Nós, eurofãs portugueses, temos um problema: somos portugueses habituados a ver, ano após ano, os Melodifestivalens da vida. Isso faz-nos querer um Festival da Canção com uma produção ao nível da Suécia ou com uma qualidade musical ao nível da Itália. Se é realista? Não. Se sabemos que não o é? Sabemos. Se continuamos a exigi-lo? Claro.
Eu sou, muito provavelmente, a pior pessoa do mundo para vos dizer para verem as coisas pelo lado positivo. Também sou, muito provavelmente, a melhor pessoa do mundo a fazer pouco de coisas que gosto. Juntei o útil ao agradável e, durante o resto da semana, trago até vós grandes memórias dos últimos 20 anos de Festival da Canção para perceberem que, o que quer que sábado nos traga, podia ser bem pior.
Começo esta viagem com 10 músicas das quais certamente se lembrarão e que foram tremendamente injustiças tamanha era a sua qualidade. Sem qualquer ordem em particular, venham comigo nesta viagem.
Queres que eu dance? - Carlos Costa
Quantas vezes o povo eurovisivo se manifestou a favor de Carlos Costa no Festival da Canção? Muitas. Fã assumido da Eurovisão, finalmente vimos o seu nome no FC 2012. Se bem se lembram, em 2012 os artistas iam a um casting e depois eram atribuídos aos compositores convidados pela RTP. Excelente método. Ora, o Carlos Costa não podia ter calhado com ninguém mais distante do seu estilo: o João Só. Isto funcionou de uma maneira muito própria: não funcionou! Mas deu-nos gargalhadas que duram até hoje.
Quero-te abraçar - Cláudio Frank
É a música mais recente a figurar nesta lista e também a mais honesta. Cláudio Frank é o artista mais íntegro que já ouvi, na medida em que nos apresenta ao vivo exatamente aquilo que nos deu na versão estúdio. Se fizesse playback nem teríamos notado. É de louvar artistas que desafinam também na versão estúdio.
Boom boom yeah - Axel
Que atire a primeira pedra quem não sabe o refrão e respetiva coreografia completos desta música. Eu não atiro pedra nenhuma porque sou uma amante confessa do lixo mais lixo do FC. O Axel, 10 anos depois, continua a cantar isto em programas de domingo à tarde. O orgulho destas pessoas nunca me desilude.
Paz - Adelaide Ferreira
Eu sou a favor de regressos de artistas à Eurovisão, a menos que o objetivo desses regressos seja rebentar-nos os tímpanos. Adelaide Ferreira gritou tão alto a pedir a paz no mundo que me custa a acreditar que o seu desejo não se tenha concretizado por medo de termos de a ouvir novamente, vestida com um saco do lixo, a cantar SAAAAAAAALVA-ME, VEM E SAAAAALVA-ME (escrevo isto a cantar enquanto o faço).
Ai Lisboa - Jorge Guerreiro
Sabem o que é que faz falta atualmente no FC para o tornar mais apelativo? Música de programas de domingo à tarde. É trazer Jorge Guerreiro de volta. Todos os anos com uma música sobre uma cidade diferente.
Coração de Filigrana - Madalena Trabuco
Eu não me lembro quem foi o autor desta música nem tão pouco sei onde ele foi desencantar a Madalena, que me parecia a pessoa mais nervosa do mundo naquela atuação. Sei sim que, apesar de não me conseguir recordar de 1 segundo da música, ainda hoje tenho imagens da mesma na cabeça.
O amor não sabe - Filipa Galvão Teles
Oiçam, no que a coreografias do FC diz respeito, nenhuma - sim, nenhuma - vai conseguir bater esta. Isto é a definição de tornar uma música memorável com o staging. Porque a música, só por si, não era algo que íamos recordar passados tantos anos, mas o staging, esse sim, é de louvar. Não é bom, mas é memorável e isso muitas vezes basta.
Redescobrir Portugal - Gerson Santos
Creio que esta música vai figurar em mais textos ao longo desta semana por motivos óbvios. Imaginem-se a serem o Gerson e a ouvir isto pela primeira vez. Faziam o quê? Iam na mesma ao FC sabendo que iam ser gozados anos a fio por isso, ou recusavam cantar esta palhaçada?
Amore mio - Tayti
Achar que o Festival da Canção vai reavivar uma carreira que morreu em 1995 com "Mexe o tutu" é deveras errado. Ou talvez fosse uma boa aposta, se "Amore mio" fosse mais como "Mexe o tutu" e menos como "Amore mio".
Tu tens uma mágica - Gonçalo Tavares
Deixei para último a minha preferida. "Tu tens uma mágica" já é um título, por si só, ridículo, na medida em que o português é meio manhoso. Ainda assim, foi à finalíssima em 2015 porque os compositores, que votavam uns nos outros para eleger a 3.ª canção finalista, optaram por votar na pior. A ver se a Simone conseguiu tal feito.
Vídeos: RTP/André Pereira/Luís J. Málaga
Não concordo com NENHUMA das mencionadas.
ResponderEliminarCatarina Pereira (as duas vezes), Catarina Miranda, Diogo Piçarra, The Agency, isto sim eram CANÇÕES! ;)
Era ironia, mas gosto muita da música dos The Agency e sinto que caiu totalmente no esquecimento
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