Neste ano a Eurovisão realizou-se a 5 de Maio de 1984, no
Luxemburgo. Esta foi também uma data bastante tardia para se realizar o Festival.
A julgar pelos anos anteriores, seria de supor que fosse realizado em Abril (a última
vez que o evento tinha ocorrido em Maio foi em 1977). Mas, esquecendo as datas
tardias e esses pormenores, o que importa é que, mais uma vez, se realizou a
maior festa da música a nível europeu. Participaram 19 países, havendo duas retiradas
(Grécia e Israel) e uma reentrada (Irlanda).
Portugal, pura e simplesmente, decidiu repetir a fórmula do
ano anterior (com pequenas excepções, é claro.) Mas de um modo geral, tudo foi
igual ao ano anterior: uma balada constituída unicamente por piano e voz, com o
intérprete a ser o responsável pela letra/arranjo da canção e também sem
grandes elementos em palco. A única coisa nova foi o facto de, desta vez, haver
meninas no coro, que até deram um ar da sua graça. Outra das diferenças,
relativamente à nossa participação, deste ano com a anterior (e que à primeira
vista em tudo se assemelham), consiste no facto de esta balada ser muito mais
poderosa do que a que Armando Gama levou ao palco. A letra é muito mais bonita
e rica, e até a própria melodia é mais agradável. Maria Guinot fez
arrepiar quem estava presente, com a sua bela voz. Esta música enche o
coração de quem a ouve com uma mensagem de esperança, lembrando-nos que nem
tudo está perdido. A prestação em palco foi muito boa e sem nenhum defeito que
se possa apontar. Na crónica anterior, quando me referi ao facto de podermos
levar uma balada de piano e voz mas com classe e sem ser monótona, referia-me precisamente
a esta música. Uma actuação limpa, sem falhas e que causou uma boa impressão
inicial (essencial para cativar o público e o júri).
O facto de Portugal ter repetido uma mesma fórmula dois anos
consecutivos, tanto poderia ter sido um ponto a favor (tendo em conta a
classificação anterior), como poderia ter sido um completo fracasso. Já muito
boas músicas ficaram pelo caminho, simplesmente por serem um pouco idênticas com
outras que também participaram no Festival. Mas na verdade o que aconteceu foi
que esta música teve ainda mais impacto no Festival do que a balada que nos representou
em 83. Portugal obteve um invejável 11º lugar com 38 pontos, ficando assim
muito perto de alcançar o top 10 desse ano. O Luxemburgo foi quem ocupou o 10º
lugar com apenas 39 pontos. Se tivéssemos alcançado mais dois pontinhos,
teríamos pertencido ao grupo dos 10 magníficos. A Suécia é que voltou às vitórias
(dez anos depois de alcançarem a 1ª com os ABBA), mas desta vez com o grupo Herreys e o tema “Diggi-Loo, Diggi-Ley”, com um total de 145 pontos. A Irlanda teve que se contentar com o 2º lugar e a
Áustria com a última posição, apenas 5 pontos.
Crónica redigida por Armando Sousa, 31/08/2011
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