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[Especial] TOP 15: os melhores singles pós-Eurovisão


A Eurovisão regala-nos com quarenta canções todos os anos, mas então... para onde vão os artistas depois de maio? 

O maior segredo eurovisivo está em seguir os artistas depois do seu percurso eurovisivo. Alguns tesouros escondem-se por detrás de canções com 1000 streams e alguns sucessos erguem-se em cima de dezenas de milhões de views

Disclaimer: as quinze canções foram escolhidas por apenas uma colaboradora do Crónicas de Eurofestivais e não representam a opinião coletiva do projeto. 


DEBRAH SCARLETT (Noruega'15)
"Cynical Youth"


Debrah Scarlett merece mais do que ser conhecida como “a rapariga que cantou com o Mørland em 2015” porque, aliás, ela era a melhor parte de “A Monster Like Me”.

“Cynical Youth” grita “esta artista merece não viver na sombra de ninguém”. Tem uma produção surpreendentemente majestosa que evidencia a voz dificilmente equiparável. Se adicionarmos os visuais do videoclip, então “Cynical Youth” parece mesmo ter vindo de outro mundo. 

SOLUNA SAMAY (Dinamarca'12)
"Northern Wind"


Soluna Samay não é uma figura eurovisiva simpática, seja pelo pseudo-plágio de “Should've Known Better”, seja pela reação de mau perdedor depois do resultado desastroso para a cantora dinamarquesa. No entanto, Soluna ultrapassou a falta de originalidade e encontrou um registo autêntico (que não será, de facto, do agrado da maioria dos fãs da Eurovisão).

“Nothern Wind” dá o nome ao mais recente EP de Soluna Samay. É, pelas suas palavras, um projeto de folk com influências de outros estilos, mesmo que “Northern Wind” seja do mais puro folk da sua discografia.  Venha a paz interior zen, que já tem soundtrack!


JOAN FRANKA (Holanda'12)
"You and Me"


Comecemos por dizer que eu gostei de “You and Me” porque, na altura, pensava que era uma paródia. “Ninguém teria a audácia de cantar uma canção country com roupas tradicionais de povos nativos!”, pensei.  

No entanto, Joan Franka não é “You and Me”. Nem perto. Joan Franka pegou no seu timbre único e métrica bizarra e decidiu deixar para trás o country simplista. Agora como artista completamente independente, a contralto é guiada em “The End” por um caminho de rock alternativo, com influências de rythm blues pós-Winehouse. E que bem que ela vai! 

“The End” não é comercial (fácil de verificar pelas 3 mil visualizações no Youtube), mas é tão especial! Um nível de mestria muito difícil de encontrar nestes dias. Sou transportada para um Chevrolet Bel Air a viajar debaixo do sol de Chicago. 


WAYLON (Holanda'14'18)
"Love Drunk"



Waylon pode não jogar com o baralho todo e ser um dos artistas mais problemático que tivemos de aturar… mas é um artista que joga no pop-country como ninguém! 

Depois de dar uma de Beyoncé e de se separar dos The Common Linnets, Waylon lançou este single. “Maybe the wine's got me weeping like a woman” demonstra que Waylon não se apropria apenas da sonoridade de Nashville, mas leva emprestados os valores machistas tradicionais do Tennessee! Yeehaw


Apesar da pessoa, “Love Drunk” é um single excelente. Em toda honestidade, se não fosse pelo artista, talvez estivesse ainda mais perto do topo deste Top 15. “Love Drunk” é uma canção que transpira coolness, sem ser hardcore blues como “Outlaw in ‘Em. Não é possível escapar ao timbre desgastado em tabaco de Waylon e todo o sex appeal de um bom cowboy holandês com sentimentos que só podem ser resolvidos por um coma alcoólico. 

MIKOLAS JOSEF (República Checa'18)
"Me Gusta"




Algum dos artistas que decidiu explorar o mercado latino teria de acabar nesta lista. Escolhi o Mikolas porque, de alguma maneira, ele tornou-se um dos artistas mais bem-sucedidos dos últimos anos.

O percurso musical do Mikolas Josef é curioso… sendo que agora apostou no reggaeton. Contudo, o seu primeiro single depois da Eurovisão – “Me Gusta” – seguiu mais a linha Jason Derulo que ele apresentou com “Lie To Me” (e é a minha favorita!). 

Com sex appeal e um refrão catchy, Mikolas tem a fórmula completa para o sucesso nos próximos anos.


BILAL HASSANI (França'19)
"Jaloux"


Bilal Hassani pode não ter tido o sucesso que alguns fãs esperavam, todavia ele já tinha nome feito antes de sequer subir ao palco de Israel. O seu álbum “Kingdom” já estaria preparado fosse Bilal escolhido para representar a França ou não.

