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[Crónica] ESC 2018: "cumpriu-se Portugal!"


Devia começar por me apresentar. Afinal, esta é MESMO a minha primeira Crónica aqui no blogue. Mas, se calhar, o melhor é mesmo começar por agradecer a vitória que conquistámos o ano passado, pois, sem ela, e sem a azáfama toda que se viveu até aqui, eu certamente não estaria ‘a cirandar’ por estas bandas e, acima de tudo, a fazer as coisas de que mais gosto.

Independentemente de tudo o que tenha acontecido até aqui, nunca podemos deixar de agradecer a quem nos proporcionou tudo isto. Salvador e Luísa, Luísa e Salvador. Sempre. E logo em segundo, a RTP. Sim, a estação pública que o ano passado finalmente mostrou o que realmente sentia (que todos já esperávamos há tanto). Que finalmente estava na altura de ganhar qualquer coisa na Eurovisão. E de que também queria mostrar ao mundo que era bem capaz de fazer o trabalho de organizar o maior festival de música do mundo. E a tarefa arrancou logo depois da nossa vitória, há um ano atrás.

365 dias volvidos, e eis que, finalmente, tenho as palavras certas para descrever a aventura do “All Aboard” Eurovisivo: cumpriu-se Portugal! E cumpriu-se da forma como sempre sabíamos que ia acontecer. Elogios presunçosos à parte, estamos a falar do nosso país, do nosso Portugal, que já tantas provas deu ao mundo da garra com que é feito, e esta foi só mais uma a juntar ao livro das suas já muitas conquistas.


A edição deste ano esteve marcada por tantos momentos. Momentos bons, menos bons, ótimos, evitáveis, de rir, de chorar, de comoção, de diversidade… enfim, características que nos identificam enquanto povo e que, de forma positiva, soubemos colocar em ação. 

Para que tudo não se torne repetitivo ao longo destas crónicas, quero apenas destacar os pontos que mais fortemente fizeram bater o meu coração e gritar de euforia pelo exímio trabalho desenvolvido ao longo de largos, mas sobretudo velozes meses eurovisivos.

[Sim, vou deixar um pouco de lado a opinião às canções vencedoras e perdedoras da edição de 2018, mas posso fazer uma nota de rodapé: Israel ganhou, com muito ou pouco mérito (e não, também não era a minha favorita). Mas, acima de tudo, conquistou o voto popular, e, por isso, as ‘queixas’ nem devem ser tidas em conta. Seja ela boa ou má, ‘Toy’ acaba por ter uma mensagem lógica, aliada a uma matemática inteligente de criar um ritmo étnico e divertido, que marcou e marcará sempre pela diferença. Quero aplaudir os resultados de Chipre, Alemanha, República Checa, Estónia, Dinamarca e Albânia! Por outro lado, continuo a achar injusto lugares como o da Suíça, Grécia, Polónia, ou até mesmo Espanha, França, Austrália, Finlândia… e sim, do também nosso querido Portugal.]


Mas não é com o lugar alcançado que devemos classificar esta Eurovisão ‘a la portugaise’! Pelo contrário! O lugar da canção “O Jardim” foi o alcançado, e, independentemente disso, ele mesmo não rouba nenhum mérito a tudo o resto que proporcionamos à Europa. Numa singela opinião, proporcionamos à Europa um verdadeiro ‘Jardim de Felicidades’ e disso teremos sempre de nos orgulhar. Douze points!

Preciso então de ressaltar, em três ou quatro pontos, o melhor desta Eurovisão 2018, muitos desses momentos preconizados no maior momento deste festival: a Grande Final de dia 12 de maio, mas com muitos outros que se foram apresentando neste caminho longo, que deixou marcas para o futuro, que trouxe aprendizagens, mas que, ao fim ao cabo, surgiu como que num pestanejar.

