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Na Luta Contra o Preconceito - Eurovisão e a comunidade LGBTI

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EUROVISÃO E A COMUNIDADE LGBTI

A Eurovisão deixou de ser, há muito tempo, um evento puramente musical. Em jogo estão agora, entre outras, questões políticas, sociais e económicas. Como seria de esperar, e subjacentes a estas questões, estão muitos preconceitos e, consequentemente, atos discriminatórios. Estes atos prejudicam o evento, não só por impedirem a “construção de pontes” entre eurofãs, mas também por cercarem a Eurovisão de medo e opressão. Hoje vamos falar de dois tipos específicos de discriminação: homofobia e transfobia. Quando referimos estes termos, decerto que muitos exemplos surgem nas nossas mentes, mas comecemos pelo início, até porque não é segredo a forte ligação da comunidade homossexual à Eurovisão. Esta já organiza festas para assistir à Eurovisão há anos, tendo os primeiros clubes de eurofãs com estreitos laços LGBTI surgido na década de 1980… E esta tendência só tendeu a aumentar nas décadas posteriores. 

Embora exista uma vasta comunidade LGBTI que segue o evento, este também conta com histórias onde esta comunidade sofreu de atos discriminatórios, tendo sido prejudicada e duramente criticada. Dana e Conchita são nomes que exemplificam bastante bem o sucesso manchado pelo ódio, onde a liberdade conseguiu triunfar mesmo perante pressões políticas. No entanto, até estas Divas terem ascendido ao palco eurovisivo, muita história já havia corrido e, por isso, comecemos a percorrer a história eurovisiva.

Em 1997, o cantor pop islandês Paul Oscar tornou-se no primeiro participante eurovisivo assumidamente homossexual. Paul interpretou o tema "Minn hinsti dans" ("A minha última dança"), numa atuação bastante ousada, à qual nem um sofá faltou. O arrojo não foi bem recebido, tendo o comentador da BBC, Terry Wogan, intitulado a participação islandesa como "o momento pelo qual as aberrações de PVC têm estado à espera desde que a noite começou", numa sátira à indumentária utilizada durante a atuação. Qual foi o resultado? Aparentemente os jurados não gostaram, e a Islândia terminou no 20º lugar, entre 25 participantes. Terá a homossexualidade de Paul condicionado este resultado? Segundo muitos eurofãs esta atuação estava 10 anos à frente do seu tempo, pelo seu arrojo. Curiosamente (ou não!), palavras como “peculiar”, “arrojado” e “ousado” costumam estar muito associadas a atuações LGBTI eurovisivas, sinal de que ainda temos uma cultura bastante convencional enraizada. 


Nem só de maus resultados se fazem as participações LGBTI na Eurovisão. Uma das mais reconhecidas mulheres transsexuais a nível global, Dana International, venceu o Festival Eurovisão da Canção em 1998 com o tema “Diva”. Mas nem tudo foram rosas, bem pelo contrário! Quando, após muita persistência, Dana foi selecionada para representar Israel, surgiram muitas manifestações de desagrado por parte de judeus ortodoxos, que chegaram a realizar manifestações contra a participação de Dana e a enviar-lhe mensagens de ódio (incluindo ameaças de morte). As mensagens perpetuaram-se, e mesmo após a vitória, Dana continuou a sofrer “na pele” as consequências de se ser “diferente”, chegando a recorrer a serviços de segurança para se proteger. Dana sabe, e muito bem, o que é ter uma parte do seu próprio país que a rejeita, mesmo após ter conquistado um troféu em representação da sua nação. Aparentemente, e para algumas pessoas, o ódio consegue “falar mais alto” do que o patriotismo. 


Quem conhece, e muito bem, o que é estar na “pele” de Dana é Conchita Wurst. Quem não se lembra dos comentários negativos, vindos de políticos de Leste, à participação de Conchita? Pois bem, nem este cenário, repleto de cruéis ataques verbais, vindos de vários países da Europa de Leste, impediu a vitória austríaca, que recebeu pontuação máxima de 13 países, incluindo Rússia, Albânia e Azerbaijão. Irónico, não? Nem mesmo Portugal escapou a esta febre de preconceito. A Eurovisão passou a ser notícia, não por conta da notável capacidade vocal de Conchita, mas pelo facto de uma artista drag ter vencido um concurso musical. A barba ganhou mais destaque do que a música, e assistimos a uma avalanche de comentários “pseudohumorísticos”, que fomentaram a homo e transfobia. 


