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FC 2014: Crónica por Elizabete Cruz


       Eu revejo muitas vezes aquele momento do Festival Eurovisão da Canção 2013 em que as bandeiras dos vários países finalistas se juntam em cima do palco. Considero-o um dos momentos mais marcantes daquele festival, sobretudo pelo seu simbolismo de união. E de cada vez que revejo esse momento, o meu coração fica apertadinho porque a bandeira portuguesa não está lá. Devia ter estado, simplesmente. Dado esse pesar, não foi de admirar que eu tivesse pulado de alegria com o regresso de Portugal ao certame e, após essa notícia, com o regresso do Festival da Canção. Não é tão excitante saber os nomes dos participantes, especular sobre as músicas e depois torcer desmedidamente por uma? 


       Sim, eu adoro estes momentos. E quando começaram a ser revelados nomes, eu só pensava "É este ano que vamos fazer alguma coisa!", "É este ano que Portugal vai mostrar o que vale!". Eu acreditava mesmo nisso, porque os compositores prometiam, e mais tarde os cantores também. Faltavam as canções, mas eu própria já ia tirando as minhas conclusões. Já sabia de antemão que o Rui, a Catarina e a Suzy teriam o seu lugar na final e eu torcia para que o Ivo também a tivesse. Faltava-me um quinto finalista, que só decidiria após ouvir as músicas. E então chegou o dia da primeira semifinal. Aquela bela tarde eurovisiva, onde chateei todas as pessoas à minha volta tal era a empolgação. Admito que talvez esperasse mais das músicas, mas as minhas expectativas não saíram completamente defraudadas e, no geral, estava satisfeita e continuava a acreditar numa boa prestação portuguesa em Copenhaga. Havia diferentes artistas, com diferentes géneros musicais, o que tornou este festival num dos mais completos que eu já vi. No final das contas, passaram à final aqueles três que eu sabia que passariam, mais a Zana e a Raquel. Fiquei um bocado chateada por o Ivo não ter passado, mas foi mal que depressa passou.


       Então chegou a final, e foi mais um dia para ninguém aturar a Elizabete. Torcia incondicionalmente pela Catarina, até tinha votado nela, e todo o meu ser queria convencer-se que ela ganharia. Acho que cheguei a dizer que pontapeava a televisão se ela não ganhasse. Antes do anúncio do vencedor, fiquei surpresa com as actuações dos convidados, que realmente fez jus aos cinquenta anos do Festival da Canção. Foi bom recordar tantas músicas e tantas pessoas, de tantos anos, que fizeram este festival viver até hoje. Cheguei a sentir-me nostálgica e foi mesmo bom ouvir aquelas músicas e trauteá-las quase todas. Ao contrário do que tinha acontecido na semifinal, onde por vezes a atenção me fugiu para outras coisas, estive bem atenta a todos os momentos da final. 


       Sílvia Alberto parece ter percebido que não fica bem tecer comentários à toa neste tipo de concursos. Juntamente com José Carlos Malato, os dois foram capaz de conduzir bem o espectáculo, com boa disposição e intensidade, quando o momento assim o pedia. 
Primeiro anunciaram as três músicas mais votadas. Nada que eu não esperasse, mas aí começou o nervosismo. Isto de dar os resultados às pinguinhas foi uma ideia até interessante, mas deu-me cabo dos nervos. Depois foram anunciadas as duas mais votadas, e o meu coração quase saltava pela boca. Só queria Catarina, Catarina. E depois foi anunciada a música vencedora, e apesar de eu já saber que a probabilidade de ser aquela a música escolhida ser enorme, fiquei sem reacção por algum tempo. Deve ter sido essa ausência de reacção que livrou a televisão das minhas patadas. 

(Neste caso, não passou da final nacional. Deprimente a dobrar.)

       Não vou fazer uma apreciação de cada uma das músicas que chegaram à final. Na realidade, isso já foi feito e publicado aqui. Vou apenas pronunciar-me em relação aos resultados finais, porque esses na altura ainda não imaginava quais seriam.
      Antes de mais, vou esclarecer algo: eu não sou hater. Até pode parecer, mas não sou. Sim, não gosto da música vencedora e estou no meu direito de não gostar, mesmo que seja a música portuguesa. Mas convenhamos, não gosto de grande parte das músicas que vão participar este ano, e não é por a Suzy levar uma bandeira portuguesa às costas que vou gostar mais do que ela mostrou. E eu não sou "anti-Suzy" (isto dito de uma maneira excessiva) por ser "pró-Catarina"! Aliás, também tinha uma listinha de defeitos a apontar à música da Catarina, mas já foi para o lixo, porque agora importa a listinha de defeitos à música da Suzy. Há muita coisa que precisa ser mudada, e eu espero que haja a decência para fazer mais e melhor em Copenhaga. Admito que já não sinto aquela vontade louca que sentia para voltar a ver Portugal no certame, mas ainda assim fica a curiosidade, porque sei que a probabilidade de virarem a música toda ao contrário é grande. 
       Por fim, uma última achega em relação aos participantes. Espero que o Ricardo Afonso volte e traga bom rock a Portugal. Mesmo que não seja o género predilecto, é sempre bom perceber que a música portuguesa não é assim tão limitada. Espero também pela vitória do Rui Andrade, que deve ser a pessoa com mais devoção a participar neste concurso. E por fim, apesar de achar que o festival não a merece, gostava muito que a Catarina voltasse.  E como remate, os meus parabéns à Suzy. Espero realmente que ela consiga calar a boca a toda essa gente maldizente. Desejo intensamente que ela cale a minha própria boca. Porque isso só me deixaria orgulhosa do meu país.

Imagens: Google/Vídeos: Youtube
21/03/2014
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  1. Dos poucos comentários honestos e coerentes que já li, apesar de discordar de alguns apontamentos...

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  2. Que tipo de comentários tem feito a Silvia Alberto?

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