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[Crónica] ESC 2018: "o homem é do tamanho do seu sonho"


O ano passado foi um ano diferente por termos ganho em Kiev; este ano foi um ano diferente por termos acolhido a 63ª edição do Festival Eurovisão da Canção (ESC). Que se grite alto e em bom som: FINALMENTE!

Desde cedo que mostrámos estar à altura de uma organização da Eurovisão: cedo demos as datas, a cidade que ia acolher, a arena, o nome das apresentadoras, o slogan e o logo. Tudo estava apontado no calendário para que entrássemos "Todos a Bordo" nos dias 8, 10 e 12 de maio, na Altice Arena.

Se para Fernando Pessoa "o homem é do tamanho do seu sonho", para nós, eurofãs portugueses, e para todos aqueles que há anos desejavam ver o ESC em solo de Camões, a RTP foi do tamanho do sonho. 

De cabeça erguida e de mangas arregaçadas, a nossa emissora pública mostrou que com pouco (não fosse esta a edição mais barata do festival nos últimos anos) se faz muito (e bem!). Atracou o seu barco no Pavilhão de Portugal, onde havia uma equipa para tudo: guiões, logística, produção... E foi essa equipa que conseguiu erguer quatro castelos, que todos julgavam serem de cartas – que podiam desabar a qualquer momento –, mas que afinal eram de tijolos; foram erguidos três espetáculos e uma aldeia Eurovisiva que nos deixaram com um ego gigante.


400 voluntários, 1700 jornalistas acreditados, 900 pessoas envolvidas (staff e artistas) fizeram com que tudo o que vimos fosse efetivamente possível, mas, claro, foram as 4 apresentadoras que deram a cara durante as duas Semifinais e a Grande Final. Catarina Furtado, Daniela Ruah, Filomena Cautela (sem fazer jus ao sobrenome) e Sílvia Alberto pisaram o palco que foi extremamente comentado durante as semanas de montagem.

Muitos falavam dos led’s e da sua falta na Eurovisão, porém, variar faz bem, e numa Eurovisão em que o mote era fazer diferente, e à nossa maneira, fez todo o sentido. O design do palco era lindo e as imagens televisivas falaram por si; quase todas as atuações ganharam algo com o palco: uns com os semi arcos à frente do palco, outros com as pontes, e alguns com o elevador. Estava tudo pensado ao pormenor. O palco em si era todo grandioso e criava um impacto indescritível a quem estava no Altice Arena.


Desde muito cedo que houve um favorito óbvio, mas quando os artistas chegaram para os primeiros ensaios iniciou-se a loucura das apostas. Pela primeira vez, Israel tinha perdido o seu primeiro lugar. Tivemos a França, a Noruega e a Estónia a chegar lá, mas foi o Chipre que tomou conta desse lugar nas últimas noites. Por esse motivo, começou a duvidar-se da possível quarta vitória de Israel na Eurovisão... Mas já vamos a isso.

Foi no dia 8 de maio, numa noite quente e acolhedora, que demos finalmente início ao desfile das primeiras 19 canções. Foi no dia 8 de maio que todos parámos em frente ao ecrã para ver aquela que foi a primeira final do ESC 2018... Sim, primeira final, porque uma Semifinal com aquela qualidade só pode ser considerada uma final. 

Logicamente, não podiam avançar todos os país para a Grande Final, por isso, alguns tiveram de ficar para trás, como a Suíça, o Azerbaijão, a Bélgica e a Grécia. Esses quatro países tiveram apenas o azar de ficar na Semifinal onde o mundo encantado de "TOY"s e "Fuego" reinaram... Yeah yeah fire! 






A segunda Semifinal também não deu muito que falar. "Afinal como é que foi possível a Rússia falhar pela primeira vez uma final?!" podem perguntar os menos atentos e os mais indignados. Bem, a Rússia, infelizmente, não tinha a qualidade musical suficiente para enfrentrar o pop sueco, o rei dos violinos, os vikings, o vampiro ucraniano e os nossos vizinhos australianos. O que nos dá uma certa tristeza nesta semifinal foi a não passagem da Laura Rizzotto... Podíamos ter tido duas "portuguesas" na Grande Final. Um beijinho, Laura!

E os bloopers dos postcards?! Não gostaram de ver?! Nós gostámos! Não podemos deixar de realçar que os postcards deram destaque ao nosso lindo Portugal e funcionaram muito bem. É uma pena serem apenas 30 segundos. Contudo, a equipa de realização fez um trabalho fantástico e as nossas maravilhas foram mostradas ao mundo da melhor maneira. O que deu mais prazer foi ver os artistas encantados com o nosso país. Não concordam?!



A Grande Final foi a-rra-sa-do-ra. A apresentação das 26 músicas foi perfeita, como nas Semifinais. Foi pena a invasão de palco durante a atuação da SuRie, mas, como da "Storm" vem a bonança, a cantora do Reino Unido ganhou ainda mais força e fez todos os fãs na arena "acordarem", arrancando a maior ovação da noite. Surpresa?! Não nos parece... Foi uma ovação merecidíssima!

As votações começaram e os primeiros 12 pontos foram para os Madame Monsieur. "Vão ganhar o voto do júri", comentaram as pessoas na arena... Claro que sim... A votação do júri foi a surpresa da noite! O Cesár Sampson, da Áustria, conseguiu uns surpreendentes 271 pontos, deixando-nos a todos um pouco céticos. Mas claro que isto não ia ficar por aqui... A tensão foi aumentando à medida que o televoto ia sendo revelado. Áustria vai ganhar?! Itália?! Israel ou Chipre?! Que pesadelo. A segunda votação mais alta lá foi para Eleni Foureira, fazendo da israelita Netta a grande vencedora desta edição. Itália conseguiu um orgulhoso quinto lugar e a nossa Cláudia e a nossa Isaura conseguiram um penoso último lugar... Que dor que é ver como se passa de um primeiro para um último lugar, em apenas um ano. Mas é claro que estamos todos bastante orgulhosos das nossas meninas!

Netta lá subiu ao palco eurovisivo pela terceira vez... Desta vez para cantar a atuação da vitória e nós, incrédulos, pois já quase não a dávamos como vencedora, aplaudimos e gritámos uma última vez que não somos bonecos de ninguém.



Não podemos acabar esta crónica sem fazer uma referência à Eurovillage. Talvez este seja o ponto menos bom de toda a organização ao redor de Lisboa e da Eurovisão. Supostamente, a Eurovillage seria o local onde os eurofãs podiam viver o espírito eurovisivo ao longo desta semana, para além dos espetáculos no Altice Arena, claro. Contudo, apenas com as atuações dos artistas deste ano e com as emissões em direto nos ecrãs é que se podia dizer que aquele espaço tinha alguma coisa a ver com a Eurovisão, porque, de resto, eram apenas bancas de patrocinadores – algumas delas mal aproveitadas –, música de ambiente genérica que passa todos os dias na rádio, e os concertos à noite completamente fora do contexto. Viu-se que a Eurovillage andou vazia a maior parte do tempo, exceto quando havia algo relacionado com a Eurovisão. Porém, nota positiva para os concertos dos artistas deste ano, e nota positiva para o ambiente vivido no visionamento dos três espetáculos nos ecrãs gigantes!


Imagens: Eurovision.tv/Vídeos: Eurovision.tv; BBC

Redigido por: João Vermelho; Neuza Ferreira; Pedro Anselmo

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