Falando ainda de vitórias, não podíamos esquecer a participação da sérvia Marija Serifovic em 2007, mesmo que interpretada no “armário”. A atuação foi bastante comentada, não só pela qualidade do tema, mas também pela aparência da intérprete, com bastantes insinuações referentes ao género da mesma. Marija assumiu-se como lésbica num documentário em 2013 e, desde então, permanece envolvida na política, pedindo frequentemente uma atitude mais tolerante para com a comunidade LGBTI da Sérvia – ainda terá uma dura luta pela frente!


Segundo as normas, é proibido, na Eurovisão, que os participantes façam qualquer tipo de declaração política durante as suas atuações. No entanto, alguns artistas têm desafiado esta proibição, como foi o caso da cantora finlandesa Krista Siegfrids, que marcou a interpretação da sua música "Marry Me" em 2013 com beijos lésbicos, deixando em pulveroso os debates políticos europeus sobre o casamento homossexual. Quem seguiu o exemplo da finlandesa Krista foi a Lituânia em 2015, com beijos lésbicos e gays entre os seus backing vocals – haja diversidade. Existiram protestos, afirmando que a Eurovisão é um programa familiar, tendo Viena respondido com mais beijos homossexuais, alguns deles até protagonizados pelos espectadores – até porque os homossexuais também têm famílias, e beijos ainda não constituem crime.


Desengane-se quem considera Krista uma pioneira nas questões dos beijos homossexuais! Não podemos deixar de atribuir o mérito aos Ping-Pong (Israel, 2000), com o polémico beijo entre dois dos seus integrantes masculinos. Beijo gay, apelo à paz, bandeiras à mistura, e os Ping-Pong foram abandonados à sua mercê, tendo custeado a sua própria participação eurovisiva. Mais uma vez, Israel voltou costas aos seus representantes, por conta do ódio e da guerra (que acabam por se sinónimos, não?).


Embora não tenha resultado num beijo lésbico, a atuação das t.A.T.u foi das que mais gerou polémica, uma vez que a dupla costumava preencher as suas atuações com miniespectáculos pseudoeróticos. A dupla tanto foi advertida, que acabou por apresentar uma atuação contida, tendo surgido em palco de mãos dadas, que devia ser o máximo de intimidade permitida... Lembram-se daquele longo beijo em 1957? Isso era só para heteros! Mesmo com toda a polémica gerada, não só pelo suposto (forjado!) lesbianismo, mas também pela rudez das cantoras, estas saíram com um honroso terceiro lugar. 


Existem mais participações que merecem ser referidas, não só pela ousadia, mas pela discussão que espoletaram. O trio Sestre representou a Eslovénia na Eurovisão em 2002, tendo os seus integrantes atuado vestidos como comissárias de bordo. Esta participação não gerou muito consenso, tendo suscitado uma onda de protestos anti-gay na Eslovénia, com manifestações nas ruas de Ljubljana. Os protestos chegaram ao Parlamento esloveno e à própria União Europeia, não tendo, no entanto, surtido grande efeito. Outra interpretação extravagante coube a DQ em representação da Dinamarca em 2007. Aparecer em palco com um vestido rosa berrante e penas não é para todos, e embora não tenha alcançado a final, o tema tornou-se num hit junto da comunidade gay. Muitos apontam este mau resultado ao facto de DQ ter enfrentado uma concorrente direta, Verka Serduchka da Ucrânia, que tinha uma atuação mais extravagante e memorável. 


