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[Crónica] ESC 2016: 'mas é um festival musical ou político?'


Sinceramente, este foi um dos piores vencedores do Festival Eurovisão da Canção (ESC) de que me lembro. Acho que nunca um ESC foi tão injusto, a meu ver. Mas se ganhassem todos os anos os nossos favoritos, que piada teria? Confesso que imensa! 

Relativamente ao país vencedor deste ano, a Ucrânia, tenho a dizer que era uma das do bottom 5, mas whatever! Já todos sabemos que o ESC não é na verdade um festival musical, mas político, mas este ano notou-se mais esse cariz. Fiquei com pena de Portugal não ter participado, mas obviamente que nem que levasse a música mais maravilhosa, fantástica, fenomenal de todos os tempos iria ganhar. Sim, pelo cariz político, porque somos um país irrelevante nesse contexto, somos o país do canto

Sinceramente, quando surgiu a polémica sobre se Jamala deveria ou não ser desqualificada pelo teor do tema, a minha posição era a favor da artista. Porque acreditava que não se tratava de um ataque, até porque a artista afirmava tratar-se da sua história de vida.  Apesar de achar que o tema é horrível, acreditava na mensagem que o tema trazia, mais que a sua história de vida, este tema podia ser um "abre-olhos" para toda a Europa, porque com os erros do passado, constrói-se um presente e um futuro melhor. A artista falou no tema da deportação população Tártara da Crimeia para o centro da Ásia, juntamente com acusações da colaboração da União Soviética com os Nazi durante a Segunda Guerra Mundial. 

Mas depois o diretor da radiodifusão nacional ucraniana afirmou que se a Rússia ganhasse esta edição do ESC, a Ucrânia não participaria na edição de 2017. Então, mas afinal?! Para mim, foi um golpe baixíssimo, sim porque a Rússia já é constantemente atacada no ESC, e isto contribuiu para que os haters do país apoiassem Jamala, mesmo não sendo a sua eleita, porque temos de admitir que com esta polémica ganhou uma legião de fãs que odeiam a Rússia. Cheguei à conclusão que era realmente uma mensagem política, mas pronto, se é para quebrar regras, quebram-se em grande.  

Se este é apenas um festival musical, porque raio têm de chamar as questões políticas?! Isto foi claramente um ataque à Rússia! Sim, eu sei que há muita mágoa, muito sofrimento, muita revolta, acima de tudo, mas o ESC "supostamente" é um concurso para unir as pessoas, ao agir assim, estão a mexer em coisas do passado, o que era escusado, porque vão provocar conflitos. A verdade, é que esta minha paixão pelo Festival não tem diminuído, mas ao longo dos anos, com o crescimento e a maturidade que vou adquirindo, vou-me apercebendo que este meu sonho de ver a Eurovisão como o evento do ano que permite "estarmos todos juntos" não passa de uma utopia. Este tema bélico é muito complicado, e acho sim que se deve cantar a verdade, o que aconteceu, mas não neste concurso. Não neste timing, uma altura onde não só a Europa, mas todo o mundo está frágil devido às crises, aos conflitos. Acho que qualquer provocação pode ser fatal neste momento. Às vezes sinto que o mundo está numa espécie de "Guerra Fria". Acho apenas que este não era o momento, nem  o local para levar um tema deste conteúdo.

Mas passando este tema delicado, passamos às injustiças do ESC, para além desta vitória. Fiquei triste pela maior parte dos meus temas favoritos ter obtido uma classificação tão underrated. Apenas um dos meus temas prediletos falhou a final, a Noruega, com a Agnete e "Icebreaker", que ficou-se pela segunda semifinal. O tema era lindo, muito melhor que a vencedora (continuando a minha revolta). Relativamente à primeira semifinal, fiquei satisfeita com os que passaram. 



De resto, fiquei bastante contente pelo facto de quase todos os meus temas favoritos terem passado à Grande Final. A única classificação que me aconchegou o coração e acalmou um pouco a minha revolta foi a da Bulgária, mas sinceramente é um dos países que deveria ter sido vencedor.  A minha queen Poli esteve brutal, muito show, música 10 estrelas, amei! Merecia ter ganho!


Depois, todas as minhas outras favoritas não se destacaram em nada nas classificações, como a Samra, que apesar de uma voz um bocadinho irritante levava um dos melhores temas, um espetáculo bonito, enfim, proporcionou um bom espetáculo!



Barei com o seu "Say Yay" esteve um pouco fraquinha, sinceramente, apesar de ser original e um dos meus temas favoritos, senti que não deu o seu melhor e apresentou um espetáculo muito fraco, comparativamente com outros artistas. Acho que tinha um tema com o qual podia brilhar e arrasar, e não o aproveitou, com muita pena minha.


Fiquei bastante triste com a classificação da Alemanha, é um sinal que a Europa não tem uma mente assim tão aberta. Vá lá, a miúda arrasou!



A Sérvia com "Goodbye" deixou-me desolada com a sua classificação. Epá! O tema era lindo, e tinha uma mensagem muito forte, e não política (mais um pouco da minha revolta). O Freddie esteve o mesmo gato de sempre, com aquela que considero das melhores vozes masculinas deste ano; a Rússia foi uma das prejudicadas da noite, com uma grande discrepância entre os votos do júri e os votos do público, pondo em causa o facto de este novo sistema de votações ser mais justo ou não.



Fiquei muito feliz por temas como os do Chipre e da Geórgia terem chegado tão longe no certame; fiquei surprendidíssima com a classificação elevada da Suécia, porque sinceramente aquilo não tem por onde se pegue; gostei da música da Austrália, mas não concordo com a participação do país, nada contra o mesmo, apenas acho que se é para participarem países do outro lado do mundo devemos mudar o nome do concurso de "Eurovisão" para "Mundivisão". 


Termino com uma reflexão sobre o intuito do festival: será mesmo um festival musical que pretende unir todos os países através da música, ou será um festival político onde se expressam mensagens de ódio, de teor político, com mensagens de ataque subentendidas em "histórias de vida"? Bem, eu gostaria que fosse a primeira opção, mas acabou por vencer a política, e acabou por vencer a preferida da minha vencedora preferida de todos os tempos do ESC, a Loreen. No entanto, não deixo de expressar a minha revolta e tristeza por ter vencido o pior tema do ano!

Imagem: Eurovision.tv/Vídeos: Eurovision Song Contest
16/05/2016 

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