Mais um ano de saudade!
E chegou ao fim mais uma edição da Eurovisão. Duas semanas
carregadas de emoções e, por fim, o vazio que se sente ao ver que ainda falta
um ano para a próxima! O que vale é que a Eurovisão é todo ano e, num ápice,
voltam a começar as seleções nacionais.
Há um ano atrás, quando se soube que Loreen era a grande
vencedora da Eurovisão de 2012, começaram a crescer as expetativas para um
festival organizado pela Suécia, este que nos presenteia todos os anos com o
inigualável Melodifestivalen, sem dúvida a mais rebuscada de todas as seleções
nacionais. “Vai ser a melhor edição de sempre” para cá, “é o país com mais
potencial para organizar o festival” para lá. A verdade é que o que foi
prometido foi cumprido. Nada de muito elaborado e sem grandes apetrechos mas
com muita, muita qualidade! O palco era pequeno e, realmente, estava à espera de outra coisa, sobretudo no que toca ao cenário, nem tanto devido ao tamanho. Os planos de câmara estavam no ponto, muitas atuações tornaram-se em algo totalmente diferente e claramente melhor do que eu esperei.
Fiquei um pouco desiludida com a abertura da 1ª semifinal. Foi um momento emocionante, sim. Deixou-me de boca aberta? Não. Já tinha sido visto, foi praticamente um copy-paste. Adorei a abertura da 2ª semifinal, foi espectacular visualmente e resultou muito bem. Na final, o desfile de todos os concorrentes com as respectivas bandeiras também foi giríssimo e muito bem pensado, sendo que, das três, esta foi aquela de que mais gostei.
Adorei a apresentação da Petra Mede! Fez um excelente trabalho, mesmo estando a apresentar sozinha. É uma grande profissional e foi a prova de que vale mais do que a utilização de dois ou três apresentadores que se esforçam para ter graça e caem redondamente no ridículo. Um aplauso igualmente forte para Sarah Dawn Finer, com a sua Lynda Woodruff! Os seus momentos foram excelentes para desanuviar de toda a carga de nervos que todos temos neste evento!
No que toca à grande vencedora deste ano, Emmelie de Forest, não houve surpresas. Ainda tive ali um momento ou outro de incertezas e de esperança de ser surpreendida. Não fui. Quando se teve a certeza de que seria a Dinamarca a vencer, pensei logo: "Vá, pronto, que seja...", porque realmente não acho piada nenhuma a já se saber o desfecho da Eurovisão meses antes. No entanto, Emmelie foi uma justíssima vencedora, com uma música atual, orelhuda, com uma atuação muito bem pensada. Vocalmente não foi perfeita - nunca foi - mas isso foi completamente abafado com as restantes componentes da atuação.
Tivemos uma semifinal muito forte, outra semifinal não tão forte, mas a insatisfação com os resultados é o prato-do-dia da Eurovisão por isso nem vale a pena toda esta revolta que se tem sentido nos últimos dias. No entanto, há que referir algumas boas músicas que ficaram pelo caminho.
Um país que me partiu o coração por ter ficado pelo caminho foi Montenegro. Gosto de Igranka desde o primeiro dia e sempre vi potencial naquilo. Os Who See ofereceram-nos um excelente espectáculo visual. Eu adorei aquilo! A Nina Zizic tem um vozeirão, um dos melhores do ano. Pecou por não ser uma música própria de Eurovisão, o que foi triste.
Não tenho explicações para a passagem da Lituânia, da Irlanda, e da própria Bélgica, que alcançou um incrível 12º lugar. Macumbas, bruxarias, não sei. Não vi potencial em nenhuma das três, não gostei de nada, foram para a final ocupar espaço - talvez isto seja um truque qualquer para que a malta tenha um tempinho para ir à casa-de-banho.
Na segunda semifinal, é impossível não se falar de São Marino, com a nossa Valentina! Realmente, isto tinha tudo para passar à final. Boa voz, boa atuação, excelente música, e ainda mais excelente profissional. São Marino é São Marino, portanto não fiquei de todo surpreendida que não tivesse passado, fiquei, sim, com muita pena. O flop de Israel, como é óbvio, também foi surpreendente. Apesar de não ser grande fã, reconheço que é melhor do que parte das músicas que passaram, como a Arménia, Hungria e Malta. Há gente com panca por músicas básicas, sem conteúdo e que nos façam dormir, sem dúvida. Não sei de onde apareceu Malta e o que é que viram de especial naquela atuação. Ainda hoje, quando vejo a classificação final e vejo Malta em 8º e Hungria em 10º fico em estado constante de roll-eyes.
Não houve nenhuma atuação tenebrosa de fugir, o que é surpreendente. Sim, admito que quis fugir e abraçar a minha mãe quando ouvi o ladrar da Esma, da Macedónia. De resto, tudo muito normal, sem vozes abruptamente más.