Mesmo com todos os incidentes descritos anteriormente, a Eurovisão procura ser cada vez mais um espaço de aceitação (que o digam os semáforos de Viena), no entanto, não nos devemos esquecer dos protestos anti-gay, dos cantores que têm de esconder a sua orientação sexual, e dos comentários preconceituosos que frequentemente se encontram nas redes sociais ou que são referidos por políticos. Estes maus exemplos fizeram da Eurovisão um evento mais maduro, que procura aprender o valor da tolerância, e proporciona um espaço livre, onde os seus fãs podem expressar a sua individualidade sem receios. Quando ligamos a TV para assistir à Eurovisão, e temos planos de câmara com casais homossexuais a trocar afetos, percebemos que a Eurovisão deixou, efetivamente, de ser um simples concurso musical, e passou a desempenhar um papel preponderante na sociedade. Como eurofãs podemo-nos sentir livres e orgulhosos por pertencermos a uma comunidade que ultrapassa preconceitos e onde artistas trans vencem pressões políticas… Um evento onde a música tem notas de liberdade. “We are unstoppable”!

Nós somos contra a discriminação, e tu?:



Vídeos: Eurodictionary, cafusia, Eurovision.tv, escbelgium4, EurovisionFanTV, webuvision
29/11/2015

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FBI Eurovisão - Sexto texto: uma vitória perigosa (1998)

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Atenção! Chamem a FBI Eurovisão, ou calem-se para sempre! Neste artigo irão ser apresentados casos e conspirações, que, apesar dos anos, nunca foram concluídos. Muitos deles nem investigados! Será a Eurovisão um concurso musical exímio e um evento que promove as diferenças? 

Muitos consideram que o ano fulcral de mudança eurovisiva foi em 1998. Além de a orquestra não ter sido incluída no concurso pela primeira vez, a vitória da transsexual Dana Internacional espalhou-se pelos media europeus como um fenómeno. Para muitos, era uma mensagem de força às minorias, para outros o símbolo de modernismo – o que é certo é que “Diva”, além de ser uma música ícone no mundo eurovisivo, foi um sucesso além-fronteiras – ficando em muitos top10 pela Europa fora. 

No entanto, nem todos receberam a música da mesma forma. A escolha de Dana International gerou controvérsia entre os grupos conservadores – até foi preciso segurança policial para a cantora pisar a sede eurovisiva.


É difícil idealizar este cenário após termos presenciado o fenómeno Conchita… Mas este ícone austríaco “colheu os frutos” do trabalho desenvolvido por Dana, que conquistou Birmingham com o tema "Diva". Esta vitória ocorreu mesmo quando judeus ortodoxos e outros grupos conservadores se opuseram fortemente à sua seleção, tentando, inclusivamente, anular a sua participação no concurso. Para imaginarmos a dimensão desta forte oposição, estes grupos chegaram a realizar manifestações públicas e a enviar ameaças de morte à cantora. 

Desengane-se quem considera que estas ameaças pararam com a vitória de Dana… Consta que a cantora continuou bem protegida com a sua equipa de guarda-costas, mesmo quando foi entregar o prémio eurovisivo a Charlotte Perrelli da Suécia em 1999. Aparentemente atrapalhada com o peso do troféu, Dana tropeçou e caiu, tendo sido imediatamente coberta por guarda-costas. Entretanto, Charlotte, já se avizinhando o que iria acontecer em 2008, saiu do palco de mãos vazias.

Os medias adoraram Dana! Emissoras como CNN, BBC, Sky News e a MTV concentraram-se no percurso na cantora antes da Eurovisão e num país como Israel. No entanto, Dana International não teve medo de enfrentar as reações e prolongar as críticas à religião, afirmando que a sua vitória trata-se de uma mensagem de reconciliação: “A minha vitória prova que Deus está do meu lado, e eu quero enviar aos meus críticos uma mensagem de perdão e dizer-lhes para eles tentarem aceitar-me e ao meu estilo de vida. Eu sou o que sou, e isso não invalida que não acredite em Deus. Eu faço parte da nação judaica.”

Dezasseis anos depois, o discurso de Dana, apesar de ser diferente, continua a apelar ao fim de qualquer tipo de perseguição e discriminada às minorias. Entrevistada em 2014, aquando a Parada Gay de Amesterdão, Dana declarou não ser de nenhuma religião e, acima de tudo, é israelita. “É hora de acabar com a perseguição sobre motivos religiosos ou nacionais. É essa a minha mensagem.”