Acho que o primeiro ponto que tenho que referir é, evidentemente, sobretudo depois de uma vitória e num processo em que um país se prepara para sediar um espectáculo desta envergadura, toda a cobertura mediática que se criou em torno do Festival Eurovisão da Canção, novamente!! Nem poderíamos exigir menos, mas, face às visíveis quebras de interesse para com o concurso, cheguei mesmo a questionar-me até que ponto os meios de comunicação social poderiam ou não tentar evitar um pouco uma cobertura mediática um pouco exaustiva! Mas não! Houve a necessária e a devida! Um evento tão importante como este não acontece sempre (no nosso caso, vamos ter muito tempo de descanso até ao próximo), e, por isso mesmo, impunha-se uma comunicação forte sobre tudo o que se passou até aqui. Obrigado RTP e demais canais de informação televisiva, imprensa, rádio, blogues, enfim, tudo aquilo que tornou possível criar conversas eurovisivas no bar da minha Faculdade, com amigos e colegas que nem sequer imaginava interessados em tal (sabe tão bem, não sabe?)


Somado a isto, está, obviamente, o fator-chave que muito contribuiu para esta maior mediatização do evento junto da nossa população, e que já pude mencionar, nas entre-linhas, anteriormente. A fantástica organização levada a cabo pela RTP, pela Câmara Municipal de Lisboa (sim, não esquecer que estivemos em Lisbon 2018, e isso tem muito significado), do Turismo de Portugal, e claro, de tantas outras entidades, empresas, associações e pessoas que se juntaram a esta grande festa. Ainda por cima, isto soou tão bem aos ouvidos e aos olhos de todos os estrangeiros, que ainda estavam meio "abananados" com todos os problemas que houve em Kyiv 2017, portanto, no nosso caso, era só juntar o útil ao agradável. Conclusão: mais uns pontos para o nosso total arraso.

Outro ponto que quero destacar: Filomena Cautela. Não esquecendo o papel das outras três apresentadoras que, a seu jeito e personalidade, deram, de certeza, o melhor de si (e, por isso, obrigado Catarina, Daniela e Sílvia), tenho de fazer uma vénia àquela que se tem tornado como uma 'personagem' de grande inspiração para qualquer aspirante a apresentador de TV. E quase que tenho de dar "a mão à palmatória"! Se fui o primeiro aplaudir a ida da 'Mena para a Greenroom, porque era 'efetivamente o melhor'... sou agora a pessoa que também protesta pela necessidade de mais destaque que a mesma deveria ter tido, e que merecia! Brilhante prestação. Um orgulho imenso! Momentos cativantes, de um arraso total. A Filomena criou uma verdadeira Euphoria à sua volta.


Querem mais um ponto que me marcou e que, de forma total, caracterizou, pelo melhor e pelo muito pior, a Eurovisão 2018. Certo, então tomem lá: SuRie! E, neste caso, o Reino Unido. Exato, aquele país que não só desistiu da União Europeia, mas que há muito, muito tempo desistiu também do festival. E, mesmo quando tudo apontava que lá ia ficar novamente entre os 'pingos da chuva' (adequado, tendo em conta o clima do país), eis que surge o pior momento da edição deste ano do ESC.

Uma invasão de palco não é inédita. infelizmente. Mas, bem, não esperávamos (nada) que algo semelhante pudesse voltar a acontecer (um último episódio de invasão de palco havia acontecido em 2010). Ainda não tinha feito referência ao longo desta crónica, mas eu estive lá, na Altice Arena, no dia 12, data da Grande Final da Eurovisão. E, de certo, posso-vos dizer que este foi o melhor momento da noite. Antagonismo? Paradoxo? Sim, talvez! Também me assustei, eu e quem estava à minha volta, quando pudemos perceber que algo não estava bem! Veio a confusão, e, de repente, a Arena constrói-se numa exaltação e euforia em apoio à cantora britânica, que teve a bravura de poucos, agarrou de novo o microfone, e, como nunca, cantou de coração cheio, perante 11 mil pessoas que saltavam e gritavam com ela. Num plot twist interessante, o Reino Unido foi a atuação mais aplaudida desta edição. Mas, melhor que isso, é ver a essência da Eurovisão, algo que não passa nas câmaras, mas que é a melhor característica do espectáculo: o apoio incondicional de todos os 'adversários' à cantora. Que emoção!


