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[Crónica]: a evolução do Festival Eurovisão da Canção


1956 foi o ano da fundação do Festival Eurovisão da Canção. O concurso que conquistou não só o coração da Europa, como também o da nação portuguesa.

Tudo começou num pequeno teatro com o nome 'Kursaal' em Luano, Suiça. Teatro esse que já tive a oportunidade de conhecer. Em 1956, todos ouviram pela primeira vez, a célebre frase 'Good Evening Europe' (Boa Noite Europa!). O evento que ninguém conhecia era apresentado por Lohengrin Filipello e transmitido pela Radiotelevisione Svizzera di Lingua Italiana (RTSI). Esta primeira edição contou com 14 temas, apenas 7 países a concurso e, ao contrário do que acontece agora, cada representante cantava dois temas.

                                

Temas mais simples, e ao mesmo tempo com mais "cor" caracterizavam o inicio do Festival Eurovisão da Canção, marcados pelo canto na língua materna (que nos dias hoje, é cada vez mais raro no Festival) e pela presença de uma orquestra que dava a verdadeira sensação de estarmos a ouvir os temas ao vivo e que, na minha opinião representava a excelência que o evento possuía.

Avançamos para 1966, Portugal participa no Festival Eurovisão da Canção pela terceira vez e com a interprete Madalena Iglésias, que ainda hoje enche os nossos corações com o tema 'Ele e Ela':

                             

À semelhança de 1956, a orquestra marca presença no Festival. Contudo verifica-se já uma melhoria a nível de planos da performance deixando assim a técnica de "câmara fixa" que se afirmava como uma das características principais da emissão que chegava às nossas casas. Verifica-se também a existência de temas com mais ritmo, abandonando assim, as baladas que enchiam o evento nas edições anteriores.

                              

Dez anos mais tarde, o Festival chega às nossa casas, mas desta vez a cores. À medida que vou vendo a atuação dos Brotherhood com o tema 'Save Your Kisses for Me', verifico a diferença entre as performances: se por um lado 1976 se caracterizava pela coordenação extrema das atuações, em 2016 vive-se a plena liberdade de expressão e movimento no palco do evento. Contudo, é necessário realçar que essa coordenação fazia com que os temas ganhassem a magia necessária para se distinguirem dos restantes, e afirmarem-se como um possível vencedor.

                               

A minha mãe está aqui ao meu lado, e a sua reacção a este tema foi quase como um canto instantâneo. Apesar de não ser a sua língua materna, canta este tema como se de uma cidadã francesa se tratasse. Afirma que: "Neste ano a Eurovisão foi uma loucura, o tema que Portugal levou era na altura, uma inovação. Mas como sempre, nunca vencemos...". De facto, vejo o porquê dos espectadores portugueses verem a Dora e o seu tema 'Não sejas mau para mim' como uma inovação: o cabelo, a dança, e a própria letra deveriam ser aspetos que supostamente deveriam ter levado o público eurovisivo à loucura, tal como levou o português. Relativamente ao tema belga, vencedor desta edição do Festival Eurovisão da Canção caracteriza-se e fica na memória pela grande voz, e claro, pela roupa usada pela artista. Pela primeira vez, veridica-se a existência de uma espécie de fundo que complementa toda a atuação. Contudo, o público parece não reagir aos temas, será que gostavam?

Uma década mais tarde, o tema vencedor caracteriza-se por ser bastante "angelical" e, ao mesmo tempo conseguir representar a cultura irlandesa. Nesta edição em termos de desenvolvimentos, gostaria de realçar a qualidade dos vídeos de apresentação de cada representante, que na altura, contavam com a participação dos chefes de Estado de cada país a concurso. Destaca-se também a presença de uma banda em palco, coisa que não tinha acontecido nas anteriores edições do concurso.


         

É impossível falar sobre a Eurovisão e não referir a presença desta banda, que para surpresa de muitos, conseguiu vencer o certame musical. Esta foi a atuação, ou melhor, a edição, que levou o Festival Eurovisão da Canção a outro nível, tanto a nível de originalidade como a nível de ideologias e preconceitos. Apesar de nesta fase quase todos os temas serem na língua universal, característica com a qual, eu não concordo. Nesta performance, usa-se também material pirotécnico, algo ainda muito pouco usado nas atuações, sendo esta um dos grandes desenvolvimentos da edição de 2006.

         

Se em certas edições se "exigia" a excentricidade, nesta edição ganhou exatamente a posição contrária. Nesta edição, predominaram as músicas sobre o amor e as relações que mantemos com os outros, verifica-se uma maior interatividade para com o público.

           

Aqui um dos temas que mais marcou a história do festival. Aqui viveu-se uma edição sem descriminação, preconceitos e guerras entre concorrentes, ou melhor, entre países. Apesar de não ser apreciada por todos, Conchita mostrou ao mundo o que é realmente viver em igualdade e com respeito por todos, independentemente das suas diferenças. Penso que este festival foi um dos melhores a nível de complementação das atuações, com fundos espetaculares, efeitos de nos cortar a respiração.

         

2015 foi um ano bastante desequilibrado a nível político, e isso fez-se sentir na edição de 2016. Uma edição que se afirmou como sendo um verdadeiro espetáculo, e na minha opinião, foi um dos festivais onde se fez sentir com mais força o espírito competitivo dos concorrentes. Jamala foi a grande vencedora, para desgosto de muitos e principalmente dos russos, mas fez ver ao Mundo aquilo que ele realmente precisa: PAZ.
A nível de efeitos, verifica-se a melhoria do palco, uma vez que ele próprio entra, e faz parte da atuação.

A Eurovisão tem vindo a inovar ao longo dos anos, não só a nível de efeitos, letras, mas também em pensamento. Mas... é necessário ficar com esta questão em mente: até que ponto é que os efeitos e todo o buzz não escondem o verdadeiro talento?

Imagem: Wikipédia/Videos: Eurovision.TV,  BBC  One, Euroencyclopedic, Festivais da Canção, tasosk3, Hey Welcome
26/05/2016

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