Voltando à parte preocupante da história, e se efetivamente se tivesse consumado algum atentado a Dana? E se as entidades israelitas tivessem cedido à pressão e retirado a cantora do concurso? Terá a EBU exercido alguma influência nesta escolha, ou na sua manutenção? Será que o evento se preparou de forma a salvaguardar, não só a segurança de Dana, mas também de todos os presentes no concurso? O facto de ter sido realizado no Reino Unido terá potenciado esta presença mais “arrojada”? São tantas as questões e tão poucos os detalhes conhecidos.


Sabemos que a Eurovisão é um evento de grande escala, pelo que zela pela segurança, mas não nos podemos esquecer que em pleno ano de 2010 um indivíduo invadiu o palco eurovisivo na atuação espanhola – que mesmo tendo atuado duas vezes não convenceu a audiência. Que ou quem terá impedido uma possível invasão com vista a prejudicar Dana? Acreditamos que o bom senso, aliado a uma forte preparação do evento, contribuíram para uma noite bem passada em 1998, mas é sempre interessante (mesmo que pela negativa) constatar como a Eurovisão consegue funcionar como fator desencadeador de ódios, quando pretende “construir pontes” entre culturas. 

Em relação a Dana Internacional, esta pouco se importou com as críticas e goza confortável de grande sucesso no seu país nativo. Além de ser uma referência musical de Israel, é uma das maiores Divas eurovisivas, e mostrou ao mundo que todas as diferenças devem ser respeitadas. Porque na Eurovisão… a discriminação não entra!

Não perca, na próxima semana, um novo mistério eurovisivo...

28/10/2015
Imagem: eurovision.tv/Vídeo: romania3

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Da Eurovisão aos Palcos - 03/08 a 09/08/2015

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Estas são as novidades, que foram divulgadas ao longo da última semana, dos anúncios ou das últimas apresentações musicais de artistas eurovisivos.


Guy Sebastian, representante australiano no Festival Eurovisão da Canção 2015, tem uma tour marcada para os meses de Agosto e Setembro, na qual vai visitar alguns países europeus.

Confira a lista de concertos:

27/08 : Parkteatret Scene, Oslo, Noruega
28/08 : Fryshuset, Estocolmo, Suécia
30/08 : Stodola, Warsaw, Polónia
01/09: Gloria-Theater, Colónia, Alemanha
02/09: Alte Seilerei, Mannheim, Alemanha
03/09: Lido, Berlim, Alemanha
05/09: Knust, Hamburgo, Alemanha
06/09: Melkweg The Max (Small Hall), Amesterdão, Holanda



Nadav Guedj, representante de Israel no Festival Eurovisão da Canção 2015, esteve presente no WONK Stockholm Pride, Estocolmo, na Suécia. A festa foi escolhida como um dos eventos do ano em Estocolmo. 



Edurne, a representante espanhola no Festival Eurovisão da Canção 2015, vai fazer parte do painel de jurados no programa Spain's Got Talent. A cantora vai lançar também o seu primeiro livro, chamado "El cóctel de la felicidad". O livro foi caracterizado como um romance de auto-ajuda ou autobiográfico. O livro estará à venda a partir do dia 20 de Outubro.



Realizou-se em Berlim a 14.ª edição dos European Maccabi Games, um evento multi-desportivo destinado à comunidade judaica. Gali Atari (1979), Dana International (1998/2011) e Nadav Guedj (2015) fizeram parte da cerimónia de abertura, onde cantaram os temas com que representaram Israel. Foram 37 os países que participaram no evento, contudo Portugal não foi um deles.



Ruth Lorenzo, representante espanhola no Festival Eurovisão da Canção 2014, anunciou uma nova tour europeia. A mesma começará no dia 30 de Outubro em Zaragoza e terminará em Murcia no dia 23 de Dezembro. Os concertos mais importantes serão em Barcelona no dia 12 de Dezembro e em Madrid no dia 13 de Dezembro. A tour chama-se "Blue Planet (Gira Planeta Azul)".

Fonte/Imagem: ESCToday, ESCPortugal, Oikotimes
089/08/2015

ESC: estivemos nos 60 anos da Eurovisão

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Eurovision's Greatest Hits, que serviu de celebração aos 60 anos do Festival Eurovisão da Canção, decorreu no passado dia 31 de março em Londres e o Crónicas de Eurofestivais esteve lá!

