Na segunda, como faço todos os
dias (uns às 8.15, outros mais tarde), fui ouvir a Mixórdia de Temáticas e qual
não foi o meu espanto quando me deparo com o tema “UA UA UÊ UA UÊ”. Ao
princípio isto pode até não nos dizer nada, mas com o continuar da rubrica
percebemos que se trata da nossa “linda” música eurovisiva deste ano. É verdade
que sou conhecida por odiar tudo e todos mas se há celebridade de quem gosto
neste mundo é o Ricardo Araújo Pereira e é portanto um orgulho ouvi-lo logo de
manhã a desconstruir o poema de “Quero ser tua”. Se virmos bem as coisas seria
preferível que ele não o fizesse mas é sempre bom perceber que alguém como ele
está atento a estas lides eurovisivas.
Desde que foram revelados os
nomes dos compositores do FC 2014 que todos sabíamos quem ia levar o troféu
para casa. Nós somos um povo descontente: Se temos júri queremos só televoto,
se temos só televoto é tudo roubado e blá blá blá. O que me parece é que a
Catarina era a preferida de todos mas ninguém se deu ao trabalho de gastar 74
cêntimos para votar nela e o Emanuel comprou uns quantos votos. Na verdade
nenhuma das músicas me parecia fantástica mas “Mea Culpa” era sem dúvida a
menos má.
Tivemos um festival com vários
géneros musicais e há que dar graças por isso. Fiquei desolada quando, do
último envelope surgiu o nome da canção número 10 ao invés de “Emoção”. Por uma
vez em anos tivemos rock no Festival da Canção mas claro, ninguém sabe
valorizar isso. Ficam os meus parabéns (que de nada servem) ao Ricardo Afonso
que nos deu um espetáculo fenomenal. Não houve surpresas nas passagens à final,
pelo menos para mim não houve. Desta vez o FC não demorou séculos como é
costume em Portugal mas sim duas horas de puro entretenimento. Sílvia Alberto
tomou muito bem conta da apresentação e o estreante José Carlos Malato também,
mas deixou a desejar se o compararmos com o anterior apresentador, Pedro
Granger. O local do evento foi muito mal escolhido. As condições sonoras eram
terríveis e a sala pequena para tantos fãs que queriam ir assistir ao evento ao
vivo. Por sorte, fui uma das sortudas que pode ver a semifinal ao vivo e não
percebi nada daquilo que a Catarina Pereira e a Raquel Guerra cantaram.
Quanto às canções finalistas (que
é o que interessa verdadeiramente aqui) havia duas que à partida não podiam
ganhar: a 3 e a 4. Zana apresentava-nos uma música que ao início parecia mais
pimba mas que depois crescia imenso e se tornava audível. Na final Zana não
esteve nos seus melhores dias e notaram-se falhas na voz (que é muito boa por sinal)
e aqueles folhos no vestido estavam horríveis. Raquel Guerra tinha uma grande
canção (como sempre os meus parabéns ao Nuno Feist que é dos melhores
compositores deste país) mas esta era muito grave para si fazendo com a sua
dicção se torna-se muito má. Depois há os três nomes mais sonantes do festival
(dois deles interpretes e um deles compositor). Rui Andrade ficou-se mais uma
vez pelo terceiro lugar e não merecia mais (e para verem que estou a ser
isenta, quem me conhece sabe o quão fã eu sou dele). “Ao teu encontro” é uma
música muito fraca para o cantor de quem falamos. Rui, acredito que um dia vais
concretizar o teu sonho, mas com uma música excelente como era “Em nome do
amor” porque isto era muito pouco para a tua excelente voz.
Falemos agora dos dois primeiros
lugares. Catarina Pereira não é a melhor intérprete de sempre, mas dança, tem
carisma e tinha uma música excelente (ok, talvez excelente seja abusivo). Já
Suzy canta mas não dança e tinha uma música péssima (dizem que eu tenho mau
gosto no geral mas talvez nisto penso que todos concordamos). Portanto tínhamos
um péssimo pimba e uma boa quase-pimba e escolhemos o pimba porque somos um
povo super moderno.
A justificação para esta escolha
assentava sobre a lógica de “quem vê e vota nisso são mulheres com mais de 40
anos que só gostam de pimba”. Para todos quantos dão essa justificação tenho a
dizer-vos que a minha mãe (que se enquadra nessa idade) odiou “Quero ser tua” e
foi a primeira a reclamar quando viu que tinha ganho (palavras que não vou
reproduzir porque o Crónicas ainda não tem bolinha vermelha). Mas não vale a
pena estar a bater mais no ceginho porque não importa o que façamos é aquilo
que vamos levar a Copenhaga. A Catarina devia ter ganho mas também não devia
estar a concorrer porque já devia ter ganho em 2010 (tal como o Rui Andrade
devia ter ganho em 2011).
Imagens: Google/Vídeo: Youtube
Por acaso gostei bastante da crónica! Façam um favor ao povo português: aquela parte de pedirem ao Carlos Coelho e ao Andrej Babic para não desistirem, cumpram! Vocês são influentes, devem ter "connects" com eles, dêem-lhes o vosso apoio, eles merecem! A mesma coisa com o Rui Andrade: ele vai ganhar o FC, nem que demore 20 anos. Boa crónica!
ResponderEliminarA questão agora é se a RTP os voltar a convidar sobre tudo depois de ele ter chamado o ADEVOGADO dele para esclarecer esta situação... Foi uma péssima ideia na minha opinião!!
EliminarTambém gostei! Parabéns.
ResponderEliminarsó um reparo no português: "a sua dicção se tornaSSE muito má".
ResponderEliminarParabéns pelo texto!
ResponderEliminarFinalmente um dos textos eurovisivos que não se resume a dar graxa a determinados "artistas"..
No entanto, e aqui vai a minha opinião, não sei se a Catarina Pereira era a favorita dos portugues.... isso não sabemos.... o que sabemos é que a Catarina era a favorita de grande parte dos eurofãs portugueses.... é uma grande diferença nestes dois grupo e parece que os fãs da C Pereira não querem ver isso.
Fora do pequeno mundo eurovisivo português, ninguém sabe quem é a Catarina Pereira.....enquanto que a música da Suzy, penso que Portugal inteiro já a conhece...
Dispenso o sr Carlos Coelho... para quê? Para chorar de novo e incutir o ódio??? Engraçado, quando ele ganha, correu tudo bem. Quando perde, dá sempre um espectáculo maior do que o próprio festival.
Totalmente de acordo e duvido que volte a ser chamado pela RTP a quem lhe deu a mão para mostrar o seu talento agora vai pra Suécia se quiser LOL
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