O Festival Eurovisão da Canção 1990 foi o 35º Eurofestival da
história. Aconteceu em Zagreb, na ex-Jugoslávia, e que actualmente é a capital
da Croácia. Os apresentadores do evento foram Helga Vlahović e Oliver Mlakar, e o local escolhido foi o Vatroslav Lisinski Hall. Nesta edição participaram os
mesmos 22 países que no ano anterior.
Uma proposta inteligente, inovadora e que junta uma boa voz
com uma música moderna (o pop dos anos 90). A escolhida para nos representar em
Zagreb foi a cantora Nucha com o seu tema “Há sempre alguém”. A letra é de
Francisco Pereira e Frederico Pereira, e a música é fruto do trabalho conjunto
entre Luís Filipe e Jan van Dijck. Pessoalmente esta não é daquelas músicas que
me chame muito à atenção, mas não deixa de ser um tema bem produzido e
interpretado brilhantemente. Mas há qualquer coisa na música, e apesar de já a
ter ouvido muitas vezes, que ainda me continua a soar mal. Acho que gosto mais
dos temas da Nucha actualmente, do que aqueles que ela cantou quando era mais
nova. Por isso é que, para mim, neste momento, está a ser tão difícil escrever
esta crónica, pois o tema não me diz muito e acreditem que é muito mais
complicado escrever sobre um tema que não se gosta, do que seria se o amássemos
completamente. Mas vou tentar ser justo e imparcial! A cantora esteve bem
vocalmente, mas acho que se movimentou demasiado em palco. Além disso, conseguiu interagir
bem com as câmaras, o que não deixa de ser estranho: conseguiu movimentar-se
completamente à vontade em palco, sem perder a noção de que tinha que
transmitir uma ideia para os telespectadores. O refrão também o acho um pouco
repetitivo, porém parece que as pessoas não perceberam a mensagem da
letra. Como resultado final obtivemos o penúltimo lugar com 9
pontos que nos foram atribuídos.
O vencedor na noite foi a Itália que conseguiu a sua segunda
vitória na Eurovisão (a primeira tinha sido em 1964 – no nosso ano de estreia).
Desta vez, o troféu foi ganho por Toto Cutugno que cantou o tema “Insieme:1992”
e obteve 149 pontos. Apesar de várias letras a concurso celebrarem a mudança
nos países do leste europeu (com especial atenção para a queda do Muro de
Berlim), a da canção italiana apelava à unidade europeia e acabou por
ser ela a sair vitoriosa. Até mesmo pelos títulos das canções dá para perceber
essa ideia. Ora vejamos: Áustria - “Muros nunca mais”; Alemanha – “Livres de
viver”; Suécia – “Como um vento”; Israel – “Cantando nas ruas”. Até mesmo a
letra da nossa canção dá a ideia de festejar essas mudanças, pois através da
análise da mesma, é possível verificar a ideia de “sonhos” e “momentos
perdidos”. Onde essa reflexão é mais visível é no verso em que se diz “As vozes
do vento e as ondas do mar fizeram este novo dia”, contribuindo para a causa
de uma luta da qual se saiu vencedora.
Houve ainda uma falha técnica durante a actuação das Azúcar
Moreno, representantes espanholas, que se retiraram do palco como forma de
protesto, tendo recomeçado a sua actuação posteriormente e obtendo um magnifico
5º lugar. A Noruega e a Finlândia disputaram ambos pelo último lugar, acabando
por empatar com 8 pontos (por pouco que também não nos juntávamos a eles!). A Islândia
que, até à data, tinha obtido resultados fracos, conseguiu um estrondoso 4º
lugar.
Ainda neste Festival foi criada regra que impede os cantores
com idade inferior a 16 anos se apresentarem em palco, no dia do espectáculo (o que não
impede de serem escolhidos com 15 anos). Isto tudo graças à polémica que
envolvia dois cantores, do ano anterior, que tinham 11 e 12 anos.
Queria ainda manifestar o meu agrado e satisfação para com a
vitória de Nucha no OGAE Song Contest em 1992, com o tema “Se o dia nascesse”.
Por último, quero expressar a minha opinião de que, os maus resultados
de Portugal não se devem exclusivamente aos temas que enviamos, mas também ao
facto de o nome “Portugal” já estar de certa forma tão enraizado nas mentes dos
europeus, que pensam que no nosso país não existe qualidade musical. Existe e é
bastante boa, apenas não existe é quem a queira aproveitar da melhor forma.
Crónica redigida por Armando Sousa, 20/09/2011
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