Ao todo foram 15 os artistas eurovisivos que atuaram no evento, desde Anne-Marie David (representante do Luxemburgo em 1973) a Conchita Wurst (vencedora do ano passado), passando por nomes como Dima Bilan, Johnny Logan, Brotherhood of Man, Lordi ou Dana International.

Veja as fotos [AQUI]!










Em Portugal teremos de esperar até ao dia 26 de abril (domingo) para ver o espetáculo através da RTP1, que é uma das emissoras que irá transmitir o Eurovision's Greatest Hits em diferido. 

Fotos captadas por: 
04/04/2015

ESC 60 anos: mais nomes confirmados

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British Broadcasting Corporation (BBC), emissora britânica, revelou os nomes de mais quatro cantores que vão participar na festa do 60º aniversário do Festival Eurovisão da Canção (ESC).

Loreen (vencedora do ESC2012), irá cantar a música com que venceu o certame, "Euphoria". O mesmo para os Brotherhood of Man (vencedores do ESC1976), que irão cantar a música "Save Your Kisses". Dima Bilan (ESC2006, vencedor do ESC2008) vai subir ao palco com um medley das duas músicas com que representou a Rússica, "Never Let You Go" e "Believe". Dana International (vencedora ESC1998, ESC2011) vai cantar a música "Diva", com a qual ganhou o concurso.

Estes quatro nomes juntam-se aos de Conchita Wurst, Herreys, Natasha St-Pier, Emmelie DeForest, Lordi, Nicole, Johnny Logan, Rosa López, Anne-Marie David e The Olsen Brothers, que já confirmaram a presença na festa.

Relembre a vitória de Dana International:


Fonte/Imagem: ESCToday/Vídeo: Eurovision
06/02/2015

Eurofestival em Histórias - Quinto Texto

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   Podíamos aqui relevar a vitória de Dana International pelo facto de esta ser a primeira transsexual a participar e chegar ao primeiro lugar do concurso. Podíamos relevar também o facto de a artista ser a primeira transsexual a participar e vencer o concurso por um país que tanta controvérsia gera em torno destas questões, como é o caso de Israel. Mas isto todos nós já sabemos. E a verdade, é que não é (só) por isso que a vitória de Dana é significativa na Eurovisão.
   Não podemos, indubitavelmente, deixar de apontar que foi muito por estes pontos que a Eurovisão se tornou um festival de todos – sem excepção. Aliás, pensamos mesmo que a vitória de Conchita Wurst, um homem que se apresenta em palco como uma mulher com barba, terá sido vista com muito menos estranheza  - pelo menos aos olhos dos fãs eurovisivos - devido, precisamente, ao facto de este festival não ser discriminatório. Devido ao facto de quem apoia e vê e vota, não ver isso como um ponto negativo.
   Analisando os factos, o que faz com que esta terceira – e a última vitória israelita, até hoje – se destaque, é a vitória  da primeira música Pop que inaugura, verdadeiramente, este estilo no festival.
   Se virmos bem, até “Diva” vencer, a Eurovisão estava povoada de baladas – uma cortesia irlandesa que provou ser a fórmula vencedora até este mesmo ano. A partir de 1998, vimos multiplicarem-se as canções mais ritmadas, que acabaram por vencer todos os anos, até ao Hard Rock finlandês de 2006. 
A partir deste ano, continuamos a ver baladas, Pop e até música electrónica como fórmula vencedora na Eurovisão. Este ano, curiosamente, ganhou a travesti Conchita. E ganhou com classe – como Dana.
   Como é costume todos os anos, o campeão da edição anterior do Festival Eurovisão da Canção tem por hábito entregar o troféu ao intérprete que saiu vitorioso no ano seguinte.
   Em 1999, a Suécia sagrou-se vencedora pela quarta vez com a música schlagger “Take me to your heaven” de Charlotte Nielsen (Perelli, na altura). 
   Para apresentar o prémio a Perelli, Dana International levava um vestido à sua medida: um pérola glomoroso, e com uma parte de baixo bastante bojuda. Sem reparar que lhe estavam a pisar essa cauda do vestido, Dana International – que há segundos brincava com o facto de o prémio ser bastante pesado – cai, protagonizando uma das quedas mais hilariantes para os fãs eurovisivos.
   Com a sua boa disposição, a artista não ficou mal-humorada: enquanto se levantava com a ajuda de alguns elementos da delegação sueca riu a bom rir!
   E o que é que temos a retirar desta história? Que Dana caiu mas que se levantou rapidamente, como todos os corajosos fazem. Afinal, não nos podemos esquecer: ela é uma Diva! 



