
Mais um ano para a minha história...
Já se passou mais um ano… Mais um ano em que eu ouvi música, boa música (com exceções, claro!), vozes surpreendentes (e outras nem tanto!) e atuações brutais (umas mais do que outras!). Foi um ano de grandes expetativas, pelo facto de a Suécia ser o país eurovisivo que investe mais na Eurovisão.
Os suecos prometeram fazer um festival mais contido, no sentido em que se desse mais destaque ao artista que estava a atuar. Muito sinceramente, acho que, nalgumas situações, regrediram um pouco. O cenário, apesar de bonito, arrojado e que contribuía para uma excelente qualidade de imagem, parecia demasiado pequeno visto de alguns ângulos - especialmente quando os cantores se chegavam para a frente, através da passadeira ligada ao palco. Podiam não ser necessários os LED’s, mas penso que faltou um toque de grandeza como sentia noutros anos… Penso que se perdeu alguma grandiosidade na apresentação do concurso, pelo que, um bom jogo de câmaras, planos e disposição do cenário teria um melhor efeito. Estava tudo muito bonito, mas, se calhar, sou eu que estou já habituado a que o certame ocorra em cenários gigantes, que, para mim, simbolizam o facto de termos uma enormíssima quantidade de culturas a trazer-nos arte!
A par disso, também a apresentadora me aborreceu muito, especialmente com aquele cartão na mão fazendo parecer um festival dos anos 70! Gosto muito mais de duplas como as de 2007 e 2008, por exemplo, que animam e incentivam (ainda mais!) o público presente na arena e em casa. Parecia uma apresentadora dos anos 60, sendo que, aqueles vestidos seriam dignos da Paula Bobone numa gala dos Globos de Ouro! Muito sinceramente, fiquei a achar que a senhora ainda se queria candidatar ao Barbara Dex deste ano!
As borboletas no grafismo foram uma ideia mesmo muito feliz! Algo que ficou marcado nesta edição eurovisiva por transmitir a união e a diversidade cultural ! Muitos parabéns à organização por ter conseguido fazer com que houvesse uma marca tão forte e tão bonita que, realmente, transmite aquilo que é a Eurovisão.
A 1.ª semifinal
No entanto (e como é óbvio), a minha opinião vai-se centralizar no mais importante: a música. E vão-me desculpar, mas vou começar já a cortar na casaca em relação ao resultado do primeiro país a concorrer, ou seja, a Áustria! Brilhante a atuação e interpretação feita pela Natalia Kelly! Uma canção fortíssima, bem moderna, agradável… Mas como ficou pela semifinal?! E pior… Como ficou pelo 14.º lugar?! Sei que é já tradição o primeiro país a pisar o palco na primeira noite não ter direito a uma passagem à final, mas, desta vez, a injustiça foi forte, na medida em que as minhas expectativas para esta canção eram bastante altas.
Sinceramente, relativamente aos restantes países, não houve grandes surpresas, a não ser o destaque para as simpáticas atuações da Estónia, Rússia, Chipre, Ucrânia (apesar de não simpatizar muito com o tema), Irlanda e Bélgica. Montenegro acabou por me agradar mais em palco, sendo que, para um tema que eu ignorava este ano, chamou-me a atenção pelo facto de ter havido algum esforço no aproveitamento do mesmo. Continuo a achar que este dubstep não merecia mesmo passar, mas dou-lhe uma menção honrosa pela prestação! A Bielorrússia, apesar de considerá-la foleira de início, também acabou por me surpreender. Já em relação à Moldávia, acho que não é preciso dizer nada: que interpretação soberba! Algo ao qual não se assistia há algum tempo, que força num só tema! Deste modo, as minhas finalistas da semifinal 1 seriam: Áustria Estónia, Dinamarca, Rússia, Ucrânia, Bielorrússia, Moldávia, Chipre e Bélgica.
Gostava também de dar relevância à minha admiração face à passagem da Holanda… Nunca pensei que, após ficar tantos anos sem ir a uma final, o país conseguiria com um tema destes! Pode ter algum mérito, mas acho-o extremamente aborrecido e a mim diz-me muito pouco: parece algo de um filme de terror, algo muito mórbido que eu dispenso totalmente. Valeu a pena, talvez, pela diferença.
A 2.ª semifinal
Entrando na segunda semifinal, tenho que falar, claramente, de São Marino. A injustiça do ano, a par da Áustria! Um grande tema e uma grande voz, vindos de um país tão pequeno! A surpresa do ano em termos musicais, mas a desilusão em termos de resultados… Eu já estava receoso, mas ainda depositava grandes esperanças (mesmo achando que a evolução no último minuto fosse demasiado forçada). O país merecia um excelente lugar na Eurovisão, com algo tão forte! Acho o início da canção lindíssimo e a apresentação em palco foi fantástica: conseguiram mostrar uma grande beleza para a televisão. Talvez este país deva continua a apostar em grande nos próximos anos, pois, depois disto, merecerá, de certeza, lutar pelo seu lugar de destaque na Eurovisão! Parabéns, São Marino!
Outra surpresa, para mim, foi, sem dúvida, o Azerbaijão. O tema pode não me ter chamado muito a atenção anteriormente, mas, depois de ver aquela atuação em palco tão arrojada, fiquei a adorá-la e acho que o 2.º lugar na final foi, de facto, bastante justo. Um tema muito forte que merece, também, os meus parabéns!