Não sou fã de “Roi”, mas admito ser mega fã de Bilal. “Jaloux” é a representação ideal de um artista imensamente jovem que, ao ser escolhido para ir para a Eurovisão, teve de lidar com algumas das palavras mais horrendas que a imprensa e as redes sociais têm para dar ao mundo. Bilal tem tudo para o sucesso e a melhoria a que assistimos, tanto em termos de voz como em presença do palco, foi extraordinária!

“Jaloux” é um hino de perseverança, com uma produção que toca ao pop norte-americano, sem deixar de ser muito francesa, e com uma letra crua, vinda de quem já não tem por onde falhar.

LAURA TESORO (Bélgica'16)
"Mutual"




Algumas pessoas ficarão confusas por ver a Laura Tesoro nesta lista. A vós digo: não sei por onde têm andado. 

Em 2016, já mostrou ser uma performer extremamente carismática, merecendo um Top 10 num ano dificílimo. Desde então, Laura Tesoro tornou-se uma estrela belga, mesmo sem uma discografia extensa. Ao contrário de muitos casos, “What’s The Pressure” senta-se confortavelmente no meio do resto das suas canções.


“Mutual” transparece a personalidade divertida e jovial da artista, sem fugir ao som favorecido pela indústria neste momento. 

LENA (Alemanha'10'11)
"Traffic Lights"


Lena é o único argumento válido da tese “Ganhar a Eurovisão Pode Criar Uma Carreira Que Não Se Baseie Em Aparecer Em Eventos Eurovisivos Uma Vez Por Ano: Uma Anti-biografia de Måns Zelmerlöw”. A Lena acaba por ser uma das minhas artistas eurovisivas favoritas pela consistência de pop comercial atual e pela capacidade de se manter relevante na indústria nacional.

“Traffic Lights”, ao contrário das canções mais recentes dela, preserva a completo o timbre bizarro que deu a vitória a “Satellite”, em 2010. Uma canção perigosamente catchy capaz de vos estragar o resto do dia (já sei que vou adormecer a cantar “I hope that the traffic! LIGHTS! DON’T! CHANGE!”). 

Lena era a pop star mais improvável a sair da última década da Eurovisão, mas demos graça que assim o mundo fez. 

MARCO MENGONI (Itália'13)
"Hola (I say)"


Marco Mengoni foi abençoado com um timbre muito particular que não consegue passar despercebido, seja por cima de um instrumental upbeat sobre-produzido, seja sobre um instrumental de balada simplicista. “L'Essenziale” deu à Eurovisão uma versão moderna de charme de crooner (a lei dos homens charmosos com excelente voz que não têm de meter nenhum esforço no seu ofício).

Qualquer canção do Marco Mengoni teria um lugar justificável nesta lista, mas parece-me correto escolher uma balada que melhor descreva o sucesso internacional do artista, mesmo que “Hola (I Say)” não seja uma obra-prima. 

Quando falamos de artistas italianos, não se sente uma divisão entre o pré-Eurovisão e o pós-Eurovisão. Na realidade, diria que a Eurovisão em nada afeta a carreira destes artistas. Portanto, Marco Mengoni foi um presente para nós e não o contrário.


BLANCHE (Bélgica'17)
"Soon"



Tudo o que possam dizer que faltou a Blanche em 2017, não é mais válido. Mesmo com apenas 4 canções a seu nome, Blanche pode ser já considerada excelência em pop alternativo moderno.

“City Lights”, para além de ser uma das minhas canções eurovisivas favoritas, foi, quase consensualmente, uma das apostas mais fortes e mais certeiras com o mercado não só do momento, mas também do futuro. Em 2019, as vozes tecnicamente menos extravagantes estão a ter o seu lugar no pódio.

“Wrong Turn”- o primeiro single depois da Eurovisão 2017- é o melhor que a melancolia do dark-pop tem para dar. “Soon” deixa os sintetizadores para trás e aposta na guitarra acústica, realçando o quão atmosférico o timbre de Blanche se torna no minimalismo. “Moment” volta às raízes de “City Lights” com uma melodia mais comercial. 

Com um rácio de 4/4, diria que a discografia de Blanche é do mais certeiro que existe.


SALVADOR SOBRAL (Portugal'17)
"Anda Estragar-me os Planos"


Pensei se seria justo colocar o Salvador nesta lista. Não me restam indícios de imparcialidade quando se trata do artista que trouxe a Eurovisão para a minha cidade.

