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[Crónica] ESC 2013: final da Eurovisão - por Miguel Rodrigues


E ainda agora acabou, e já eu queria outra Eurovisão!


E pronto: chegou ao fim mais uma edição do Festival Eurovisão da Canção. E que posso eu dizer? Bem, foi realmente um excelente show. A EBU está mais uma vez de parabéns, tal como a SVT, que fez de tudo para que o Festival funcionasse bem. Já todos sabíamos que um festival organizado na Suécia iria ser cinco estrelas, mas, como nem tudo é um mar de rosas, nesta edição houve também muitos aspetos que é importante criticar (do antes, durante e após festival). 

O antes e o durante vão ao encontro um do outro, já que têm ambos a ver com a decisão de que a SVT e a EBU determinariam os lugares de atuação de cada país, tanto nas semifinais como na Final. Agora pergunto: se todos os anos houve sorteio para decidir em que posição cada país subiria ao palco, qual a razão para neste ano não haver? Achei ridícula esta escolha. 

O após tem que ver com os pontos dados e não dados, e os conhecidíssimos rumores de compra de votos, que, se um dia chegarem a ser provados, deveriam ser razão para “castigar” os países que se inserem nestes esquemas. De resto, foi um Festival a seguir quase sem erros. 

Tenho imensa pena de uma coisa: agora terei de esperar mais um ano para a próxima edição, na qual espero ver Portugal a pisar o palco, com um excelente representante acompanhado de uma fantástica música. 


Sobre o que terminou há uma semana, começo por falar na vencedora. Já toda a gente sabia que era a grande favorita, e não surpreendeu ninguém. Fiquei feliz; é uma música com um bom instrumental e com uma boa letra também. Emmelie foi muito simpática e isso só a ajudou a ganhar mais pontos. A música e atuação estavam muito bem construídas, e vale a pena falar de todos os acessórios usados, de modo a que a atuação ficasse ainda melhor. No fim de contas, foi uma vencedora justa e que ficará marcada como uma das melhores vitórias de sempre. 


Gostei muito de ver Petra (e não Pietra, como a nossa Sílvia a chamava) a apresentar todos os espetáculos, embora sinta que houve muita coisa que não funcionou bem. Acho que faltou mais um apresentador ao lado dela, para que tudo resultasse na perfeição, até porque os diálogos feitos em 2011, por exemplo, dão uma maior simpatia e alegria. Apesar de tudo, Petra foi muito competente, mas mais um ou dois apresentadores não faria mal a ninguém. Isto, para mim, não foi inovar, foi mesmo regredir. 

Pegando no que disse no início, a SVT está realmente de parabéns: este foi um dos melhores festivais alguma vez realizados.

Falando na parte técnica do festival, todos os arranjos das atuações estavam brilhantes, o mesmo para os cenários, que não eram tão maçadores como os de 2011 e 2012, resultaram muito bem. O palco foi o mais pequeno dos últimos quatro anos, e acho que fizeram muito bem: estavam a tornar cada vez mais o festival em algo gigantesco. É certo que ele o é, mas não o devem mostrar através dos palcos mas sim pela organização que está por detrás. 


O palco era apenas giro; acho que neste aspeto faltou um pouco de criatividade, mas, apesar de tudo, resultou bem em quase todas as atuações (na verdade, daquilo de que me lembro, não vejo uma única que não tenha funcionado). Fiquei muito feliz por este palco ser todo à base das luzes e isso já não era visto desde 2008. Os LED’s foram sempre a base dos palcos, mas este ano não, e isso foi realmente uma grande ideia, pois as luzes dão um maior dinamismo nas performances do que os LED’s.

Para mim o grafismo estava bom, ainda que nada de especial nos quadros das votações e no quadro dos qualificados das semifinais. Achei, contudo, muito engraçada a maneira como apresentaram os finalistas, colocando todos os países participantes na semifinal à vista, lado a lado; uma excelente ideia e que devia ser seguida para os próximos festivais. Gostei muito também das bandeiras no início e no fim das apresentações dos países, e especialmente no oráculo dos músicos e letristas. 

Falando ainda dos postcards (vídeo de apresentação), foi uma grande ideia, para nos ajudar a conhecer melhor os artistas e desde logo percebermos mais ou menos como são, ainda que noutro ambiente. 