   De 1956 a 1998, as músicas a concurso eram interpretadas tendo uma orquestra como pano de fundo. De facto, os próprios condutores das orquestras eram maestros renomeados nos seus países e fora de portas e a referência ao nome do mesmo era sempre feita no início da apresentação da música. 

   Contudo, para tristeza de muitos dos fãs, em 1999 a orquestra foi eliminada pela própria estrutura que coordena o Festival. As razões para essa eliminação estão bem patentes no site do mesmo, onde se elencam várias razões para que esta tenha desaparecido. 
   A meu ver, todas as razões que o site nos dá se complementam para nos apresentar a triste realidade: já não se justifica uma Orquestra na Eurovisão. Com os anos 90 surgiram as músicas Pop na Eurovisão (momento 21) e a verdade é que, como nos dizem, a Orquestra não consegue produzir certos sons/efeitos que estas canções pedem. E para além disso envolve muito mais custos pagar a maestros de renome (que, se bem se lembram, vinham de cada país para o festival, atenção) e a músicos que teriam de tocar várias vezes durante os três ensaios dos dias que antecedem e precedem os TRÊS espectáculos eurovisivos (mais actuação do júri). É precisamente pelas mesmas razões que, na maioria dos programas do daytime, os artistas cantem em playback e não ao vivo.
   Claro que ter uma orquestra a acompanhar as canções dá outro ar ao festival, por assim dizer; pode, à primeira vista, fazê-lo mais elegante e parecer mais legítimo do ponto de vista musical, mas a verdade é que, em termos práticos e em pleno século XXI num programa de televisão – porque, não nos esqueçamos, é isso que, primeiro que tudo, a Eurovisão é – não resulta.
   O ano de 1999 foi um ano de mudanças cruciais no ESC: para além da Orquestra deixar de ser utilizada, também a regra da restrição da língua à qual uma nação está sujeita também terminou. 
Esta é uma regra que se foi alterando ao longo dos anos e que, ainda hoje causa alguma controvérsia.    Será mais vantajoso cantar nas línguas nativas? E que implicações fazê-lo (ou não) traz para os países e para o próprio concurso?
   A primeira vantagem em qualquer país poder cantar na sua língua será, logo à partida, a liberdade de pensamento. O letrista da música que prepara a composição para o ESC poderá escrevê-la na língua que optar, visto que a Eurovisão não impõe que se cante numa determinada língua (Portugal é uma excepção). A segunda, é o facto de podermos levar uma canção ao ESC em que a maioria das pessoas entenda o que se está a cantar. Dessa forma, a própria canção poderá ter mais hipóteses de ser votada do que as que têm uma letra que não é familiar ao espectador.
Mas também existem claras desvantagens; aliás, este último argumento faz parte dos “prós” e “contras”: o que faz a Eurovisão ser um espectáculo tão especial é, precisamente, a miscelânea de culturas. 
   Ora, a língua é o porta-estandarte de uma nação. Se esta não estiver presente na música, poderemos não reconhecer o país que está a actuar... o que quero dizer é que sem a língua, pode-se perder a identidade de uma nação. E essa é, sem dúvida, uma grande desvantagem de que, não a tendo como língua oficial, canta em inglês.
   Aliás, na Eurovisão a maioria das músicas são cantadas em inglês precisamente por esta razão. Se resulta? Fazendo contas, desde 2000 que só uma música na língua originária do país ganhou. Logo somos forçados a afirmar que sim. Mas será este o melhor caminho a seguir no Festival? Na minha humilde opinião, claramente não.