Falando em coisas boas, as minhas atuações favoritas: Holanda, Ucrânia, Moldávia, Noruega e Azerbaijão. Não será necessário dizer que fiquei com o coração cheio de por ver quatro deles nos 10 lugares cimeiros, à excepção da Moldávia, que ficou um lugar a seguir. Sou geralmente fã de tudo o que é Disney ou com ritmo balcânico mas este ano foi uma excepção.
A atuação da Anouk, com Birds tocou-me de uma maneira que nenhuma outra o fez. Uma atuação do mais simples que há, um guarda-roupa ainda mais simples (as botas, quero as botas), uma canção misteriosa, um pouco sombria, calma. Uma voz que me arrepia inigualavelmente, uma presença em palco sublime. Arrepiei-me na semifinal, quase tive um ataque quando nove países já tinham sido divulgados e nunca mais chegava aquele "The Netherlaaaaaands". Voltei a arrepiar-me na final. Esta cantora merece tudo, tem uma carreira excelente e espero que, depois disto, seja devidamente valorizada. Well done, girl!
"Ah e tal, a Zlata tem uns movimentos muito forçados. Ah e tal, o gigante é ridículo". Gravity foi, desde o início, uma das minhas favoritas e na Eurovisão passei a gostar ainda mais. Uma das vozes mais fortes, uma música brutal, um trabalho de movimentação por parte de Zlata muito bom. Ok, o gigante podia ser evitado, mas funcionou bem. Um ambiente de fantasia que mereceu totalmente o terceiro lugar.
A Moldávia perdeu bastante por atuar em 3º e não deu o seu melhor na final. Mesmo assim, podia ter corrido pior na tabela final. Polémicas à parte, o Azerbaijão teve a sua melhor canção e atuação desde 2009, e mereceu muito mais este 2º lugar do que a vitória em 2011. Quanto à Noruega, posso dizer que respirei de alívio, pois tive medo de que a canção não "pegasse", mas pegou. Fiquei felicíssima por Margaret ter feito uma excelente atuação e, claro está, pelo 4º lugar.
Os nossos Big5 prometeram e prometeram, com o regresso à música desta e daquela e falharam absolutamente. A Suécia teve uma atuação boazinha mas não merecia mais do que o 14º lugar. A Itália, que tantos suspiros gerou, é, para mim, a entrada mais overrated, onde a péssima postura em palco de Marco Mengoni não ajudou minimamente. Satisfeita por ter ficado de fora do Top5. Não fiquei surpreendida e concordei com os lugares, bem lá no fundo, da Alemanha, Reino Unido e Espanha. A prova de que a Eurovisão serve para lançar novos talentos, não para desenterrá-los.
Já que falamos no fundo da tabela, é importante realçar a Finlândia, que teve uma atuação divertidíssima e merecia muito mais do que um mísero 24º lugar, e a França, que abriu a final com uma prestação brilhante. Excelente prestação vocal, com uma agressividade tremenda, um visual que funcionou lindamente e uma canção igualmente boa. Mais uma vez, o facto de ter atuado em primeiro não ajudou, tal como o facto de não ser uma música adequada para a Eurovisão. A Bielorrússia, por nos ter dado uma música mesmo eurovisiva, merecia ter feito parte do Top15.
Injustiças lá do topo: Itália, Malta, Hungria e Rússia, sendo que, sobre esta última, todos já sabemos que basta a Rússia mandar algo audível que é suficiente para ficar no Top5 - always the same, Mother Russia!
And that's it. Resta-nos ficar atentos aos lançamentos dos álbuns dos artistas, ir conhecer o seu trabalho anterior e esperar pela Eurovisão em 2014, na Dinamarca! Prefiro ter as expectativas mais em baixo desta vez, mas espera-nos um grande ano! Um último adeus à Eurovisão 2013, já com muita saudade!
Imagens/Vídeos: eurovision.tv
25/05/2013
+ Discordo com o dito sobre a Bélgica. Roberto esteve irreprensível, um dos melhores em presença de palco, sem desafinações e com carisma e garra de um jovem talento. Foi isso que os europeus viram e ouviram. Por isso merecido o lugar na final e o resultado. Mas, ok são pontos de vista!
ResponderEliminar+ Depois dizer que Esma ladra, é enxuvalhar a artista. Ok, pode-se não gostar, achar que desafinou, etc. mas ladrar... comparar a senhora a uma cadela é reles, desdignifica o bom nome da senhora.
+ "A prova de que a Eurovisão serve para lançar novos talentos, não para desenterrá-los." Outro comentário de baixo nível. Se são talentos, são aliás fenómenos mundiais, e não lixo ou mortos vindos do baú.
+ A referência usada a bruxaria e afins foi também infeliz.
Tirando isto, até que está um texto ok.