CAPA 19:
Andreia Fonseca: Caro leitor, se quer ler criticas aguçadas referentes a temas eurovisivos, está no sitio correcto! Nos próximos momentos ver-se-á envolvido nesta tertúlia… Mas não! Não sou a única interveniente… Diogo, já aí estás?!
Andreia: Ainda nem apresentamos o tema desta tertúlia e já começas com as críticas?!
Diogo: Até parece que não me conheces, cara compatriota! Comigo é logo a atacar! Mas deixa-me cumprimentar os nossos caros leitores (sim, porque eu sou bem educado): BEM-VINDOS!
Andreia: Com as apresentações feitas e as críticas na ponta da língua… Diogo, caro colega, que tema nos traz cá hoje? A crise? As mudanças climáticas? Ou alguma telenovela nacional com nome de fruta?!
Diogo: Sinceramente não é nenhuma dessas… A capa desta semana tem por título “Cândida e Paião não precisam do Festival”. Apesar do Festival já ter lançado carreiras e de ser o melhor da Europa, já ninguém, hoje em dia, precisa dele. Porque será, Andreia?
Andreia: Porque será?! Muito por culpa de tudo aquilo que temos vindo a falar ao longo destas semanas. Um cantor que venda toneladas de CD’s, no auge da sua carreira, deve participar no Festival, correndo o risco de ser “esmagado” pelos outros países europeus?! Com que moral é que ele ia regressar a terras lusas?! “Olha o cantor X, ele vendia muitos CD’s, mas foi o Eurofestival e ficou em último!”. Achas que esta ideia é apelativa para um cantor ou mesmo compositor/letrista?! Ver o seu nome, que tanto lhe pode ter custado a valorizar, na lama por conta de representar o seu país?!
Diogo: Os Blue fizeram isso em 2011 (mas eles já estavam aposentados há muito tempo). A Eurovisão nunca valorizou os seus artistas… E se compararmos os FAMOSOS artistas, como Kate Ryan ou mesmo os Blue, com os outros, costumam ser desvalorizados. E porquê? Deve ser algum karma que a organização do ESC tem, pois nunca gostou de famosos nem de repetentes (como Dana International, por exemplo). Isto é um concurso de músicas, não de cantores; por isso, até acho bem isto acontecer (nunca se deve tirar mérito aos artistas mais fracotes… cada um merece um lugar na arena).
Andreia: Eu acredito que todos devam ser tratados de igual modo… Existe preconceito para com os famosos, o que é errado! Por outro lado, a Eurovisão já abriu muitas portas, mesmo actualmente (veja-se o caso dos Flor-de-lis, que gravaram um álbum de originais). Muitos cantores europeus, de renome nos seus países, tiveram como rampa de lançamento este certame. O Eric Saade já era famoso na Suécia, mas agora é-o por toda a Europa… E ele não deve parte desse feito à sua participação no ESC?!
Diogo: Andreia, não considero isso um sucesso estrondoso. Toda a gente, hoje em dia, grava CD's – até a Veríssima o faz -, por isso o feito dos Flor-de-lis gravarem nada traz de novo. O Eric Saade pode até ter as suas fãs por toda a Europa, mas onde é que andam as carreiras estrondosas: Celine Dion, Abba, Lara Fabian?
Andreia: A tal Veríssima só tem essa oportunidade porque entrou num reallity show… Não o pagou com o próprio dinheiro! O próprio panorama musical actual está voltado para carreiras efémeras. Se já tens uma carreira sólida, tudo bem… Se ascendeste agora ao topo, tens muito que suar! Não queiras comparar a concorrência musical que existe agora! Até porque existe muito lixo a entupir os Tops e a tirar oportunidades a quem de facto merece.
Diogo: Por isso mesmo, Andreia. O que pretendo dizer no meu discurso é que, devido à enorme concorrência musical, é muito difícil construir uma carreira sólida e internacional? Parece que os Americanos são os únicos que sabem lançar, dignamente, um artista!
Andreia: Tu só conheces da música americana o que passa em TV’s. internacionais. Imaginas a quantidade de cantores que são lançados num país como os Estados Unidos? Mas algo é inegável, Portugal é dos países que mais maltrata a arte que cá se faz, e a culpa não é só de quem “manda”, é também do consumidor que só gosta do que vem de “fora” (porque está na moda!).
Diogo: Concordo contigo, mas a música americana não passa só nas TV’s internacionais, até nos próprios canais nacionais, o que ainda mais me indigna. Então onde anda a música portuguesa, a música europeia? E eu até já tenho medo de falar das malditas rádios…
Andreia: E olha que, salvo erro, as rádios são obrigadas por lei a transmitir uma determinada percentagem de música portuguesa. Mas voltando à capa… Qual o motivo que levou à sua criação?