    A viragem do século trouxe a novidade da Globalização: materializou-se a ideia aliciante de que todos podemos estar ligados através de pequenas caixas interactivas e isso reflectiu-se também, obviamente, no Festival Eurovisão da Canção.
   Foi no ano 2000 que todos os indivíduos que tivessem acesso à Internet conseguiriam, pela primeira vez, ver em directo o Festival de música mais famoso no mundo. A ideia concretizou-se através da WebTV existente no site oficial eurovision.tv, que, ainda que por vezes não funcione nas melhores condições, é indispensável para assistir a algumas das pré-selecções dos candidatos, aos sorteios das ordens de apresentação das músicas, das entrevistas dadas após o vencedor ser escolhido e, claro, do próprio concurso. 
   Esta é tambem uma plataforma onde o espectador-cibernauta pode aceder, a qualquer altura e em qualquer lugar, a todos os conteúdos transmitidos desde 2008. O mesmo se aplica ao Festival da Eurovisão Júnior (JESC) e aos demais concursos da esfera da Eurovisão.

Fontes: eurovision.tv; en.wikipedia/ Imagem: Google /Vídeos: Youtube
29/10/2014

Lançamentos: Dana International, Molly Smitten-Downes, Amaury Vassili, Pasha Paferny e Bryan Rice

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As carreiras eurovisivas dos vários artistas continuam de vento em popa. Veja aqui algumas das novidades: 

   A vencedora da Eurovisão 1998, Dana International, irá participar na peça “Os 101 Dálmatas” em Israel. 
   O espetáculo que estreará no dia 20 de dezembro em Jerusalém contará com a participação dos Duo Dats, representantes em 1991 com “Kan” e claro, com Dana como a vilã Cruella de Vil. 
   Em relação a lançamentos musicais temos, primeiramente, a representante britânica de 2014, Molly Smitten-Downes que, apesar de ter lançado “Lock up your daughter” em abril, só agora a disponibilizou para download grátis.



  Pasha Paferny lançou também uma canção de nome “O noua zi, o noua viata” com artistas como Nicu Tarna, Tania Cerga, Guz e Dara, que serve de apoio à consciencialização dos moldavos para a futura integração na União Europeia. 
  Bryan Rice, artista que já tentou por várias vezes concorrer ao Festival Eurovisão da Canção, lamçou o primeiro single do seu quarto álbum que será lançado no fim do ano na Dinamarca. A canção denomina-se “Hear me as I am” e é bastante distinta das canções com que já tentou concorrer às pré-seleções. 


  À sua semelhança, Amaury Vassili também irá lançar um novo álbum, em que interpretará as canções do artista Mike Brant. O seu primeiro single ainda não foi lançado na íntegra mas já existe um teaser a que poderá aceder no canal oficial do youtube do artista.



Fontes: ESCtoday; Oikotimes; Wiwibloggs/ Imagem: Google/ Vídeos: Youtube
26/10/2014

Israel: Dana International polémica no Pride Amesterdam 2014

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Dana International, que venceu o Festival Eurovisão da Canção 1998, voltou a ser polémica, na imprensa holandesa, nas declarações que fez sobre o conflito israelista, da crise da Gaza, no Pride Amesterdam 2014. 

       "A Europa tem que calar a boca. Vocês mataram milhões e milhões durante toda a humanidade. Calem-se, holandeses, belgas, britânicos. Vocês têm conquistado metade do planeta. Tragam de volta o dinheiro de África!", foram algumas das frases mais criticadas pela cantora na conferência que deu. No entanto, continuou: "Não há nenhum Estado europeu que pode falar contra Israel, sem culpas. Israel está a fazer o  primeiro passo para a civilização e para a cultura. Israel tem diferentes níveis de ética da Europa. A Europa teve muitas guerras, agora é a nossa vez de aprendermos a ser civilizados."

Fonte: Oikotimes/Imagem: Google
08/08/2014

Em cada canção, uma mensagem - Oitava letra: Diva, de Dana International

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DANA INTERNATIONAL - "DIVA" (ISRAEL, 1998)















VERSÃO ORIGINAL:

Yesh isha gdola meha'haim
Yesh hoshim sheyesh rak la
Yesh ksamim veyesh yamim kashim
Ubama she'he kula shela

