Mais um ano passou e o Festival Eurovisão
da Canção continuou a crescer a olhos vistos! Na verdade, esta foi a 32ª edição
daquele que até agora permanece como um dos concursos mais antigos da história
da televisão. Desta vez, e após a célebre vitória de Sandra Kim, no ano anterior,
representando a Bélgica, o evento ocorreu a 9 de Maio de 1987, na sua capital
Bruxelas. O apresentador foi Viktor Lazlo. Participaram no total 22 países,
havendo algumas alterações em relação ao ano anterior. Essas alterações
resultaram no facto de a Grécia e a Itália voltarem a concorrer no Festival.
Depois de, no ano anterior, Portugal
ter levado uma música um pouco mais moderna e ter obtido "aquela" classificação, neste ano apostou em levar algo completamente
diferente. Se no ano anterior evidenciamos pela modernidade e uma pouca de
originalidade (sobretudo no que diz respeito ao vestuário), o mesmo não
aconteceu nesta edição. Os escolhidos para nos representar no palco do Palácio
do Centenário em Bruxelas foram o duo Nevada com o seu tema “Neste barco à
vela”. Será que foram inspirados pelo duo Bobbysocks que ganharam o ESC em
1985, e decidiram também eles tentar a sua sorte? Com um tema da autoria de
Alfredo Azinheira e Jorge Mendes nas mãos, foram eles os responsáveis por
tentar levar a bandeira de Portugal a bom porto. Sinceramente, era melhor que
não tivessem tentado… A letra em si não se pode dizer que seja uma coisa
espantosa, é apenas normal e sem muito a dizer a respeito dela. Não é feia,
apenas é simples e sem grande força. Penso que, onde os autores poderiam ter
apostado mais, era no arranjo musical. Quando ouvi esta música, pela primeira vez,
lembro-me de pensar isto quando ouvi a parte inicial: “Ei! Grande música!”. Mas
isto foi apenas até o cantor começar a cantar, e foi aí que a minha alegria
para com este tema se desmoronou todinha. Não é que ele cantasse mal, pois até
tinha uma voz razoavelmente boa. É só que a música ao início parece ser uma
“grande música” do estilo fado e depois de um momento para outro muda
completamente o registo. Isto na minha opinião é claro. Penso que, se o registo inicial
se tivesse mantido ao longo de toda a música, ficaria mais agradável. Por outro
lado, as questões da apresentação em palco poderiam ter sido bastante
melhoradas. Por exemplo, o vestuário das meninas do coro poderia ter sido
diferente. Provavelmente queriam dar uma ideia de simplicidade para condizer
com o nosso tema, mas já se percebeu que a Europa não se deixa encantar
meramente por peças de roupa. Ainda para mais quando na sua maioria o público
não percebe nada da cultura de cada país. Estou a querer dizer, que mesmo que
Portugal levasse o vestido mais bonito daquele ano, não iria ser por isso que
eles iriam olhar para nós de maneira diferente. Ainda dentro dos elementos do
coro (mais precisamente numa das senhoras), os óculos talvez pudessem ter sido
dispensados. A moça até poderia ter alguma beleza natural escondida, e que de
certa forma ficou ofuscada. Mas reconheço que uma dessas amáveis senhoras tinha
uma voz muito bonita. Ainda não descobri qual delas era, mas ainda não perdi a
esperança!
Como resultado da nossa prestação
mediana, saiu um 18º lugar com apenas 15 pontos. Poderia ter sido bastante pior,
ora veja-se: a Turquia teve 0 pontos e o Luxemburgo que, até à data já tinha
arrecadado 5 vitórias, sendo um dos países de maior sucesso no Festival, ficou
em penúltimo com apenas 4 pontos. Vendo as coisas desta perspectiva, o nosso
país conseguiu superar alguns obstáculos.
A Irlanda conseguiu a sua terceira
vitória no concurso e com um feito histórico: tornou-se no primeiro país a
alcançar a vitória em duas ocasiões diferentes e com o mesmo intérprete! É
verdade, o vencedor da noite foi mesmo Johnny Logan com o tema “Hold Me Now”.
Recordo que este cantor já tinha participado na edição do ESC de 1980, e que
também nessa ocasião acabou por vencer o Festival. É curioso que também nos
dois anos da vitória de Johnny Logan, o segundo classificado foi a Alemanha.
Deve ter sido frustrante ter estado tão perto de alcançar o prémio e no último instante
perder para a mesma pessoa. É caso para dizer que os alemães não devem gostar
nadinha do Johnny Logan.
Crónica redigida por Armando Sousa, 14/09/2011
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