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[Especial] Realidade Virtual no ESC?


Projeções, ilusões óticas, paredes de escalada mágicas e hologramas são alguns truques visuais escolhidos para cativar a audiência eurovisiva. Qual será o próximo passo tecnológico do ESC?

No último trimestre foi oficialmente anunciado o Eurovison Asia Song Contest e, embora as conversas geradas tenham sido sobre o que realmente será uma Eurovisão asiática e o quão diferente soará da Eurovisão europeia, uma nova questão aparece nos cerebrozinhos que, como o meu, vêm o potencial de um espetáculo eurovisivo influenciado pela cultura tecnológica asiática. 


Não há nada modesto no conceito de espectáculo dos asiáticos.



Adicionando esse anúncio à possibilidade de levar a Eurovisão para os Estados Unidos da América... as possibilidades são infindáveis! 

A verdade é que, em termos de espetáculo tecnológico, a Eurovisão é raramente pioneira ou inovadora. Mesmo nos elementos tecnológicos já utilizados, destaca-se a simplicidade de um budget de que se esperaria mais. 

Então de que mais podemos esperar dos engenheiros responsáveis pelo Festival Eurovisão da Canção?



PULSEIRAS

Começando pelo truque tecnológico mais simplório, já vimos em várias ocasiões o uso de pulseiras programadas para se iluminarem em momentos específicos (sempre que os russos cantam sobre paz e amor). Para algo que fica pesado no orçamento da delegação, esperava-se que estas pulseiras fossem usadas de maneira menos previsível. 

Obviamente, a Eurovisão não foi a pioneira da mais bonita e desnecessária foleirice da história. Um facto curioso para os que não sabem: em 2011, a tour “Mylo Xyloto” dos Coldplay teve dificuldade para evitar prejuízo porque a banda decidiu que queria o público com pulseiras que brilhavam com cores diferentes durante a canção “A Head Full of Dreams”. No momento em que começavam a cantar a canção “Yellow” toda a arena era iluminada por pulseiras a brilhar amarelo (cada pulseira custava perto de 5 euros para ser produzida!).

Como podem verificar no vídeo que se segue, os Coldplay usam estas pulseiras não só como um acrescento visual, mas impõem uma componente rítmica no compasso a que se iluminam as pulseiras e criam uma estética de tons néon.




Para as delegações que não têm o bolso vazio como São Marino, mas que não têm o bolso pronto para os fogos de artifício, ainda há muitos cantos para explorar neste truque visual. 



PROJEÇÕES

As projeções serão consideradas o elemento marcante do espetáculo eurovisivo desta década, sendo que conseguiram, apenas com o seu mérito, dar a vitória a Måns Zelmerlöw, em 2015. 
No entanto, o certame não foi, de maneira nenhuma, pioneiro e inovador ao introduzir interação com projeções. Houve quem o tenha feito muito antes e muito melhor.

Em 2011, a Beyoncé (sim, essa Beyoncé!) preparou um dos espetáculos mais icónicos da história da raça humana. Nos Billboard Awards apresentou uma ideia, até então menosprezada, de interagir com projeções muito mais complexas e bem pensadas do que todas as tentativas da mesma ideia na Eurovisão. 


Embora os eurofãs achem que o conceito já foi desgastado, ainda não houve qualquer uso de projeções que tenha chegado à excelência já comum norte-americana. 




HOLOGRAMAS

A tecnologia que me deixa mais entusiasmada e a tecnologia em que eu colocaria o meu dinheiro como aposta de "Qual Será o Próximo Passo Tecnológico no ESC?" são os hologramas
Vimos em 2016 um homem nu a acariciar um lobo, mas a potencialidade de hologramas no ESC é gigantesca e vai muito além de qualquer atuação que tenhamos visto no certame.

Querem uma história que mostre que a Coreia do Sul está 30 anos à frente quando se trata de hologramas? E se eu vos disser que se tornou parte do quotidiano coreano haver concertos de K-Pop todos os dias? O que acontece é que as bandas de K-Pop gravam um concerto que é depois transformado em holograma e exibido todos os dias numa arena, como qualquer outro concerto. Simplesmente fenomenal!