Lamalhachim Diva he imperia
Al habama Diva he hysteria
Vehe kula shir a'ava

Diva naria Diva Victoria
Afrodita
Viva la Diva Viva Victoria
Cleopatra

Yesh nashim dma'ot shel ha'haim
Hen is'ou tfila lelo milim

Lamalhachim Diva he imperia
Al habama Diva he hysteria
Vehe kula shir a'ava

Diva naria Diva Victoria
Afrodita
Viva la Diva Viva Victoria
Cleopatra
(x2)

Diva, Diva, Diva, Diva

Diva naria Diva Victoria
Afrodita
Viva la Diva Viva Victoria
Cleopatra

Diva naria Diva Victoria
Afrodita
Viva la Diva Viva Victoria
Diva


VERSÃO EM PORTUGUÊS:

Ela é tudo, jamais sonharás encontrá-la
No seu palco ela canta a sua história
A dor e a mágia vai roubar o seu coração em chamas
Como uma rainha em toda a sua glória

E quando ela chora, Diva é um anjo
Quando ela ri, é um demónio
Toda ela é beleza e amor

Diva Maria, Diva Vitória
Afrodite
Viva a Diva, viva Vitória
Cleópatra

Lágrimas silencionsas caem destes olhos esta noite
Lágrimas de oração para estes corações doridos

E quando ela chora, Diva é um anjo
Quando ela ri, é um demónio
Toda ela é beleza e amor

Diva Maria, Diva Vitória
Afrodite
Viva a Diva, viva Vitória
Cleópatra
(x2)

Diva, Diva, Diva, Diva

Diva Maria, Diva Vitória
Afrodite
Viva a Diva, viva Vitória
Cleópatra

Diva Maria, Diva Vitória
Afrodite
Viva a Diva, viva Vitória
Diva

      A principal característica deste poema é a sua simplicidade. À primeira vista o que realça mais é a constante repetição das palavras Diva e Viva para reforçar a rima e a glorificação. As quadras são compostas por rimas alternadas, e o terceto que antecede o refrão possui rima emparelhada e um verso branco. No entanto, existem rimas dentro dos próprios versos. O refrão é estruturado igualmente em quadra muito simples, com poucas sílabas poéticas.

   Em 1998, a transsexualidade era um assunto tabu que marcou a edição do ESC desse ano. Dana International é o nome artístico de Sharon Cohen, que foi em tempos Yaron Cohen, ainda no sexo masculino. Desde cedo que Dana não se revia no corpo que tinha, e antes de realizar a sua cirurgia de mudança de sexo, em 1993, ganhou a vida como drag queen, em Telavive. O seu sucesso já há muito que tinha sido descoberto, até que foi seleccionada para representar Israel na Eurovisão, uma escolha que gerou polémica entre os judeus ortodoxos e outros com cultura mais conservadora.
Esta canção pode considerar-se uma autobiografia da intérprete, mas também uma alusão ao poder das mulheres, à importância da figura feminina na história. Dana tornar-se-ia numa das mulheres mais bem-sucedidas do planeta e esta mudança foi a realização do sonho da sua vida. Desde sempre que Dana sonhou encontrar esta mulher no seu corpo, e isso era tudo para ela. Ela conseguiu finalmente contar a sua história no palco eurovisivo. Sentia-se uma rainha mas com o coração em chamas, pleno de dor, de mágoa, pela sua forma física não coincidir com o seu sentimento. Certamente que foram muitas as lágrimas que derramou, sozinha, silenciosamente, quando esta tristeza se apoderou dela. Provavelmente seguiam-se momentos de oração e de apelo para que essa mudança um dia se concretizasse. Dana conseguiu tornar-se uma mulher na sua plenitude, com os sentimentos e a forma de estar de todas as mulheres. Elas transparecem um misto de emoções: quando riem são demónios, quando choram são anjos, mas todas elas bonitas à sua maneira e cheias de amor para dar. E para glorificar ainda mais as mulheres, há uma referência a figuras históricas femininas: a deusa Vitória, da mitologia grega e a personificação da vitória; Afrodite, também da mitologia grega, deusa do amor, da beleza e da sexualidade; Cleópatra, raínha do Egito, dotada de uma imensa cultura.
A simplicidade desta letra retrata um tema fora do comum, mas não menos importante. E faz todo o sentido que seja uma canção interpretada por uma mulher como Dana International. “Diva” ficou na história da Eurovisão.


29/07/2014
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