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[Crónica] ESC 2016: 'o ano da mensagem!'


E assim termina mais uma edição daquele que é o maior espectáculo de música da Europa! E não poderia terminar de uma forma mais polémica: o resultado final. Mas já lá vamos.

Em primeiro lugar, não poderia deixar de destacar a organização sueca. Uma Eurovisão organizada pela Suécia será, à partida, garantia de sucesso, por tudo o que este país dá ao concurso e pelo seu fanatismo para com ele. Gostei mais do que vi este ano do que em 2013. O cenário ficou muito bom, foram realizados bons planos de câmara, pirotecnias, luzes e tudo o que é necessário para nos fornecer um bom espectáculo visual televisivo. A Suécia não brinca em serviço neste tema, e pensa em tudo ao pormenor. A condução do programa teve uns pequenos percalços ali e acolá, mas sempre que um imprevisto surgia, deu-se bem a volta para que se passasse despercebido. Por isso, todo o mérito vai para os apresentadores: Petra Mede já é uma veterana neste assunto, e Mans Zelmerlöw demonstrou-se muito à vontade, sempre sorridente, divertido e competente. Se estava nervoso, não se notou nada. É principalmente nesta matéria de apresentação que se nota a diferença da Suécia para outros países anfitriões.   


Relativamente ao conteúdo das galas, destaco a participação de Justin Timberlake. Todos gostaram de ter como convidado uma figura emblemática da música a nível mundial (reparei que até os próprios participantes se mostraram tão entusiasmados, que a maioria partilhou fotos do momento nas redes sociais). Espero que esta seja a tendência para as próximas edições.


Agora vamos a resultados e performances. A injustiça da primeira semifinal foi a retida da Islândia. Apontada como uma das favoritas, Greta Salóme, que já alcançara a final em 2012, teve uma apresentação muito boa, com aperfeiçoamentos desde a apresentação nacional. Fiquei bastante surpreendida quando vi os resultados das votações. Bósnia & Herzegovina, que terminou na 11.ª posição, sempre foi uma canção que gostei bastante e não me desiludiu na sua performance: demonstrou uma melancolia, um pouco sombria, mas interpretada com emoção e, por isso, poderia estar muito bem na final. Apesar de muito apontada negativamente, também não desgostei da Grécia. Apesar de todas as dificuldades que ultrapassa, mantém-se firme ano após ano no ESC (ao contrário de Portugal). São Marino foi a única performance que não consegui ver até ao fim e é revoltante o seu 12.º lugar. Já Montenegro seria apontado como um dos últimos lugares desta semifinal, que apesar da sua pobre canção, até não resultou mal em palco e em televisão. 


Na segunda semi-final surgiram algumas surpresas. Não esperava que a Noruega não passasse. Talvez a mixórdia de estilos fizesse confusão aos telespectadores. Fiquei desiludida com a pouca inovação em palco da apresentação, apesar de terem sido evidentes as melhorias vocais de Agnete. Já a Macedónia, a Eslovénia, a Irlanda, a Albânia e a Suíça não fizeram grande falta na final. Tive pena da Dinamarca não ter ido mais longe e congratulo o esforço da Bielorrússia, aquele caso em que era dado como perdido e não fez má figura. Obviamente que no meio disto tudo, a Geórgia não foi à final fazer nada!

De um modo geral, o espectáculo final foi dotado de boa música e boas performances. A mudança na forma de divulgação dos votos teve bastante impacto. É uma forma de obter o suspense até ao fim, mas foi deste modo que também se viu mais descaradamente como as coisas funcionam na Eurovisão. E logo no ano de estreia deste método, ganhou um país que nem foi favorito do júri, nem do público. 


