Foi realizado no passado sábado, dia 10 de Março, o Festival RTP da Canção 2012. Este ano a RTP quis inovar a imagem de marca do certame, louvando assim o prestigiado Fado, que foi considerado Património Imaterial da Humanidade em 2011.
Antes de mencionar as músicas a concurso, tenho de pôr em ênfase o facto da RTP, este ano, ter feito a “coisa certa”. Então não é que tivemos um espectáculo de televisão, que privilegiou a música, os artistas, os poetas de Portugal, a cidade de Lisboa e, principalmente, o Fado? A RTP proporcionou ao telespectador 4 acts: a homenagem ao Maestro Pedro Osório, que faleceu recentemente e foi um dos grandes nomes (de sempre) do Festival RTP da Canção; a evolução da música, com grandes passagens por Mozart e Beethoven; a evolução do suporte musical, protagonizada pela fabulosa Yolanda Soares (não me importava nada que ela fosse a nossa representante); e, por fim, o medley do Festival, proporcionado pelo grupo VoiceMail, que cantou a capella. É sempre bom investir em novas performances, em novos produtos para o telespectador (já irritavam aquelas homenagens baratas aos artistas que ganharam o Festival, um bocadinho de imaginação não faz mal a ninguém).
Além disso os apresentadores tiveram fantásticos, muito íntimos, e percebeu-se o quanto “eles” estavam felizes por trabalharem juntos. E não foram só eles, eu também fiquei realmente feliz. Aquela dupla é bem-humorada, é profissional e sabe estar em palco, é de ouro!
Tivemos doze grandes cantores em palco, doze grandes compositores e toda uma equipa excelente! Se me perguntarem se o Festival da Canção não foi diversificado em estilos musicais, eu direi que não; houve um privilégio de todas as canções à guitarra portuguesa e poucas de pop, rock ou outro estilo. Mas já se tinha percebido a intenção da RTP: querer louvar o que melhor se faz em Portugal.
Poucas músicas tinham o potencial eurovisivo, aliás só considero “Vida Minha” e “Gratia Plena” como músicas a “irem” lá para “fora”. A expectativa foi demasiada elevada para artistas tão conhecidos como Carlos Costa e Rui Andrade (mas, de certa forma, a melhor música ganhou, tanto no júri distrital como no televoto). Fiquei a pensar que o público ainda sabe escolher o seu representante, depois dos votos maciços que deram, o ano passado, aos Homens da Luta.
Das melhores performances tenho a salientar a grande presença de palco e grande voz de Ricardo Soler (tinha a segunda melhor música a concurso), a irreverência da Joana Leite (que teve vários problemas de afinação), a simpatia dos Cúmplices que trouxeram ao Festival um novo “cheirinho” (“Será o que será” não era uma música para ir a Baku, mas que tinha uma das melhores composições da noite lá isso tinha) e o glamour da Vânia Osório.
Das piores da noite tenho a sublinhar o Gerson Santos (músicas patriotas nunca resultam no Festival Eurovisão da Canção. Não se lembram de “I Love Belarus?”), o Tó Martins da Silva (que levou uma música anos 80) e, por fim, o Carlos Costa (que, apesar de ter tido uma grande presença em palco, a música era mesmo saída de uma final da Malta. E isto não é um elogio).
O talentoso Rui Andrade levou uma música que deixou muito a desejar, o que lhe valeu foi a força que deu ao tema (aliás “ele” é conhecido por dar isso mesmo às suas interpretações); o jovem Pedro Macedo que nos mostrou uma canção diferente e muito louvável para um Festival que privilegiou a música étnica; o Arménio Pimenta levou um dos melhores refrões ao Festival e é de felicitar a atitude que teve em palco; e, por fim, Pamela Salvado, que tinha uma das melhores baladas e instrumentais da noite.
“Vida Minha” foi, com toda a certeza, a melhor da noite, a melhor canção para arrepiar a Europa em maio, a música mais forte! Apesar de ser menos marcante do que “Senhora do Mar”, têm um instrumental mais português, mais fado, mais do que é nosso. Apesar de gostar imenso das músicas pop que reinam na Eurovisão, fico feliz pelo meu país continuar a apostar no que é nosso, nas nossas tradições. Um Festival Eurovisão da Canção serve mesmo para isso: mostrar à Europa a qualidade e a diversidade musical.
Imagens: Obtidas mediante pesquisa no Google Imagens
Vídeos: Alojados no Youtube
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13/03/2012
Redigido por: Diogo Canudo
Será que vimos o mesmo programa?
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