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[Crónica] Festival Eurovisão da Canção 2012 - por Andreia Fonseca


Numa crónica eurovisiva, onde a minha opinião deve ser expressa de forma fundamentada, não posso deixar de referir que em todos os meus anos de eurofãs (e acreditem que já são alguns!) nunca uma favorita minha tinha vencido – isto até o marcante dia 26 de maio de 2012! Sei que alguns de vós já começaram a barafustar internamente, dado que esperam mais uma crónica de uma fanática pela Loreen! Pois bem, caso estejam à espera de duras críticas à vencedora, este texto não será do vosso agrado. Loreen foi uma justíssima vencedora, tendo sido a sua avantajada vitória uma das poucas justiças do ESC 2012!


Fonte: eurovision.tv

Comecemos pela organização… A Arena de Baku era de facto muito bonita, tendo o seu design captado a minha atenção desde o início. O mesmo não se pode dizer do palco! É das tais coisas que parecem prometer muito, mas depois na hora H desiludem. Não posso dizer que o palco e o cenário envolvente sejam feios, simplesmente são desprovidos de originalidade e não têm aquele toque especial que nos faça arrepiar. O palco era estupidamente grande, aliás, demasiado grande para um limite de seis elementos por atuação. Eu prefiro qualidade a quantidade, e neste caso, tentaram criar algo megalómano, mas esqueceram-se do glamour que o certame exige. No entanto, tenho de apontar o excelente pormenor estético que foi a projeção das cores da bandeira de cada país no exterior da Arena – sem dúvida a grande inovação azeri do ano!


A realização do concurso também deixou muito a desejar, com muitos planos de câmara sem nexo, e alguma falta de timming nas transações entre os mesmos. Algumas atuações perderam pela pobre realização - nomeadamente a portuguesa, onde mal consegui vislumbrar a cara dos elementos em palco. Para “ajudar à festa” tivemos o trio de apresentadores – com direito a uma advogada e tudo – que demonstraram, claramente, que estavam pouco capacitados para tal função. Sempre que tento recordar graciosos momentos destes “artistas” só me recordo das intermináveis piadas sobre a tradução em francês. Mesmo assim, uma palavra de apreço pelo esforço, e pela presença agradável, embora fraquinha.

Ponto positivo para o espetáculo de abertura da grande final, que contou com alguns pormenores coreográficos bastante interessantes, mesmo que não tenham sido estonteantes. Também me agradou o medley realizado pelos últimos vencedores eurovisivos, transmitido no intervalo da segunda semifinal, mas não me surpreendeu de forma alguma.


Fonte: mirror.co.uk


Passando ao mais importante, as músicas a concurso, o aspeto mais positivo desta edição da Eurovisão foi mesmo a vitória sueca. Há muito que a Suécia ambicionava esta vitória, e nada melhor para o conseguir do que uma intérprete brilhante e humilde como Loreen, com um tema que promete ocupar lugares cimeiros em Tops internacionais. “Euphoria” é daquelas músicas que dificilmente será esquecida, sendo um hit eurovisivo da Era moderna.


Infelizmente, contrariando algo muito bom, surgem muitas e muitas fatalidades eurovisivas! A primeira? O segundo lugar russo! Tudo bem, as avozinhas são muito queridas e fofinhas, mas este trata-se de um concurso MUSICAL! E do ponto de vista musical o tema russo era dos mais fraquinhos do ano (e do século!). Tenho muita pena que os espetadores se deixem levar pelas aparências e se esqueçam do verdadeiro propósito da Eurovisão. Pior ainda, é uma blasfémia que jurados, supostamente, entendidos na matéria optem por atribuir qualquer pontuação a uma música que preza pela falta de musicalidade! Mas que se pode fazer… A Rússia é a “mãe” de muitos dos países a concurso no certame. Outra qualificação de bradar aos céus foi a da Turquia (sétima posição)… A amizade é algo que se deve prezar, mas a contínua troca de galhardetes entre o país anfitrião e os turcos foi um exagero! Aquele “barco” bem que devia ter afundado já na semifinal. Para além do tema ser desprovido de qualquer ponta de qualidade, o cantor tinha uma voz equiparada ao balido de uma cabra – sem querer ofender os apreciadores.