Em relação às aberturas dos espetáculos, fiquei especialmente estupefacto em relação ao da primeira, pois a mim tocou-me, e bem, as crianças a cantarem daquela maneira tão afinada, e depois com um arranjo muito bonito, “Euphoria”. Foi mesmo uma abertura de arrepiar. Gostei da forma como Petra entrou em palco na primeira gala. O da segunda foi também giro de se ver, pois achei que estava muito bem estudado e estruturado, e com um grande conceito por trás. A abertura da final foi bastante inovadora e muito bonita, gostei imenso. Aí se percebe que a SVT tem uma experiência imensa neste tipo de eventos. Não sei porquê, mas assim que vi esta abertura lembrei-me de imediato dos Jogos Olímpicos. 


Em relação à música propriamente dita, achei as semifinais fracas, comparando com os anos anteriores. Ainda assim, para mim, a primeira semifinal era um pouco mais forte que a segunda. Este foi dos anos em que os finalistas tinham melhores músicas do que os países que se encontravam nas semifinais, e isto é algo que raramente acontece (para os meus gostos, pelo menos).

Os resultados da primeira semifinal não surpreenderam, mas chocaram. E o que chocou foi mesmo não ver um único país da ex-Jugoslávia na final, porque acho que a Sérvia, apesar de não ter uma música brilhante, merecia mais a final do que a Lituânia, que, a nível musical, não acrescentava nada. Achei o top 3 desta eliminatória nada surpreendente e bem aceitável. Até cheguei a pensar que a Rússia tinha acabado em primeiro lugar. Dinamarca e Ucrânia eram duas que sempre achei provável que ficassem no top 3 também. Fiquei realmente surpreendido com o 5º lugar da Bélgica, algo em que não acreditaria se me tivessem contado, mas que, a meu ver, mereceu (apesar de não ser nada simpático com aqueles olhares nervosos para as câmaras). Fiquei triste pela Moldávia, que, pelo meu gosto, foi a melhor da noite; merecia igualmente um top 3. Os quatro países eram bons, mas só podia haver três que ocupassem o pódio. De resto, só me chocou mesmo a Áustria, que ainda achei que tivesse ficado à beira da passagem mas que acabou num mísero 14º lugar; Natália não merecia essa posição. 


No caso da segunda semifinal, que para mim foi a mais fraca dos últimos anos, houve realmente resultados surpreendentes, começando pelo segundo lugar da Grécia, algo que nunca esperaria que ficasse tão bem. O previsível primeiro lugar do Azerbaijão é bem aceitável, visto que se não foi a melhor atuação da noite esteve próximo. O terceiro lugar da Noruega a mim não me agradou; merecia sem dúvida o segundo ou o primeiro lugar. Malta ficou muito bem posicionada, talvez pela música ser muito cacthy, mas também por Gianluca ser muito simpático; foi um resultado realmente inesperado, embora justo. Quanto ao resto, não concordo nem um bocado com os resultados. São Marino merecia passar e ficar à frente de quase todas as músicas. Não sei como o júri deixou este tema ficar pela semifinal. Do televoto já se esperava uma fraca ajuda, mas do júri? A Roménia tinha uma grande atuação, mas uma música de fugir até à casa de banho. Geórgia  Israel e Suíça mereciam também mais e melhor. Estas três são melhores que as músicas da Hungria, Finlândia e Arménia. O que ninguém esperava mesmo era a eliminação de Israel. 


Na final gostava de 20 em 26 músicas, algo que por si só é um indicador negativo. Habitualmente só não costumo gostar de uma ou duas. Ainda assim, foi uma final que valeu a pena por nos apresentar vários géneros e tipos de músicas. Não achei que a ordem de atuação tivesse sido bem escolhida. Houve claramente favorecimentos por parte da SVT e da EBU

A nível de atuações houve melhorias por parte da Geórgia, que foi uma total desafinação na semifinal, e da Noruega, que foi brilhante e das melhores apresentações do Festival. 

Em relação às finalistas tenho de referir que estiveram todas muito bem, mas que houve claramente um elo mais fraco, que foi a Espanha. ESDM portaram-se muito bem em palco, mas Raquel esteve muito fraca vocalmente. Também a Alemanha esteve perto da Espanha, mas não assim tão má. Natalie teve um pequeno problema no primeiro refrão mas depois conseguiu dar a volta. 

Para mim, as melhores da noite foram mesmo as da Itália e da Suécia, que, sendo as minhas primeira e segunda favoritas, respetivamente, deram conta do recado. Entre as duas, achei a Itália superior em termos vocais, já que Robin desafinou um pouco na parte final do tema. No entanto, achei as duas atuações cheias de profissionalismo, bem estudadas e com planos de câmara excelentes - especialmente a de Robin, já que tinha a vantagem de vir do país anfitrião. 


