Como sabem, o Festival Eurovisão da Canção começou no dia 24 de maio de 1956 na cidade suiça de Lugano. Curiosamente, o primeiro festival foi ganho pelo país que o inaugurou: a Suiça.
O primeiro momento que destacamos na História da Eurovisão é a polémica vitória de Lys Assia.
Polémica? Sim. Não sabiam? Pois passamos a explicar: esta é a única Eurovisão em que cada país levou mais de uma música. Neste ano, cada país tinha dois júris que poderiam votar na música que pretendessem – incluindo na do seu próprio país.
Reza a História que nesta Eurovisão, os jurados luxemburgueses não conseguiram comparecer ao local do evento. Por isso, para resolver o problema, foi permitido aos jurados suiços votarem no lugar do júri luxemburguês...
Sendo que segundo as informações oficiais, todos os concorrentes ficaram no 2ºlugar (exceto a vencedora, claro), o que se julga é que cada júri terá votado nas canções do seu próprio país. É verdade: este incidente poderá ter levado a que a Suiça vencesse o primeiro Festival Eurovisão da Canção e a vitória de Lys Assia ser uma fraude!
Em 1958, existe uma música que apesar de não ter vencido, é uma das músicas mais conhecidas do Festival. Volare? Não. Na verdade, a música chama-se Nel Blu dipinto di Blu, mas sim, é essa a canção que estão a trautear! Arrecadou o 3ºlugar ficando atrás de Lys Assia e de André Claveau, e... dois Grammys na primeira cerimónia – Record of the year e Song of the Year (ganhos este ano Get Lucky e por Royals de Lorde).
Esta foi uma canção reconhecida numa altura em que ainda víamos músicas e artistas estrangeiros nomeados para os Grammy Awards americanos. É, muito provavelmente, a música eurovisiva mais famosa de sempre.
1964 é um ano muito marcante para todos os fãs eurovisivos portugueses: Portugal entra na competição representado por uma canção sobre amor, mas fortemente religiosa – bem ao estilo dos valores que o regime ditatorial pretendia inculcar na mentalidade dos portugueses na altura.
Neste ano fomos – permitam-me – tão bem representados pelo galã da época, António Calvário. A Oração conseguiu vencer o primeiro Festival RTP da Canção mas na Eurovisão... bom, digamos que na Eurovisão não conquistou o júri.
Como sabemos, Portugal tem o recorde de ser o país que está há mais tempo sem vencer, no grupo dos países que participam há mais tempo. Mas no seu ano de estreia, o nosso país conseguiu bater um recorde que nunca será ultrapassado por nenhuma outra nação: é o primeiro país que, na estreia, conseguiu alcançar o feito de receber... nul points ou à portuguesa – 0 pontos.
Apesar da Eurovisão de 1964 ter sido ganha pela Itália, esta nona edição foi marcada por um protesto diretamente relacionado com os países ibéricos.
Conta-se que após a atuação de Anita Traversi, da Suiça, houve um senhor de nacionalidade desconhecida que, alegadamente, subiu ao palco para protestar contra os regimes totalitários existentes em Portugal e Espanha – “Boycott Franco & Salazar” seria o que estaria inscrito na bandeira que carregava.
Segundo o que se conseguiu apurar, os responsáveis foram rápidos o suficiente para conseguir colocar a tabela de pontuações na imagem, fazendo com que o espectador não presenciasse este protesto, que teria, certamente enfurecido os fascistas António de Oliveira Salazar bem como o General Francisco Franco.
Sendo que este festival é, juntamente com o de 1956, o único de que não temos conhecimento de gravações vídeo, não poderemos confirmar a informação – o que sabemos será fruto de testemunhos de indivíduos que presenciaram a situação.
Chegamos a 1967 e Portugal continua a levar músicas de alta qualidade que, por alguma razão incompreensível, não atingem o top Eurovisivo. E este ano não vai ser exceção.
Eduardo Nascimento, um angolano de voz potente, irá conseguir uns escassos 3 pontos quedando-se ex-aequo com a (também) injustiçada Finlândia no 13ºlugar. Mas este ano, Portugal consegue – de facto – mudar a História da Eurovisão: pela primeira vez, um negro pisou o grande palco europeu.
Há rumores de que a vitória deste artista no Festival RTP da Canção poderá ter sido fruto da vontade de Salazar. Numa época em que a Guerra Colonial se acentuava, mostrar ao mundo que não se discriminava pessoas com cor de pele diferente era extremamente importante – pessoas essas que inclusivamente faziam parte do Império Colonial Português que o mesmo afirmava ser uma extensão da nação.
01/10/2014
Imagens: Google/ Vídeos: Youtube
Parabéns pelo trabalho de investigação que fizeram para apresentar esta postagem.
ResponderEliminarContinuem com o rigor e profissionalismo.
:)
Boa tarde,
EliminarObrigada pela sua partilha e pela preferência.
Cumprimentos.