[Crónica] Segunda Semifinal do Festiv.... Fest... Fe... zzzZZzzzZZzzzzz

Já são conhecidos os resultados da segunda semifinal do Festival da Canção (FC) 2019. Se por um lado tivemos uma primeira semifinal com algumas canções interessantes, por outro temos uma segunda emissão demasiado aborrecida para ser verdade.

*Recorda [AQUI] a crónica acerca da primeira semifinal do FC 2019

As Atuações

A abrir a segunda semifinal tivemos Lara Laquiz com o tema "O Lugar", composto por André Tentugal. Lara Laquiz fez o que pôde com uma canção ótima para se limpar a casa. A intérprete não tem uma voz maravilhosa, embora a atuação tenha sido interessante do ponto de vista visual. O vestido, os movimentos da cantora e a coreografia conseguiram disfarçar o tema pouco memorável que se fez ouvir.

De seguida, veio "Lava", tema cantado por Dan Riverman e composto por Miguel Guedes. Bem, eu nunca fui um grande apreciador desta canção, mas tenho que confessar que fiquei surpreendido com a interpretação de Dan Riverman. Notou-se que o intérprete sabe estar em palco e que sabe fazer uma interpretação, para além de ter uma voz bonita e envolvente. Apesar do tema pouco inspirador, o resultado final foi positivo.

Seguiu-se no alinhamento Mariana Bragada que cantou "Mar Doce", canção composta pela própria. Devo confessar que gosto deste tema, pela sua simplicidade e pela boa energia que transmite. No entanto, em palco, Mariana Bragada revelou alguma inexperiência, tendo falhado algumas notas no refrão. Para além disso, o tema não soou tão forte como na versão estúdio. Apesar de uma certa desilusão, é evidente que Mariana tem imenso potencial e que com o tempo, poderá conquistar o seu espaço na música portuguesa.  

A quarta canção a ser ouvida foi "O Jantar", cantada por João Couto e composta por Pedro Pode. João Couto fez uma interpretação de um tema que não foi pensado inicialmente para si. O trabalho de câmaras e o jogo de luzes escolhidos também não foram os melhores. 

Após o jantar vieram os Madrepaz, que interpretaram o tema "Mundo a Mudar", composto por Frankie Chavez. A canção, caso ganhasse o FC 2019, não teria qualquer hipótese na Eurovisão, sendo demasiado monótona. No entanto, há que ressalvar a excelente harmonia de vozes que se fez ouvir, tendo sido esse o aspeto mais forte desta aposta. O visual também foi memorável e a atuação foi adequada ao tema. "Mundo a Mudar" é boa para consumo interno, mas fica por aí.

Após tanta canção pouco memorável, acabei mesmo por adormecer, tendo sonhado com "Pugna", canção cantada e composta por Surma. E foi exatamente isso: um sonho (ou um pesadelo). Surma foi a única, em 8 propostas, que percebeu o verdadeiro significado de "conceito" e o traduziu no palco. E foi incrível. A cantora conseguiu criar uma atmosfera obscura, com auxílio de dois dançarinos formidáveis e um coro exemplar. Foi, provavelmente, a atuação mais bem elaborada de sempre de um festival da canção. É impossível não se sentir uma certa inquietação e medo durante a apresentação. É um tema a considerar para a Eurovisão, que tanto pode ser um verdadeiro sucesso ou, simplesmente, ficar fora da final. Obrigado Surma, por me teres feito sonhar e por teres salvo esta semifinal. 

A sétima canção a ser ouvida foi "Debaixo do Luar", cantada por Mila Dores e composta por Rui Maia. Mila Dores é uma excelente intérprete e cantora e defendeu uma canção agradável e bem construída. Gostei da envolvente atuação, desde o piano até ao movimento de vai-e-vem da bola de espelhos. Uma canção com influências jazz, que infelizmente acabou por não agradar muita gente.

E finalmente, no palco do festival, fez-se ouvir "Igual a Ti", canção cantada e composta por NBC. A canção era considerada a favorita desta semifinal e, realmente, "Igual a Ti" é uma excelente proposta, que pode conquistar as rádios nacionais e, quem sabe, conquistar a final da Eurovisão. Mas não com a atuação que vimos na semifinal. Foi um tanto exagerada, demasiado dramática e, a nível vocal, estava à espera de melhor. Não é que tenha sido má, mas acabou por defraudar as expectativas, devido ao favoritismo que se criou em torno da canção.

