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[Review] Os novos sons da "Tribù Urbana" de Ermal Meta

"Tribù Urbana" é o quarto albúm de Ermal Meta, representante italiano de 2018, juntamente com Fabrizio Moro. 

É, no meu ponto de vista, um pouco um regresso às origens, na medida em que as sonoridades mais alternativas se aproximam mais do seu primeiro álbum, "Umano", que dos dois anteriores. É, como sempre, um conjunto de músicas, mas também um conjunto de poemas lindíssimos. De álbum para álbum, nota-se o amadurecimento, enquanto autor e escritor, do Ermal. 



Canção 1:  Uno (8.5/10)  

É a maneira perfeita de começar este álbum e dá-nos um excelente panorâma do que aí vem. É arriscado misturado tantos sons diferentes, mas o resultado final é maravilhoso. A maneira como os versos crescem para depois "morrerem" totalmente antes do refrão está muito bem conseguida. O refrão, não sendo uma obra de arte literária, é exatamente aquilo que a música pedia.

Canção 2:  Stelle cadenti (7/10)

A importância da bateria neste álbum é muito visível nas transições desta música. Não era algo que acontecia com tanta frequência nos outros álbuns. Também as teclas com sonoridade mais eletrónica estão muito mais presentes neste álbum que as "normais" dos precedentes. A letra desta música tem passagens deliciosas, apesar de não ser a melhor do álbum.


Canção 3:  Un millione di cose da dirti (9/10)

A canção que Ermal Meta levou ao Sanremo 2021 não é a melhor canção dele. Nem de perto, nem de longe. Tem partes muito interessantes. Há partes mais eletrónicas que me recordaram imediatamente, à primeira audição, "Le luci di Roma". Esta música torna-me incrível por dois motivos: a letra lindíssima (e ninguém escreve sobre um tema banal como o amor da mesma forma que o Ermal) e a interpretação fenomenal.


"È la mia mano che stringi, niente paura
E se non riesco ad alzarti, starò con te per terra"
(É a minha mão que te agarra, não tenhas medo
E se não conseguir levantar-te ficarei contigo em terra)

Canção 4:  Il destino universale (9.5/10)

A letra desta música (ou pelo menos a interpretação que lhe dou - e é isso que interessa quando ouvimos uma música) toca-me muito. Não sei se são pessoas reais aquelas de que fala a letra, ou simbolismos de pessoas génericas, mas a forma como estes 4 minutos nos fazer crer que toda a gente tem problemas, mas toda a gente é importante, é deliciosa.

"Ermal ha tredici anni e non vuole morire
Della vita non sa niente tranne che
La vita è importante, la vita è importante"
(O Ermal tem 13 anos e não quer morrer.
Não sabe nada sobre a vida a não que
A vida é importante, a vida é importante)

Canção 5:  Nina e Sara (6/10)

Acho-a a canção menos fácil de digerir do álbum e, talvez por isso, ainda não a tenha apreciado na totalidade. Gosto muito da parte final em que há uma explosão moderada, mas tudo o resto fica um pouco aquém. A letra fala de um amor proibido, nos anos 80, entre Nina e Sara, e do quanto este era considerado um pecado pelas suas mães. Gostava de saber se é uma história real e se a Nina e a Sara conseguiram ficar juntas.

Canção 6: No satisfaction (8.5/10)

Não sou fã do autotune de maneira nenhuma e acho muito difícil usá-lo com sucesso, mas aconteceu. Uma música com influências mais rock (e foi com essas influências que o Ermal começou a sua carreira) e muito moderna. A letra é uma ode aos dias de hoje e ao quanto estamos sempre insatisfeitos mesmo com tudo aquilo que temos.



Canção 7: Non bastano le mani (7.5/10)

Estou há dias a pensar de onde conheço a introdução desta música. Já pensei que fosse de uma música passada do Ermal, mas não consigo lembrar-me de nenhuma. Ocorreu-me então que, o mais provável, é o início desta música, pelo piano e pelo tom mais grave, me fazer lembrar as músicas do Ultimo. É, a par da música do Sanremo, a mais parecida aos últimos álbuns, mas o refrão encaixa-a no conceito deste álbum. E é mais uma letra extraordinária.

Canção 8: Un altro sole (9/10)

Declaro esta como a melhor música do álbum para ouvir no carro. Tem tudo: ritmo que nos deixa felizes, mas não nos impede de ter os reflexos necessários para travar caso um otário não tenha metido pisca, uma letra alegre e um refrão alto o suficiente para o pessoal na rua ouvir bem a nossa voz. Uma das minhas preferidas.


Canção 9:  Gli invisibili (10/10)

"Gli invisibili" é muito mais que apenas uma música. Aliás, a música está ali só para acompanhar a mensagem do poema e, talvez por isso, seja tão mais simples e nua que as outras músicas do álbum. É uma música que vai crescendo ligeiramente para culminar na parte final que é também a melhor parte da letra. Não há nada deixado ao acaso neste canção.



"Siamo gli ultimi di questa lunga fila
Siamo quelli che ci manca ancora una salita
Quelli che vedi quasi sempre sullo sfondo
Siamo gli invisibili che salveranno il mondo"
(Somos os últimos desta longa fila
Somos aqueles que ainda têm mais uma subida
Aqueles que vês quase sempre no fundo
Os invisiveis que salvarão o mundo)

Canção 10:  Vita da fenomeni (6.5/10)

Diria que é a música perfeita para um passeio à beira-mar ao pôr-do-sol. Não lhe vejo um grande ponto de interesse nem nada que a distinga, mas deixa-me feliz. É a típica música de meio do álbum.

Canção 11:  Un po' di pace (5.5/10)

Vês, Adelaide Ferreira? É possível pedir um pouco de paz de andar aos berros a furar tímpanos às pessoas. Digo isto, apesar de ser a música que menos goste do álbum. Não a vou passar à frente, mas acho-a muito mais fraca que as restantes.




Avaliação final (0-10): 7.9


Foto/Vídeos: Ermal Meta

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