Formado no Conservatório Nacional com média de 18 valores, Tiago Machado já trabalhou com nomes como Mariza, Hands On Approach e Boss AC. Em 2017 lançou "Soudlanpse", o seu primeiro álbum de originais e agora estreia-se no Festival da Canção.
Crónicas de Eurofestivais (CE): Formou-se em música no Conservatório Nacional com média de 18 e já trabalhou com nomes das mais diversas áreas musicais. O que é que o fez aceitar este desafio de participar no Festival da Canção?
Tiago Machado (TM): Desde miúdo que me lembro de me sentar com a família para ver o Festival, tudo me fascinava, era provavelmente o concurso mais emocionante da televisão. Mais tarde fui-me desligando devido ao facto de sentir o Festival muito artificial, com pouca essência e muito espalhafato. Em 2017 com os resultados da música da Luísa Sobral, apercebi-me que ainda há muita gente que gosta de ouvir boa música, o que me levou de novo a acreditar no Festival, e consequentemente concorrer através do convite da RTP.
CE: Haverá pessoas que não sabem mas o Tiago é a mente por trás de um dos maiores (senão mesmo o maior) êxitos da Mariza, “Ó gente da minha terra”. Além disso já trabalhou também com artistas como os Hands on Approach ou o Boss AC. A maioria dos músicos escolhe focar-se num género. Como é que é trabalhar tantos géneros musicais e até que ponto é que isso o influencia enquanto músico?
TM: Para mim não é difícil adaptar-me pois sinto a música como algo universal. Sempre fui habituado a ouvir vários estilos de música diferentes apenas com uma condição, tem de ser boa música. O facto de ter trabalhado com tantos artistas de áreas diferentes, ajudou-me a perceber vários conceitos musicais e também a criar os meus próprios conceitos.
CE: O seu álbum “Soundlapse” é uma mistura de sons muito interessante que diz ser o fruto de 15 anos de trabalho com vários artistas. É algo assim que podemos esperar da sua participação no Festival da Canção?
TM: Sim, sem dúvida. Tudo o que vou aprendendo enquanto compositor e produtor será utilizado com o intuito de servir a música da forma mais adequada.
CE: Costuma ver o Festival da Canção e a Eurovisão? Que memórias tem destes eventos?
TM: Como já respondi anteriormente, havia na minha casa uma tradição de ver o Festival da Canção. Tenho várias memórias, uma delas é sobre as canções clássicas da Simone de Oliveira, Paulo de Carvalho, Carlos do Carmo e mais recentemente Dulce Pontes, Sara Tavares e claro, Salvador Sobral. Outra razão também relevante é que o meu pai tocava muito nas orquestras que acompanhavam os artistas, o que era motivo de dobrada atenção.
CE: Até há pouco tempo o Festival da Canção e a Eurovisão não eram vistos com os melhores olhos no nosso país. Qual é a ideia que tem dos eventos? Mudou alguma coisa desde a vitória de Portugal em 2017?
TM: Sinceramente, acho que o conceito pode ser muito ingrato, pois muitas vezes aposta-se no mediatismo e não na qualidade das canções e dos intérpretes, o que pode tornar tudo no festival “das vaidades”. Fiquei muito feliz com a vitória do Salvador no Festival, não pelos prémios, mas sim pela forma como a música portuguesa ficou dignificada. Foi uma grande lufada que me deixou muito orgulhoso.
CE: Acha que há uma fórmula vencedora para a Eurovisão ou é preferível optar por fazer algo com que os artistas se identifiquem em vez de pensar em fórmulas?
TM: Claro que não há fórmula, já vi coisas completamente absurdas a serem vencedoras do Festival da Canção. Com a minha experiência e influências musicais pretendendo demonstrar aquilo que poderá ser uma música que dignifique o nosso país com os meus padrões de qualidade.
CE: Finalmente, sabemos que não nos pode dizer muito sobre esta participação, mas como descreve o tema pelo qual é responsável? Acha que teria potencial de alcançar um bom lugar em Telavive?
TM: Tanto para mim, como para o letrista ou para o intérprete o tema ficou perfeito, vocês vão perceber esta frase mais tarde. Não consigo fazer prognóstico de votações, mas garanto que iria deixar o nosso país orgulhoso da música a defender.
Imagem: Público
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