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[Crónica] ESC 2015: 'Olá, minha querida, Suécia!'


O Eurovision Song Contest terminou há precisamente uma semana. Já estamos todos com saudades, como é óbvio, e já muito se falou sobre esta edição, mas cabe-me a mim ainda limar as últimas arestas.

Em primeiro lugar, e uma vez mais, o cenário em Viena foi soberbo. Apesar da minha primeira impressão do palco não ter sido muito positiva, mudei a minha opinião: admito que o design funcionou muito bem e tudo foi feito para se proporcionar um espetáculo visual à altura. O mesmo não aconteceu com a condução do programa: muitas inseguranças na apresentação, muitos momentos mortos e de atrapalhação, principalmente na votação final, aquando os problemas de comunicação com os porta-vozes dos países. Valha-nos Conchita, que foi sempre a figura marcante na green room, a esbordar carisma, simpatia, talento e boa disposição. Mais uma vez mostrou-se uma verdadeira diva. 


E agora relativamente a resultados e performances. Num ano em que a qualidade musical se mostrou bastante elevada, na primeira semifinal fiquei bastante satisfeita com os resultados finais. À exceção da Bielorrússia, os países retidos não fizeram o suficiente para passar, mesmo que fossem presenças habituais na final, como a Holanda e a Dinamarca. Destaque apenas para a Moldávia que não fez a má figura que se esperava. 

Já na segunda semi-final, a coisa mudou de figura. Desde quando é que a Polónia e o Chipre mereciam a final? Já sei… a Polónia porque falava em construir pontes e pela condição física da intérprete, e o Chipre porque… porque nem sei o que viram de extraordinário. E a República Checa? Será outro Portugal, e por mais que seja competente não conseguirá a final tão cedo. Ah, mas Portugal foi competente? Pois… não foi. Leonor estava mais segura, com muito melhor afinação. Fez o que podia. Mas a canção não tinha força, a apresentação em palco não inovou, e há uma coisa que me irrita profundamente: a atitude. Para mim, Portugal tem ido ao ESC sempre com a atitude de disfrutar a sua atuação, porque já se resigna que dali não passa. Dá a sensação que não se esforçam o suficiente para marcar o público… e não querem, a RTP não quer. E continuamos a “bater no ceguinho”, mas é a pura realidade. 


Por falar nisso, quem é que se lembrou do Rámon Galarza para comentador? Ah, a RTP, claro. Cheguei a ter o dedo em cima do botão MUTE do comando da tv. Muitas barbaridades foram ditas, mas aqueles comentários sobre a Estónia doeram-me muito. E podem insultar-me à vontade que continuo a admitir o meu favoritismo por ela. Letra que diz muito, apresentação simples, emotiva e tocante e intérpretes muito bons. Quem tinha dúvidas veja o seu 7º lugar. E, por falar em favoritos, a minha preferida não venceu. Itália tem um problema: fazem músicas soberbas de 4 minutos, como “Grande Amore” e “L'essenziale”, que depois são obrigadas a serem cortadas, e perdem por isso. Em todo o caso, para mim seria, na mesma, o justo vencedor. Atuar em último não ajudou. 


Mas o pódio também não foi mau. Um “uau” igualmente para a Bélgica, que conseguiu um dos melhores lugares dos últimos anos, e apresentações também. Eu bem dizia que passava o dia a cantarolar esta canção, e tinha razão em valorizá-la. O intérprete foi fantástico, e apesar de muito jovem não é nada inexperiente. Foi seu todo o mérito da coreografia, perfeição vocal e performance em palco. 


O mesmo aconteceu com Noruega, Israel, Azerbaijão, Montenegro e Roménia, que para mim, tinham merecidíssimos lugares cimeiros. A Geórgia, que nunca foi “no meu carro à missa” surpreendeu pela positiva. Continuo a não gostar da canção, mas a sua presença e atitude fizeram toda a diferença. Assim como a Letónia, que brilhou à custa do grande poder vocal da intérprete. Já a Albânia espalhou-se ao comprido. A Espanha, que também nunca me conseguiu cativar, foi o flop da edição. Este mau resultado, juntamente com Reino Unido, Alemanha e França (que não merecia de maneira nenhuma), revelou-se o que se anda a defender há algum tempo: os Big 5 não deveriam de existir. E não tardará muito que se sujeitem às mesmas condições dos restantes países a concurso. 


E agora o segundo lugar: a grandessíssima Rússia. Isto é quase como o governo: anda tudo com memória curta. Certo, a Rússia apresentou um momento emotivo, com a mensagem que se pretendia, com uma interpretação muito boa e que elevou a fasquia da canção, mas daí até vencer... Então não foi a Rússia que no ano passado amuou com a vitória de Conchita? Então não ponderaram até desistir do certame? Então não insultaram os Europeus chamando-lhes de doentes mentais, mentes sujas e por aí fora? Então e a Ucrânia não pôs os pés em Viena este ano à conta da guerra provocada pela Rússia? Ok, a Rússia mostrou-se corajosa, ninguém esperava esta inovação da sua parte. Mas agora ficamos a pensar se não foi o caso do “se não podes contra eles, junta-te a eles”. E não é que iam conseguindo? Sim, estava-me a dar uma coisa quando estava na frente na votação, e não havia maneira de dar a volta. Finalmente a Suécia “passou-lhe as palhetas”. Lado positivo: fez mais sentido um 2º lugar com “Million Voices” do que um 2º lugar com as avózinhas. 


A Suécia foi a minha heroína, como já havia referido nas apreciações musicais. Se foi um justo vencedor? Sim, foi. Mas a Itália seria mais. Se mesmo assim fiquei contente com o resultado? Fiquei. Porque o esforço ao nível do espectáculo foi maior, porque foram esquecidas as acusações de plágio com o elevado nível de criatividade e de beleza do cenário. Porque Mans é um ótimo cantor, com ótima presença. Porque a Suécia é a Suécia. Porque o Melodifestivalen vai continuar a ser a única seleção nacional que seguirei à risca. Porque os nórdicos são prós nestas coisas. E porque um ESC na Suécia é sempre sinónimo de um grande ESC. Esperemos por ele, em Maio de 2016!

Imagens: abc e independent/Vídeos: Eurovision.tv
30/05/2015

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