Também a senhora de Israel merecia pêr o pé na final, pois conseguiu defender muito bem o seu país, com um tema muito bonito e forte, na língua nativa! Enfim, há coisas assim na Eurovisão…
Obrigatoriamente, terei que falar da Suíça, que, este ano, voltou a conquistar-me! Uma grande caixa de surpresas que tem sido este país neste concurso, especialmente nos últimos 3 anos, mas que, muito infelizmente, tem sido injustiçado! Este ano, o tema dos Takasa tocou-me mesmo muito, gostei imenso da melodia. E o instrumental era soberbo! Acho este tema merecedor de um grande lugar na Eurovisão, mas não conseguiu. A mensagem era fabulosa e transmitida de uma forma louvável! A diferença de idades também me fascinou, por haver um senhor com 95 anos e, ao mesmo tempo, uma miúda com apenas 22 anos juntos em palco, ajudando à mensagem de união e força. Uma grande prestação totalmente desvalorizada… Muitos parabéns, Suíça!
Achei simpáticas as atuações da Macedónia, Finlândia, Malta (um tema que eu adoro), Islândia e Geórgia. À Bulgária exigia-se uma atuação mais surpreendente, visto que os repetentes tinham tão boa reputação desde 2007. Quanto à Roménia, nem sei o que dizer… Por um lado, passei a gostar mais da música, pela melodia em si, mas aquele senhor… Parecia que eu estava a ver um espetáculo de travestismo! Aquela voz de quem perde os “tintins” a meio da atuação, a roupa e o facto de ele subir feito diva é aterrador! E, para não deixar a Hungria de fora, a música só me surpreendeu por ter passado à final! Que canção mais sem sal e desinteressante! Quanto à Noruega, não me identifiquei nada com aquele tema, achei que faltou um toque arrasador: é demasiado “chata”.
Assim, as minhas 10 escolhas seriam São Marino, Macedónia, Azerbaijão, Finlândia, Malta, Islândia, Grécia, Geórgia, Suíça e Arménia.
A Final
Foi agradável, mas, como já referi, houve muitos países em falta… Uma tristeza! No entanto, valeu a pena por haver uma justa vencedora… E que vencedora!
Analisando a França, considero que houve uma participação muito positiva! Nem sempre este país me agrada, mas este foi o ano em que tal facto aconteceu, e ainda bem! Um tema bastante arrojado e bem interpretado! Já a Espanha, apesar de ter uma canção simpática (mas fraca), teva uma atuação na final que ficou bastante aquém do exigido, com uma voz que aparentava estar completamente fragilizada em palco. A Alemanha, por sua vez, com uma música bastante pop e com uma banda conhecidíssima como os Cascada, conseguiu trazer muita energia ao palco eurovisivo com uma música muito agradável! O país anfitrião, a Suécia, trouxe uma música simpática, bem trabalhada e apresentada; mas esperava, sinceramente, algo mais forte. Já a Itália conseguiu trazer um tema fortíssimo, cantado em italiano, que tinha tudo o que é “essenziale” para ter um bom resultado na final.
O Reino Unido trouxe-nos a reconhecidíssima Bonnie Tyler, com uma balada fantástica! “Believe In Me” está, sem dúvida, nas minhas favoritas, com uma energia muito agradável. Mas o que aconteceu em palco desiludiu-me muito! A Dona Tyler perdeu, claramente, grande parte da sua qualidade vocal, e isso refletiu-se desde o início do tema, sendo que o resto da canção foi salvo pelas back-vocals. A sua gesticulação exagerada também me constringiu um pouco: esperava algo muito mais trabalhado e apropriado ao certame! Depois, a própria apresentação em palco foi inadequada, a meu ver! Esperava algo mais fresco, uns tons dentro do branco, adequados à leveza da música, mas aparecem-me com roupas pretas! A sério que só me deu vontade de rir, pois perderam uma oportunidade de serem fantásticos.
Quanto aos resultados, achei que faltou a fantástica Moldávia em 3.º lugar, colocando a Ucrânia e a Noruega bem mais para baixo. E a Hungria e Roménia deveriam ser completamente atiradas para os últimos lugares. Mas, acima de tudo, fiquei bastante feliz com o facto de ter ganho a minha favorita… Desde que a ouvi pela primeira vez, achei que seria uma potencial vencedora, conquistou-me logo e era quase óbvio que seria a Dinamarca a levar o troféu para casa este ano! Grande tema, grande sonoridade e grande apresentação em palco: esteve tudo muito bem e a Europa soube reconhecer isso! Muitos parabéns à Emmelie de Forest e desejo as maiores felicidades à Dinamarca, no que diz respeito à organização do Eurofestival do próximo ano.
Resta-me terminar a minha apreciação deste ano com uma palavra de desagrado, mais uma vez, à RTP. Foi bom ver mais um Eurofestival, mas foi triste vê-lo “de fora”, sabendo que as cores da minha bandeira não estavam lá representadas. Não há dinheiro para enviar uma canção à Suécia, mas há dinheiro para esbanjar em conteúdos que acabam por passar completamente despercebidos na grelha do canal, bem como nos salários absurdos a certas pessoas que lá trabalham. Será que não havia mais uns “trocos” para ir à Europa? Será que não havia interesse em divulgar o país? Sim, porque, se fosse bem aproveitada, a ida do nosso país à Eurovisão seria uma grande oportunidade de dar destaque à música nacional, especialmente internamente se houvesse boa organização e divulgação… Mas dá trabalho, não é? Espero que a transmissão “à última da hora” do certame desta ano seja um sinal de que existe interesse em regressar e, se assim for, ficarei ainda mais contente se este ano de pausa servir para que ganhemos força para o próximo ano e saibamos investir no Eurofestival!
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