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[Crónica] Bitaites sobre o Festival da Canção 2024

 

Há quem, no dia de hoje, escolha comentar sobre o futuro do país. Como não quero fugir à regra, reflito, também, sobre o futuro de Portugal. É possível que o futuro eurovisivo seja deveras menos relevante que o futuro político, mas é, ainda assim, um futuro.

Sempre foi complicado para mim imaginar um cenário onde Portugal não era humilhado na Eurovisão. Eu cresci com a Sofia Vitória, os 2B e as Non Stop a representarem-nos. Estou habituada a ver o meu país nos últimos lugares e a ser esquecido passados dois segundos do final da atuação, ou, pior, a ser lembrado pelos piores motivos (Homens da Luta, estou a olhar para vocês). Como tal, custa-me que, pelo quarto ano consecutivo, levemos uma boa música e, pior que isso, uma atuação digna. É estranho. Portugal tem vindo a perder a sua essência e eu não sei até que ponto não devemos voltar a apostar em lixo. Tínhamos ali os Perpétua, e fomos escolher a iolanda.

Lembro-me de a iolanda ir ao The Voice e ninguém ter virado a cadeira. Foi um erro, mas ainda bem que aconteceu. Não creio que ela tivesse encontrado este estilo tão próprio se alguém tivesse virado a cadeira naquela prova cega. Se nunca ouviram as outras músicas dela, façam-no, porque estão ao nível deste "Grito". Eu sempre gostei muito do timbre dela e, assim que vi que era uma das compositoras deste FC, fiquei logo convencida de que seria uma das minhas preferidas. Para bem dos meus pecados, era a favorita de quase toda a gente. A iolanda apresentou-nos não só uma música de alto nível, mas, sobretudo, uma atuação como nunca vimos no FC. Está tudo certo para o palco eurovisivo e, o que quer que aconteça, vamos muito bem representados.

Agora, falando do FC em si. Alguém tem de dizer à RTP (e esse alguém somos todos nós, todos os anos) que não se aguentam duas horas de enchimento de chouriços, por muito que sejamos fãs da coisa. Eu acabei de ver as músicas na final e meti uma série. Quando acabei o episódio (e era de uma hora), ainda tive de levar com medleys e mais tretas antes da votação. Não há paciência que aguente e o programa seria muito mais apelativo se durasse menos tempo. Poderão argumentar que eu aguento o Sanremo e são mais horas, só que o Sanremo sabe como encher chouriços e o Festival da Canção não sabe, apesar de ter muitos anos de experiência nisso.

As passagens e não passagens da primeira semifinal não me chocaram, foi tudo normal, tendo em conta as prestações, exceto, claro, os Perpétua. Na segunda semifinal já falamos de outra maneira. É que eu metia facilmente todos os que não passaram na final. Ok, não todos, porque acho que o Silk Nobre, a Rita Onofre e o Leo Middea foram justos finalistas. Mas expliquem-me, por favor, onde é que os No Maka ft. Ana Maria, com uma música básica e mal cantada, a Cristina Clara, com uma seca de música, e o Buba Espinho, com uma música que cheirava a mofo daqui a Espanha e nem no FC 2012 tinha lugar, foram melhores que o Huca (nem vou elaborar, senão, não saía daqui), a FILIPA (ok, mau staging, mas pelo menos sabe cantar), o João Couto (má música, sim, mas pelo menos preocupou-se em fazer uma atuação) ou a Maria João (vá, eu esta dispensava). Há coisas incompreensíveis e os resultados da 2.ª semifinal é uma dessas.

Falando em resultados, muito queridos os jurados do Alentejo a dar os 12 pontos ao Buba Espinho. Quem diria, não é? Mais óbvio só mesmo o Chipre a pontuar a Grécia. Se nem a nível nacional os jurados conseguem ser imparciais, como é que podemos esperar que o sejam na Eurovisão?

Se eu estou contente com os resultados? Claro, ganhou a minha preferida. Se acho, como algumas pessoas, que o júri devia ser abolido porque a vontade do povo não se cumpriu? Reparem que o povo, na sua grande maioria, é estúpido. Não sei se lembram que, em 2017, o povo não elegeu o Salvador Sobral. Claro que o júri devia ser imparcial, mas nós não vivemos num mundo perfeito.


Dito isto, é bom saber que, pelo menos numa das votações deste fim de semana, ganhou quem devia ter ganhado. Na outra, provou-se, como já disse, que o povo é, de facto, bastante estúpido, e talvez estúpido seja até um elogio para aquilo que o povo realmente é.

Fotos/Vídeos: RTP

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