Vá, prometo que será o último ponto aqui a destacar (havia tantos, tantos mesmo): diversidade. Por sorte, por acaso, por inspirações vindas sabe-se lá de onde, cof cof, Lisbon 2018 foi um dos anos com mais diversidade musical e temática, se olharmos para tantas anteriores edições da Eurovisão (aposto que, se fosse agora, já não escolhias o Celebrate Diversity, cara Ucrânia).

Primeiro que tudo, a língua! Foi com um aumento bastante significativo que vimos mais países virem até ao ESC 2018 com a sua língua materna. Independentemente dos resultados que cada um tenha alcançado, acredito que não tenha sido só a mim que tenha sabido bem ouvir o português, o espanhol, o francês, o italiano, o grego, o esloveno, o albanês, o arménio, o sérvio, o montenegrino, o húngaro, e claro, o inglês também, este ano, numa escala mais pequena de vantagem! E isto é um retorno importante às essências daquilo que nunca se pode perder na Eurovisão! Podem ganhar músicas em inglês, podem ser sempre melhores as músicas em inglês, mas não deixemos esquecer a importante 'porta' que este concurso sempre será para esta diversidade.

Diversidade esta que também surgiu em muitos outros géneros musicais que conhecemos este ano e que também enriqueceram tão bem esta competição. Eu, que não estava nada preparado para um hard metal nesta competição, acabei por me converter aos AWS! Ou, então, o fantástico registo de ópera oferecido por Elina Nechayeva! Do pop trash, ao normal pop, às baladas com emoção e sentimento, às baladas sem sentido do século passado, este ano foi uma verdadeira e grande oferta de qualidade (às vezes) musical, capaz de pôr a um canto aquilo que muitas rádios acabam por escolher como repertório diário...


Podia ressaltar outros pontos, mas sei bem que foi por tudo isto aqui transcrito que o meu coração mais palpitou. Por esta Eurovisão. Por este Festival. Por esta RTP. Por este Portugal, que conseguiu superar tudo e todos e, mais uma vez, à sua genuína maneira (como sempre), marcar pontos pela diferença, pela audácia, pela irreverência, pelo empenho, dedicação, coragem e paixão.

E esta foi a história de alguém que veio de longe, que foi até à cidade grande e que pôde acompanhar muitas coisas de perto, sem nunca ter tido tempo ou verdadeira coragem para sequer imaginar que esse dia podia mesmo chegar. Alguém que viu isso espelhado nos rostos de tantas outras pessoas, independentemente das suas origens. E de alguém que sabe que foi igualmente sentido por quem estava em casa, por quem ouviu gritar por "Portugal!" à distância, que sentiu um frio no estômago, por quem se emocionou pelo nosso país estar a viver o melhor momento dos últimos anos.

Esta foi a Crónica deste apaixonado pela Eurovisão, que agradece a todos os intervenientes a possibilidade de estar aqui a abrir o seu coração e a dizer o que mais lhe vai na alma. E agora, sim, o momento que devia ter sido no início, mas que decidi guardar para o final para o final. Não que ele seja importante (claro que não!), mas que aqui podia fazer algum sentido. Pedro, sim! E, para o ano, estamos cá todos outra vez, seja onde for, seja com quem for. Só precisamos de esperar...


CUMPRIU-SE PORTUGAL!

Vídeo: Eurovision.tv; BBC /Imagens: Eurovision.tv; ERR News; João Porfírio; uDiscoverMusic
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  1. Também senti grande parte dessa emoção, mesmo estando em casa, como foi dito! O ESC 2018 foi super especial! Obrigado RTP

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