Salvador é uma figura caricata, amada por alguns, odiada por outros, mas reconhecida, na sua arte, por todos. Não deveria haver nada mais a dizer sobre o Salvador Sobral que não fosse por cima de acordes. 

“Anda Estragar-me Os Planos” não foi o primeiro single pós-Eurovisão do vencedor português, mas, sendo uma canção de evidência de que o Festival da Canção é um universo onde a música portuguesa pode gerar fruto, esta teria de ser a escolha. 

Deixa-me um sorriso na cara, que mais posso dizer? 

ALFRED GARCIA (Espanha'18)
"De La Tierra Hasta Marte"



Interessa pouco sobre o que realmente se publique sobre Alfred García… haverá sempre discórdia. No entanto, não deveria ser fora do comum louvar a individualidade do artista que foi, irrevogavelmente, a sombra da Amaia, a rainha coroada espanhola.

Não sei o que esperava de Alfred depois de sair da academia da Operación Triunfo, mas não esperava que o seu primeiro single fosse tão incrível. Alfred sabia, desde o início, como o seu som seria particular, entre frases meio faladas e intervenções meio gemidas. 

Alfred é autêntico artista que não necessita de uma caixinha com rótulo e “De La Tierra Hasta Marte” é canção que não necessita de ser a sombra de mais ninguém.   

LOÏC NOTTET  (Bélgica'15)
"Million Eyes"


Parece-me ser consenso de que Loïc Nottet é um dos artistas mais impressionantes que já passou no palco da Eurovisão. 

“Rhythm Inside” relembra qualquer conformado de que Loic tinha apenas 19 anos quando alcançou um dos melhores resultados para a Bélgica na Eurovisão. Com 19 anos já demonstrava ter uma ideia coesa de conceito global de performance. Com 19 anos, Loic já não era uma marioneta de uma indústria que dita o que vende para a faixa etária alvo. Com 19 anos, Loic Nottet já era um dos performers eurovisivos mais promissores (eu até diria ‘o mais promissor’). E assim cantou o fado!

O seu primeiro single pós-Eurovisão não só correspondeu às expectativas de uma multidão ansiosa, mas mostrou que Loïc Nottet é o artista certo para representar a carreira que uma participação na Eurovisão pode criar. 

“Million Eyes” tem uma letra assombrosa sobre estar por debaixo de um microscópio com milhões de espetadores (200 milhões, talvez?) e, acompanhada pelo videoclip, foi a prova do performer visual que Loïc sempre esteve destinado a ser (para além do vocal range sobre-humano!).

ANOUK  (Holanda'13)
"It's A New Day"


“Birds” foi, em todos os aspectos, uma anomalia, uma chamada a outros tempos que não vivemos, uma composição de melancolia, a anti-regra eurovisiva. 

A verdade é que toda a discografia de Anouk é anti-regra. Ela é uma artista perdida entre dimensões temporais e não há louvor suficiente que dite o conto.

Com “It’s A New Day”, ouvimos o hino de female empowerment que a canção da Macedónia, em 2019, queria ser. Uma canção sobre o levantar de uma nova era em que o símbolo feminino é um símbolo de poder pronto a lutar todos os dias por mais um degrau ao topo porque “a life without purpose is no life at all”. 

Numa lista maioritariamente composta por pop comercial, destaca-se um instrumental de rock clássico que só poderia ser justificado por um vocal performance como a de Anouk. 

No videoclip, vemos Anouk a encarnar figuras como Jeanne d’Arc, Emma González e Rosa Parks porque esta canção não existe num vácuo e tem mil razões para existir em 2019 e mil razões para ser considerada um dos melhores singles pós-eurovisão de sempre. 

LOREEN  (Suécia'12)
"Heal"



Vamos ser sinceros: poderia algum outro artista ocupar a primeira posição de qualquer top que refira a discografias pós-eurovisão? Não me parece.

A carreira da Loreen é um mistério para quem não percebe a importância de uma boa máquina de marketing por detrás de talento, algo que a Loreen, infelizmente, não teve. 

Apesar de tudo, o álbum “Heal” foi um testemunho, em 2012, de que a Loreen era muito maior que “Euphoria”. Continuando num registo pop eletrónico, entre reverbs característicos, presenteou o mundo com uma autenticidade que só uma artista completamente ao volante da sua visão poderia presentear. Desde “Euphoria”, nenhum track da Loreen se revelou ser pop de fácil digestão e, portanto, vimos a ruína do potencial comercial da melhor artista eurovisiva de todos os tempos.


Escolho “Heal", mas, na verdade, poderia ter escolhido absolutamente qualquer canção da Loreen, que é a verdadeira rainha de todos os Top 1 da Eurovisão. 


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