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Os vencedores da Eurovisão: “Save Your Kisses For Me” dos Brotherhood of Man (1976)


           
Após a sua vitória na edição anterior, a Holanda foi o país anfitrião do Festival Eurovisão da Canção de 1976. Depois de já ter recebido este grande certame por duas vezes (em Hilversum e Amesterdão), a cidade escolhida para este ano foi The Hague. O evento foi realizado e transmitido no dia 3 de Abril de 1976.
        
Esta edição ficou marcada por várias mudanças no rol de países a concurso. Uma das mais salientes foi a desistência da Suécia – país anfitrião do ESC de 1975. Os motivos? São bastante interessantes… A TV sueca considerava que o concurso se tinha tornado demasiado comercial (se tiver lido a crónica sobre o ESC de 1975, recordar-se-á que essa edição ficou marcada por manifestações de habitantes suecos que protestavam por esse mesmo motivo). Outra razão prendia-se com o receio de que, ao concorrer, pudessem vencer novamente, o que se tornaria muito dispendioso.
           
Mas a Suécia não foi a única a desistir, a Turquia e a Malta também seguiram os seus passos – Malta já tinha um tema seleccionado para a sua participação, mas desistiu por motivos nunca revelados, voltando, apenas, na edição de 1991. Em contrapartida, a Grécia e a Áustria voltaram a participar no ESC, perfazendo um total de 18 países a concurso. O Liechtenstein tentou participar nesta edição (tendo até escolhido um música para esse efeito), mas viu-lhe ser rejeitada a candidatura uma vez que não tinha um canal televisivo próprio.

        
Esta edição ficou, também, marcada por mudanças nas regras referentes à orquestra. Pela primeira vez foi permitido o playback instrumental de algumas partes da música (aquelas que não fossem passíveis de serem tocadas pela orquestra ao vivo)… E assim começou, em parte, a “era plástica” da Eurovisão. Outro dado interessante remete para o facto da maioria dos países optarem por cantar inglês (na esperança de melhores resultados).
         
O país que ficou em primeiro lugar nesta edição foi, também, o primeiro a pisar o palco na noite eurovisiva – o Reino Unido. O tema vencedor foi o “Save Your Kisses For Me”, interpretado por uma banda composta por dois casais… Não! Não são os ABBA, mas sim os Brotherhood of Man!

A banda…
            
Seguindo uma linha de temas vencedores interpretados por bandas, esta edição foi vencida por um dos grupos musicais mais mediáticos da Eurovisão. Os Brotherhood of Man são uma banda britânica, formada em 1969 (com uma composição diferente da presente no ESC) pelo produtor/compositor Tony Hiller. 
Com um início de carreira desastroso – o primeiro single foi um autêntico fracasso de vendas - viram no segundo single, “United We Stand”, a rampa de lançamento para às luzes da ribalta, alcançando lugares cimeiros em vários Tops internacionais. Alguns anos passaram, e a banda continuava a editar temas de sucesso, até que alguns dos elementos optaram por sair da mesma. Em 1972, Hiller reuniu quatro cantores com os quais já mantinha contactos profissionais, formando a composição do grupo que venceu o Festival Eurovisão da Canção (e que se mantém até os dias de hoje). 

         
Em 1976, de forma a criar impacto no Reino Unido, a banda decidiu concorrer à Selecção Nacional para a Eurovisão com o tema “Save Your Kisses For Me”. Saíram vitoriosos da mesma, assim como da própria Eurovisão. Com esta conquista, foram inevitáveis as comparações com os ABBA, alcançando sucesso internacional, mas não ao nível do grupo sueco. Muitos foram os sucessos (com alguns percalços pelo caminho), com relevo para o facto de esta banda continuar no activo (de forma mais comedida) mesmo após algumas separações provisórias. Uma das suas aparições mais recentes e mediáticas foi na própria celebração dos 50 anos da Eurovisão, onde tinham o seu tema como concorrente ao título de melhor canção eurovisiva de sempre, curiosamente (ou não!) vencido pelos ABBA e o seu “Wateroo”.

O tema…
            
Esta é, provavelmente, uma das músicas mais conhecidas no mundo eurovisivo, mais pela interpretação do que, propriamente, pelo tema em si. Tanto a música como a letra são da autoria de Tony Hiller, Lee Sheriden e Martin Lee. Pessoalmente, considero que a música tem uma sonoridade especial, muito por culpa dos “sininhos” que comandam a melodia, circunscrevendo-a numa atmosfera de alegria. É normal que esta música não se enquadre no panorama musical actual, mas é um clássico e merece ser considerada com esse estatuto. Quanto à letra, é bastante simples, o que se adequa à própria composição musical. O tema central, cantado pelos vocalistas, é, como não podia deixar de ser, o amor! Um homem que vai trabalhar, mas pede à sua “cara-metade” que espere pela sua volta, “prometendo guardar todos os seus beijos só para ele”.
       
O tema tornou-se num grande sucesso (número um no Top britânico por seis semanas consecutivas!), tendo ficado em quinto lugar no ranking das melhores músicas de sempre do Festival Eurovisão da Canção! Aliás, segundo John Kennedy O'Connor, autor da obra "The Eurovision Song Contest - The Official History”, esta foi a canção vencedora do concurso que mais vendeu na Europa e a nível global (foi, também, número um no Top dos Estados Unidos da América).

A interpretação…
             
Penso que na interpretação reside o segredo para a vitória deste tema. Tudo foi pensado ao pormenor por esta banda… Desde o guarda-roupa (junção das cores vermelho, preto e branco, com o próprio maestro a condizer), passando pelo posicionamento em palco e, claro, a coreografia! A tão famosa coreografia que, mesmo não sendo tão arrojada com as actuais, é bastante competente e revolucionária para a época. Outro factor preponderante para esta vitória, e para o encanto da actuação, é a simpatia e boa-disposição estampadas nos rostos dos quatro elementos da banda. Mas a actuação não se resume, exclusivamente, à sua atractividade visual. As vozes apresentam-se numa união perfeita, muito bem coordenadas e com uma prestação vocal muito satisfatória. Resumindo e concluindo, são três minutos de actuação que marcam (e continuarão a marcar!) a história da eurovisão. 

Crónica redigida por Andreia Fonseca
12/08/2011
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