Bonnie Tyler foi surpreendente, apesar de a música ser um pouco monótona. Bonnie e a sua simpatia deram a volta e tornaram a música muito mais agradável. A proposta  francesa agradou-me muito mais do que qualquer outra vez que a tenha ouvido, talvez porque a atuação foi muito bem conseguida e muito profissional. Amandine pareceu-me louca, mas eu gostei disso.

Desde que vi as duas semifinais só me vinham à cabeça três possíveis vencedores: Dinamarca, Azerbaijão e Ucrânia, aqueles que acabaram por ser o top 3. Para mim ganhou a melhor das três. É sem dúvida uma música que se ouve bem e que pode muito bem passar nas rádios. Emmelie tem uma voz muito própria e muito querida, por isso pode vir a ser uma sucesso comercial. Não sei se terá sido uma vitória consensual entre júri e televoto; penso que o júri votou mais no Azerbaijão. 


Resultados um pouco injustos foi o que houve este ano: um top 5 definitivamente bom, mas, ao chegarmos ao sexto lugar, começo a pensar se ele terá sido pela música ou pelo país. Como é que a Grécia ficou nesta posição? Esta música não traz nada de novo à cultura musical e a letra é apenas uma piada. Será que o júri ajudou ao sucesso desta música? Não sei, mas quero acreditar que não! Um 7º lugar para a Itália é mau, já que merecia sem dúvida um top 5. Marco tem uma voz mágica e foi uma das melhores actuações da noite.

Malta a levar para casa um 8º lugar, que a mim me indignou um bocado apesar de gostar da música. O 9º lugar da Holanda achei justo. Fiquei estupefacto com o 10º lugar da Hungria: se já me tinha surpreendido na semifinal depois de passar, ainda me surpreendeu mais na final quando chega ao top10. Moldávia, uma das minhas favoritas, classificou-se num 11º lugar - devia ter sido mais, visto que foi uma interpretação muito bonita. Bélgica e Roménia à frente da Suécia, completamente injusto; “You” foi totalmente desvalorizada. Sempre achei que conseguia ficar do lado esquerdo da votação. Pena que a Eurovisão não perceba o que é música boa. 

Já sabia que Alemanha, França e Espanha ficariam mal, por isso não me surpreenderam. Mas será que foi merecido? Não! E a Irlanda jamais mereceu o último lugar! A música não é nada de especial, eu sei, mas teve uma boa atuação e Ryan esteve muito bem. 

Foi realmente um grande Festival. Tenho pena de que ainda falte um ano para a próxima edição, mas agora é esperar que a RTP diga sim e que tenhamos uma música e um cantor excelentes. Vou fazer figas para que isso aconteça. 

Indtil nu, Danmark!
(Até já, Dinamarca)

Imagens: Eurovision.tv, Google/Vídeos: Youtube
24/05/2013
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  1. A abertura da primeira semi final não é ao vivo, aquilo é uma música que até já foi lançada, e a mesma abertura já foi realizada na final do melodifestivalen, que fãs são estes que não sabem nada

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    1. Caro Anónimo, eu sei que essa apresentação foi feita no Melodifestivalen, mas fiquei impressionado e tocou-me. Se foi feita em playback ou não, não sei. E foi feita ao vivo, a partir do momento em que a Loreen e as crianças se encontravam no palco.

      Obrigado pela preferência, Cronista Miguel Rodrigues

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    2. O anónimo é que não percebe puto! Aquilo foi ao vivo e nada no ESC foi em playback. Não se apercebeu dos problemas de som com este ato de abertura!? Tudo foi ao vivo e sem playbacks.
      Já o cronista fica-lhe mal dizer que não sabe. Afinal é cronista de que acontecimento(?), se diz que não sabe. Ao menos informava-se antes em vez de responder um seco não sei.

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  2. Boa crónica!
    Realço dois aspetos que escreveu muito acertivamente:
    + um apresentador é regredir;
    + houve favorecimento na escolha de lugar de atuação claramente.
    Concordo plenamente com a sua opinião sobre os atos de abertura.
    Um ponto que não estou completamente de acordo: Robin não desafinou, mas sim estava muito nervoso o que fez com por um momento falha-se um verso (esse momento está no recap), e depois foi como se a sua voz fica-se com medo, não mostrando garra vocal exigida pela melodia. Mas não desafinou.

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