O ESC não é ESC sem as minhas revoltas relativamente a resultados, e este ano não foi diferente. Desilusão para Letónia e Hungria, das minhas favoritas, que ficaram na segunda metade da tabela. Sérvia também. Sempre gostei da música e a performance agradou-me bastante. Chipre também merecia um pouco mais. Então Israel nem se fala! Por outro lado, Áustria e Malta foram longe demais, para quem lhes atribuía um lugar bem no fundo da tabela. A classificação de Malta soou a manipulação. Para mim, foi das apresentações mais fracas do concurso, mas era uma composição sueca, logo, posição cimeira garantida. O resultado da Bélgica surpreendeu. Fez um óptimo trabalho em palco mas ainda assim nunca seria das minhas favoritas. A Suécia, nem com toda a polémica ficaria mal classificado, pelo país em questão e por jogar em casa. Fiquei orgulhosa da Lituânia que arrasou em palco e obteve uma classificação razoável. A Bulgária também não se portou mal, mas um 4.º lugar foi um pouco exagerado. Exageradíssimo foi a Austrália. Nunca gostei da canção. A voz de Dami Im é muito boa sim, mas toda a performance não surpreendeu nada, apesar de ter melhorado na final. Já sabemos que a Europa agora anda com a Austrália ao colo (e o júri também). E, ou muito me engano, ou já nos próximos dois anos irá vencer. Mas que vença com uma performance em condições! 


Fiquei contente com a França, uma das candidatas à vitória. Provavelmente não superou as espectativas mas já foi um bom passo em relação à tendência de maus resultados dos anos anteriores. Mas a minha “chapada de luva branca” favorita foi a Polónia. Sempre adorei a Polónia e era o meu guilty plesure. Ninguém gostava e eu sempre a defendi! O resultado do júri foi indecente. Mas o televoto puxou-a cá para cima! Por outro lado, nunca fui muito “à bola” com a Arménia, mas tenho que admitir que a sua apresentação foi excelente. Fez com que visse a canção de outra forma e Iveta conseguiu entrar para a lista das divas do ESC. 


Agora o conflito Rússia-Ucrânia será o tema desta edição. Rússia era, sem dúvida, das minhas favoritas para vencer. A música sempre foi boa, e pelo seu conteúdo, vimos que iria sair dali uma apresentação soberba: e foi o que aconteceu. O único senão foi ter vindo nesta altura: no ano passado ganhou uma canção pelos seus efeitos cénicos e este ano voltaria a história a repetir-se. Ainda assim sempre pensei que conseguisse vencer. Por outro lado, a Ucrânia veio para marcar com a mensagem. Esta canção quase foi desclassificada pelo seu conteúdo político. 1944 é, sem dúvida, um título sugestivo e que remota claramente para o tema que a canção quer transmitir. A melodia é estranha e custou-me a “encaixar”. A voz de Jamala é emotiva demais. Não há dúvidas do seu talento, mas a transmissão de sentimentos soou um pouco exagerada. 

Portanto, venceu a mensagem, como há dois anos atrás, com Conchita Wurst. Desta vez, venceu a paz, a união entre os povos, a tranquilidade dos inocentes. Mas será que esta vitória veio trazer assim tanta paz? Pois, parece que não. Por mais que a Rússia tivesse merecido vencer este ano, é sempre um país difícil de digerir, pelas ideias que desenvolve e por tudo o que já gerou na Eurovisão. O que vale é que o intérprete russo demonstrou-se uma pessoa com a mente mais aberta. A Rússia, mais uma vez, já manifestou o seu desagrado pelo vencedor. Já ocorreram as habituais ameaças de boicote ao festival. Compreendo a sua revolta no sentido em que era a favorita do público, os europeus queriam ver a Rússia vencer, pela canção, pela performance. Não a sua revolta por ser o seu rival. Mas a Eurovisão não é só um espectáculo da canção, da atuação ou da melodia! E este ano ficamos com a questão no ar: será justo despertar um tema destes? Vai apelar à paz? Ou vai criar ainda mais conflitos? Este é o ano em que mais se evidencia a questão política. Ucrânia não participaria em 2017 se a Rússia ganhasse. E agora será que a Rússia volta ao certame em Kiev? Até para o ano, Ucrânia!

Vídeos: Eurovision.tv, ESCReporterTV
17/05/2016

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