso também somos responsáveis pela sua
vitória. É bom que o nome de Portugal esteja associado a algum feito histórico
na história do ESC.
Crónica redigida por Armando Sousa, 14/09/2011
Canção bem aborrecida, este Voltarei, por isso não estranha a classificação obtida.
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