O Espetáculo

A segunda semifinal do FC 2019 foi um verdadeiro tédio e tive de me esforçar imenso para não adormecer durante a segunda parte da emissão. Se por um lado a maioria das canções era mais fraca que na primeira semifinal, por outro fomos sujeitos a tributos e um "enchimento de chouriços" nunca antes visto num festival. Para que haja uma noção, uma das mais populares finais nacionais da Europa, o Melodifestivalen, o festival sueco, apresenta, em cada semifinal, sete canções, interval acts e os resultados em apenas 1h30. Pois que a RTP apresenta o mesmo quase com o dobro do tempo. A emissão morre, os espetadores adormecem e só acordam quando já estão a passar as televendas. 

Os aspetos positivos continuam a ser a o ritmo com que são apresentadas as canções e os vídeos de apresentação dos artistas. Os apresentadores da segunda semifinal também fizeram um melhor trabalho que a Tânia e a Sónia. Pelo menos senti que estava a ver um programa de prime time e não a Praça da Alegria.

Os Resultados

Eu estava consciencializado para ver Surma a ser eliminada do festival e a receber uns míseros 3 pontos do painel de jurados. Começa a atribuição de pontos. Surma não recebeu 3 votos? Ah, então  vai receber os 4. Não? Pronto, então vai ficar pelos 5. Ainda não??? Como assim vai receber 6? Espera lá, Surma ficou nas 4 favoritas do painel de jurados???????

É verdade! Não só ficou nas 4 favoritas dos jurados, como acabou mesmo por ganhar esta parte da votação. Eu fiquei bastante feliz com os 12 pontos atribuídos, mas a questão tem de ser feita: onde está a coerência? Faz sentido "Pugna" ser a favorita e "Telemóveis" e "Inércia" terem ficado abaixo de "A Dois" e "Perfeito" na votação dos jurados na primeira semifinal? Das duas uma, ou o painel de jurados abriu os olhos (neste caso os ouvidos) ou a organização do festival fez o favor de ter uma conversa com os jurados. 

Os resultados do painel de jurados foram:

1º Surma (12 pontos)

2º NBC (10 pontos)

3º Madrepaz (8 pontos)

4º Mariana Bragada (7 pontos)

5º Dan riverman (6 pontos)

6º João Couto (5 pontos)

7º Mila Dores (4 pontos)

8º Lara Laquiz (3 ponots)

Estes resultados parecem-me justos, embora ache que Mila Dores merecesse ser finalista, pela qualidade da sua voz, canção e atuação. Portanto, eu trocaria os Madrepaz pela Mila Dores. João Couto teria posto em último lugar com três pontos.

O top 4 do público foi: Mariana Bragada, Dan Riverman, Madrepaz e NBC. Não condeno os 6 pontos atribuídos a "Pugna". O conceito, de facto, poderá ser demasiado obscuro para ser percebido pelas massas. No entanto, espero que ganhe mais adesão na final do FC.

Os 4 finalistas desta semifinal acabaram por corresponder às favoritas do painel de jurados.

E agora... quem ganha o festival?

Eu acredito que a vitória será disputada entre Conan Osíris, NBC e Surma. Sinto que Matay acabará por cair no esquecimento com aquela atuação pouco memorável num palco que será certamente maior e que exigirá muito mais aos artistas em termos de interpretação e conexão com o público. Depois de tanta se falar da injustiça dos resultados vindos dos jurados na primeira semifinal, também estou certo que Conan não ficará apenas pelo quarto lugar na votação regional. Por outro lado, tanto o Conan como a Surma deverão ser beneficiados na Grande final, visto apresentarem atuações pensadas para palcos maiores. O dramatismo excessivo de NBC também poderá resultar no palco de Portimão. 

E finalmente...

Eu quero acreditar que a RTP se vai empenhar a sério na realização de um bom espetáculo de entretenimento e que será, em quase tudo, distinto das semifinais. A casa vai estar cheia e a arena é grande. A RTP fez um excelente trabalho com a final do FC 2018, por favor não caiam no erro de se inspiraram nas semifinais que fizeram para esta edição...

Principais Distinções da Noite

Melhor Prestação

Surma

Maior Surpresa

Surma

Pior Prestação

João Couto

Imagens: lux, festivais da canção, RTP