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[Especial] A Eurovisão está demasiado óbvia e estamos a ficar fartos disso


Vou ser simples: para um mero espetador da competição, pode ser pouco percetível, mas para os seus seguidores e fãs, a ideia parece ganhar alguma consistência, e sim, falo por vocês também. O Festival da Eurovisão está a perder o seu factor surpresa. Não há momentos inesperados, e a novidade aparenta-se desgastada. Desde 2013, com a produção do concurso a definir ordens de atuação, que qualquer olhar mais atento desvenda grande parte dos resultados das diferentes noites de competição. Porque sim, a running order também influencia. E sim, já começa a perder piada algumas decisões serem tão previsíveis...

A maioria diz que não importa. Quando um país leva uma boa canção ao ESC, pode estar descansado que não será a posição de atuação a influenciar em alguma coisa um resultado final. A ideia é, cada vez mais, consumada. A running order da Eurovisão só importa para a variedade e intensidade do espetáculo. Então, lanço a primeira questão. Se tudo acima é o assumido, porquê tanta especulação e preocupação em relação ao lugar que um país "recebe na rifa", depois de conhecida a ordem? Porquê sentenças de morte ao país X e Y depois de conhecido todo o alinhamento?

Com isto, não tenciono vir para aqui fazer futurologia, nem levar a que este espaço que me foi reservado seja para lançar as minhas apostas sobre "o que traduzir da ordem de atuações da Eurovisão 2019". Não venho para aqui dizer que o Montenegro ou a Moldávia não passam à final por causa da sua posição do alinhamento, ou para sustentar que a Suécia (e a Austrália, vá...) estão novamente beneficiadas. Mas podia. Sem dificuldades. E porquê? Porque não foi uma, nem duas, nem três vezes que se tornou óbvia a influência que as reações às canções pré-Festival têm no poder importante desta decisão, feita e apresentada pelos produtores da Eurovisão!

Esta pequena análise serve apenas para partilhar a ideia que tenho vindo a sentir nos últimos tempos. E para tentar fazer com que pensem a minha linha de raciocínio que já perdura há outros tantos... Porque, verdade seja dita, não está a Eurovisão demasiado óbvia? É que, a sério! A forma como os países foram distribuídos nas duas semifinais de 2019 só evidenciam o que já há muito se sabe: as piores músicas ficam sempre nas piores posições. Mas quem define as piores? Nós.

Christer Björkman, produtor do ESC em 2017, num dos processos de escolha do alinhamento do espetáculo

Apenas para exemplificar, vejamos. Quantos de vocês têm o Montenegro no vosso TOP 10? Vejo dois ou três braços no ar. Nas apostas, o país está bem no fundo. Olhamos o alinhamento? Atua na segunda posição, aquela que muitos dizem ser "o lugar da morte", com nenhum país a conseguir vencer depois de atuar naquela posição (e depois a ordem não interessa, que ideia). Quantos gostam da Geórgia? Encravada entre a Bélgica e a Austrália... Moldávia? Completamente esquecida com o que virá a seguir. Albânia? Mais outra encravada entre dois temas fortes na semifinal 2. E a Irlanda? Pois, já entraram no raciocínio. No final, o que têm todos estes países em comum? Basta olhar para a opinião que encontramos na praça pública, nos TOP's do YouTube ou nas apostas - estão lado a lado nos últimos lugares.

Estaremos nós a ser os principais culpados, a condenar atempadamente os países 'mais fracos' às posições mais difíceis, ou a ser alocados entre os países com melhores canções? Não. Aliás, há sequer culpados nesta questão? Não é isto mesmo a melhor tentativa da produção eurovisiva em criar um melhor espetáculo, com dinâmica de géneros e ritmos no seu expoente máximo? Se sim, então, porque não experimentar inverter, dar um empurrãozinho àqueles países que até aqui tiveram mais dificuldades em se evidenciar! Já perceberam a minha ideia do 'demasiado óbvio'?

Apenas a parte em que cada país é posicionado no alinhamento (1st ou 2nd half) é ainda definida por sorteio

Concluindo, está a Eurovisão, ao fim ao cabo, óbvia? Demasiado. Chega quase ao cúmulo de alguns países levarem com os louros e benefícios ano após ano, ao contrário de outros, que precisam de levar algo muito bom e de gerar impacto junto do público para conseguir arrecadar um posição mais favorável. Porque, como referi, a posição não é fulcral, mas pesa. E está tão pesado, que faz com que se torne descarada toda esta tendência. Para o espetáculo, claro!

Nada mais a fazer ou a acrescentar perante a questão. Segundo especialistas e produtores, o Festival será capaz de dar todas as emoções de um verdadeiro espetáculo musical, desde momentos calmos até àqueles que atingem o clímax. Só acho que a lengalenga já está tão decorada por nós, que qualquer um de vós que lê este artigo seria capaz de adivinhar a ordem de atuação vários dias antes da sua publicação. E quando isto acontece, uma das essências principais apaga-se. Como já aconteceu...

'E que piada há nesta tendência do previsível? Sinceramente, já muito pouca. Mas isto sou eu!


Imagens: Eurovision.tv

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