Diogo: O motivo é que Cândida e Carlos Paião concorreram ao Festival e não ganharam, cara aluna. E porque será? Apesar de não terem ganho, a música deles é um ícone e, hoje em dia, ainda é relembrada por muitas pessoas!
Andreia: Eles eram, de facto, uma dupla muito boa. E o Carlos Paião era um compositor e letrista que deixa saudades! Quanto a mim, eles não precisavam do Festival, mas mesmo assim fizeram parte dele. E porquê? Porque na altura os cantores ainda tinham respeito por este concurso (até o Tony Carreira participou nele!). Mas penso que seja inegável que grande parte das músicas enraizadas neste país “nasceram” no Festival… Este ano fui ao São João do Porto e durante o fogo-de-artifício no rio Douro (momento alto da noite) uma das músicas que serviu de banda sonora ao momento foi “Vinho do Porto”… Perfeitamente adequada ao momento. Mas seria essa música tão conhecida caso não participasse no Festival?
Diogo: Sinceramente, acho que sim. Não é um festival que define o sucesso de uma música. Há muitas músicas com sucesso que não fizeram parte da história do Festival. Música com qualidade tem sempre futuro. Sinceramente, acho que sim, Andreia. Ninguém se lembra deles no Festival e “Vinho do Porto” é um clássico!
Andreia: Pessoalmente, considero que antes as músicas do Festival marcavam mais os espectadores. As músicas dos Festivais mais recentes passam ao lado da maioria da população. Por isso, pretendentes a cantores, sigam o conselho que vos dou… Não concorram ao Festival, mas sim a programas de caça-talentos… É-vos mais rentável! Pelo menos fama efémera não vos faltará!
Diogo: Eu não concordo, Andreia. Já estou farto de dizer que primeiro vem o trabalho, só depois a fama. Quem começa pela fama, raramente terá trabalho depois. Mas isto é apenas uma mera opinião, eu não aconselho a participarem no Festival da Canção e nem nos programas de caça-talentos!
Andreia: Caro colega, pelo comentário final devia ter percebido que todo o meu conselho não passava de mera ironia… Já tinha afirmado, em tertúlias anteriores, a minha relutância contra esses programas… Simplesmente, os jovens cantores não lucram nem com um nem com outro. Mas por mim, o caminho mais digno é o Festival… Mais que não seja, aprendem a lidar com a rejeição (europeia) e com a derrota…
Diogo: Desculpa-te, desculpa-te… Bem cara colega, está na altura de nos despedirmos?
Andreia: Já?! Ainda agora comecei... Mas se tem de ser... Obrigada, caro leitor, por toda a paciência (principalmente com o Diogo) e continuem a participar nestas tertúlias e a transmitir as vossas opiniões!
Diogo: Hoje estás tão irónica, Andreia, e depois sou que tenho de levar contigo! Homem, sofre! Sim, temos de ir, Andreia, vamos comprar os bilhetes de avião para o Azerbaijão. Vamos à Eurovisão 2012! Até lá, caros leitores!
Tertúlia realizada por Andreia Fonseca e Diogo Canudo
Boas a todos
ResponderEliminarEm primeiro lugar quero dar-vos os parabéns pela capa escolhida!!!saudades de dois grandes artistas infelizmente já desaparecidos,mas que deixaram um grande legado,conheci os dois e lembro-me muito bem deste Festival de 1983 realizado na cidade do Porto,foi realmente uma semana emocionante e nomes sonantes do nosso panorama musical a disputar o passaporte para Munique!!!
Alexandra,Herman José,Helena Isabel,Broa de Mel,Ana,Armando Gama que todos conheciam dos "Sarabanda" e claro a Cândida e o Paião...entre os estreantes tivemos duas presenças uma pela positiva e que foi a presença de Jorge Fernando que ainda hoje tem a sua carreira reconhecida no fado e pela negativa Tessa que desapareceu como a sua"Ave do Paraíso"...mas voltando á capa,estes eram sem sombra de duvida os grandes favoritos á vitória,com uma canção a transpirar Portugal por todos os poros,ou melhor Vinho do Porto em todos os copos Portugueses...acabamos embalados na linda balada de Armando Gama,o que em nada me desagradou!!!
Para finalizar,vamos lá brindar as estas crónicas e domingo cá nos encontraremos para mais uma capa que não duvido nos venha recuar no tempo e reviver mais um Festival...quando na verdade o Festival era a verdadeira festa da musica!!!