Ou, por exemplo, observem a maneira como a Broadway coreana utiliza os hologramas da maneira mais espetacular possível. 



Chegará a Europa a este nível de espetáculo antes de 2030?




REALIDADE VIRTUAL

O grande ponto de exclamação ingénuo. Para quem anda mais desligado do mundo da engenharia e das novas tecnologias, eu vou explicar porque é que a realidade virtual é tão fascinante para uns e tão rica de indiferença para outros.

De todos os avanços do século 21, ao vermos a Lei de Moore a começar a estagnar-se, é difícil destacar "um salto gigantesco para a humanidade" de um filtro animado do Snapchat. 

Temos carros sem condutor e impressoras a 3D, mas a nova tecnologia mais abrangente e mais revolucionária tem de ser a realidade virtual. Uma tecnologia que tem o poder de mudar o processo de planeamento de cirurgias na medicina, o processo de projecção arquitecónica na arquitetura, o processo de comunicação a longas distâncias, o conceito de "viajar" e, primeiramente, mudar, por completo, a maneira como consumimos as diferentes formas de entretenimento.




Em 2016, foi lançado o primeiro headset um preço acessível para o mero mortal: Playstation VR. A Sony, empresa responsável pela Playstation, é uma multinacional japonesa (já estão a fazer as conexões com a Eurovision Asia?) que é conhecida pela sua consola e investimento em videojogos, pelos variados produtos eletrónicos, pelo seu estúdio de Hollywood (Sony Pictures), pelos seu conjunto de canais de televisão (AXN) e, mais relevante para a conversa, é conhecida pela subsidiária multimilionária Sony Music Entertainment.



Com a Sony a liderar a resposta da realidade virtual, é impossível não ficar expectante pelo primeiro anúncio de que começarão a ser transmitidos concertos em realidade virtual.  A Universal Music Group, responsável por todos os eventos iHeartRadio, já se comprometeu a avançar com esta ideia.

Então, perguntem-me: "Porque é que ainda não vimos nada disto a acontecer?"

Muito resumidamente, o mundo dos videojogos tinha a responsabilidade de provar a potencialidade atual da realidade virtual, dado que são o meio de mais fácil integração da tecnologia. Mas sendo uma tecnologia caloira, uma percentagem mínima de jogadores investiu num headset (porque ainda não é nada prático!) e, as empresas responsáveis por desenvolver jogos, não querendo produzir jogos para um niche de pessoas, não financiam jogos de realidade virtual. Os jogadores mais cínicos vêem que as empresas não estão a apostar na realidade virtual e não sentem qualquer necessidade de comprar um headset. E o círculo vicioso continua...



Portanto, temos um impasse em que nos está nas mãos a nova maravilha do século 21 e nós não sabemos o que fazer com ela.

Neste impasse, as empresas de audiovisuais decidiram usar os vídeos 360º como um meio de transição, o que se revelou ser um falhanço total, sem nenhuma audiência interessada. 



Então, o que era preciso para a realidade virtual funcionar na Eurovisão?

Para adaptar esta tecnologia a qualquer conteúdo televisivo teria de se encontrar o equilíbrio entre dar liberdade ao espectador para controlar a sua experiência e manipular o que o espectador consegue ver. A escolha de ângulo estratégicos para alcançar a total intimidade que a realidade virtual promete. Nada que se assemelhe ao que a Netflix está a fazer e nada que se assemelhe a um mísero concerto 360º.

Um bom exemplo de uma boa tentativa que deixa muito a desejar:


O público não quer sobrevoar o palco. Nós queremos close-ups e ângulos cinemáticos. Nós não queremos um shot contínuo. Queremos estar em cima do palco com o Donny e queremos olhar para o fumo a sair a centímetros de nós.

Com a confirmação da Eurovision Asia, a EBU tem nas suas mãos a oportunidade de estabelecer novas parcerias que impulsionem a realidade virtual para os espectáculos televisivos. Seria, assim, o primeiro risco pioneiro inerente à Eurovisão.

Antes disso, temo que teremos de passar pelo período de péssimos vídeos 360º que ninguém gosta porque este "salto gigantesco para a humanidade" não está para breve.




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