Depois de referir algumas classificações injustas, em excesso, tenho de mencionar prestações que foram prejudicadas e descredibilizadas. Mesmo podendo tomar a classificação espanhola como algo positivo, dado que há já vários anos nem “cheirava” o Top 10, soube a pouco! Pastora tinha um dos temas mais harmoniosos, marcantes e inspiradores. Para mais, a sua capacidade interpretativa foi uma das melhores da noite – que vozeirão! Falando ainda em injustiça, não posso deixar de referir as posições no fundo da tabela dos países nórdicos – excepto a Suécia, pois claro! Se por um lado se tornou evidente a “jogada” subjacente a este facto, foi decepcionante ver temas como o islandês e o dinamarquês a serem ultrapassados por músicas medíocres como a ucraniana ou a romena. Nem refiro o tema norueguês uma vez que, embora fosse um dos meus preferidos no pré-ESC, deixou muito a desejar no momento da verdade – mesmo assim, a última posição foi uma penalização demasiado dura!



Fonte: scandipop.co.uk

Por falar em decepção, um dos maiores flops da noite foi o tema cipriota! Já se avizinhava este fim desde a semifinal, pelo facto de Ivi não conseguir dar ao tema aquilo que este precisa – energia, poder vocal e mais interatividade. Foi, mesmo assim, muito interessante assistir à tentativa do Chipre em marcar esta edição eurovisiva. Outro grande flop foi o do tema esloveno que nem passou do décimo sétimo lugar na semifinal! Uma das maiores injustiças desta edição! Eva, mesmo com a sua tenra idade, colocou num bolsinho muitos dos grandes nomes que já passaram por este certame. Outro pseudo-flop remeteu para a prestação grega. Mas já era de esperar, dado que o tema não apresentava argumentos para lutar por uma posição cimeira!


Mas nem tudo foi injustiça! Algumas interpretações obtiveram posições merecidas, como foi o caso da Sérvia, do país anfitrião (que, de resto, apresentou o mais belo vestido da edição), da Itália e da Alemanha. Alguns destes poderiam, e mereciam, obter uma melhor classificação, principalmente quando se tem em conta que a Rússia terminou em segundo! Mesmo assim, e no geral, fico feliz por terem terminado no ambicionado Top 10!

Claro que não podia terminar esta crónica sem mencionar a prestação portuguesa! Um tema muito agradável (mesmo sem impressionar!) que acabou por ser prejudicado pela semifinal em que foi incluído. Podemos agora entrar em eternos “ses” e questionar se passaríamos caso estivéssemos na primeira semifinal. Mas isso não interessa minimamente a este ponto! Portugal mesmo tendo sido competente, acabou por apresentar um tema que se tornou esquecível, muito por culpa dos temas mais ritmados que o rodeavam. Se Portugal merecia passar? Sem margem para dúvidas! Embora a realização não nos tivesse favorecido, tivemos uma das prestações vocais mais certinhas. O que correu mal? Para além da nossa falta de amiguinhos, faltou-nos aquele “fator X”, algo que marcasse o espetador! Talvez se a RTP tivesse permitido aos autores do tema que alterassem e aprimorassem a sua obra, teríamos mais hipóteses…

Ainda referindo Portugal em Baku tenho de transmitir uma palavra de apreço pelos comentários de Pedro Granger. Confesso que não apreciei o seu trabalho no FC 2012, tendo-o expressado em comentários anteriores. Mas nos dias eurovisivos podemos contar com comentários apropriados, com uma revisão histórica e uma breve referência à interpretação a que iriamos assistir. Para apimentar a situação, Pedro chegou a referir algumas particularidades interessantes, como a breve alusão aos votos geopolíticos e às apreciações dos outros comentadores. Ficará, também para sempre, na minha memória a mensagem especial direcionada a Eládio Clímaco que, de resto, foi muito bem merecida – todos podem e devem expressar a sua opinião, mas sem desrespeitar ou denegrir outrem! No geral, Pedro saiu-se muitíssimo bem, demonstrando que é sempre interessante poder contar com a presença de um eurofã na transmissão da Eurovisão.

No geral, esta edição do Festival Eurovisão da Canção ficar-me-á sempre na memória por um simples motivo – venceu o melhor tema a concurso! Mais ainda, com a vitória sueca avizinha-se um excelente espetáculo, que fará renascer a chama eurovisiva, por vezes apagada, em muitos espetadores! Depois de algumas vitórias enfadonhas, “Euphoria” promete dar um novo ser à grande festa da música europeia!


Redigido por: Andreia Fonseca

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