Diogo Canudo: Boas tardes, caros leitores! Tenho algo para vos anunciar… Esta é a penúltima tertúlia. Estou tão triste… É tão bom partilhar estas opiniões connosco e ler os vossos comentários! Já estou a começar a ter saudades! E tu, minha querida Andreia?
Andreia Fonseca: Sinto tanta tristeza que até me apetece cantar um fado… Boa tarde caros leitores, é um prazer estar na vossa companhia. Esta semana, apesar de ser a penúltima tertúlia, estou particularmente feliz com o tema da mesma… Queres saber porquê, Diogo?
Diogo: Quero saber? Eu acho que já o sei… A cantora é fenomenal, a sua música também não lhe fica nada atrás, uma das melhores vencedoras da Eurovisão e, por fim, é com esta tertúlia, que lhe fazemos uma homenagem, por divulgar o nome de Portugal junto do seu! De quem estamos a falar, Andreia?
Andreia: Da única vitória eurovisiva com sabor a Portugal, a de Marie Myriam em 1977. Apesar da vitória ter sido, oficialmente, francesa, a intérprete é luso-descendente. Se isso é suficiente para nos deixar eufóricos? Não! Mas não deixa de ter sido uma excelente vitória e, como referiste Diogo, foi muito bem merecida! Uma balada que vive do poder vocal da sua intérprete (e até mesmo do próprio coro) e com uma mensagem a transmitir. Que mais se pode pedir numa receita vencedora? Já vi vitórias conseguidas com muito menos suor (e qualidade!).
Diogo Canudo: Sempre ouvi dizer que quem tem o “pacote completo” sai sempre privilegiado e, para mim, foi o que a espantosa Marie Myriam tinha – uma grande voz, uma grande letra, um grande instrumental! É certo que existem músicas que têm estes pormenores e não obtiveram bom resultado na Eurovisão, mas penso que nenhuma se deve confundir com “L’oiseau et l’enfant”! Já tive oportunidade de ver esta artista ao vivo e ela é magnífica. A sua marca como artista é transmitir uma mensagem e não sai do palco enquanto não arrepiar o público todo! Uma grande homenagem para esta senhora!
Andreia: Ao contrário do Diogo, nunca tive a oportunidade de estar com esta grande diva, mas pressuponho que seja alguém humilde. Acredito que alguém que canta com tanto sentimento e entrega em palco, só pode fazer o mesmo em todos os âmbitos da sua vida pessoal. Outro aspecto que torna esta vitória especial é o facto de ter sido a última francesa. Porque será que este país não vence desde 1977, tendo no decorrer destes anos apresentado tão boas propostas (como por exemplo, o tema de 2001 ou até mesmo 2011)?
Diogo: Sinceramente, não faço a mais pálida ideia. Em certos anos merecia completamente a vitória, mas existem outros, como 2008, que é de fugir! A questão principal, para mim, não é essa… É se, a Marie Myriam tivesse representado Portugal no mesmo ano e com a mesma música, talvez tivesse ganho?
Andreia: Eu penso que quer a minha questão quer a tua vão de encontro à mesma resposta… Questões económicas! A França não ganha porque perdeu muito do poder (não só económico mas político) que detinha a nível europeu, daí não ser levada a sério (fazendo às vezes por isso). Quanto à tua questão, obviamente que a Sra. Marie, se participasse como “nossa Maria” bem que podia perder as esperanças, mesmo com a qualidade inerente ao tema. Basta apontar os exemplos da Sra. Simone e da participação da Sra. Tonicha, que não arrecadarão os lugares cimeiros que lhes eram devidos.
Diogo: Apesar de concordar com a tua filosofia, desta vez vou ser ingénuo e afirmar que Portugal conseguia a vitória com Marie Myriam. Se o povo europeu apaixonou-se pelo tema em 1977, é porque tinha algo de especial. Também estávamos numa época em que a democracia já se tinha instaurado em Portugal. Só coisas boas… Não podemos comparar os tempos que a Simone e a Tonicha participaram, com o da Marie Myriam… Era muito lindo um Festival da Eurovisão ser entregue a Portugal no tempo de Salazar! Em relação ao factor económico, apesar de ser muito importante, ainda hoje em dia vencem países fracos – Sérvia e Azerbaijão, por exemplo.
Andreia: Essa visão tão ingénua assenta-te tão bem, quase chegas a parecer fofo! Eu não acredito nessa possibilidade… Mas falando em Portugal, deixa-me cá relembrar quem nos representou em 1977… Ah já me recordo! Foram “Os amigos”, com um tema banal e algo repetitivo. Até parece mal… Uma luso-descendente vencer com um tema fenomenal e olhar para as suas origens com um tema tão sem “sal”. Eu sei que os mais conservadores vão revogar esta opinião, afirmando que a letra tinha uma mensagem, blá, blá, blá… Temos esta mania egocêntrica de cantar a nossa História e os feitos que ocorrem pelo nosso humilde país, e isso não abona a nosso favor.
Diogo: Por muito que nos custe ter de levar com “Os amigos” nesse ano, penso que tivemos 2 participações portuguesas em 1977. A própria Marie Myriam afirmou que, quando pisou o palco, também estava a pensar no seu povo português e isso enche-me o orgulho. Portugal pode nunca ter ganho o Festival, mas se esta cantora luso-francesa me satisfaz? Sim, totalmente! Mas este ponto não nos cabe só a nós, há uma data de vencedores que têm 2 nacionalidades, não é Andreia?
Andreia: Se têm dupla nacionalidade não o sei, mas que existem muitos artistas que venceram representando outro país que não o de origem, lá isso é verdade. Veja-se o exemplo da Sueca Helena Paparizou que venceu pela Grécia (exibindo, inclusive, o seu belo aspecto bronzeado). Se a Suécia festejou essa vitória? Não me parece, até porque têm vitórias próprias suficientes para não festejar as dos outros. Nós, os tristes tugas sem rumo, é que pegamos no mínimo contorno positivo no meio destas desgraças eurovisivas e assimilamos com uma pequena vitória. Se isso é mau? Não! Mas não deixa de ser um pouco triste.
Diogo: Pode até ser triste, mas se não temos mais, temos de nos contentarmos com alguma coisa… e pedir, futuramente, mais e mais! Não concordas, minha colega?
Andreia: Concordo, mas rejeito a hipótese de tomar uma posição conformista. É verdade que fico feliz ao pensar nesta vitória, mas ambiciono poder celebrar uma nossa. Sei que o melhor é esperar sentada, até porque com esta espera posso vir a ganhar raízes… Mas que se pode fazer?! Sou portuguesa, não vou mudar de nacionalidade, por isso ou espero ou desisto da minha “loucura eurovisiva”. Como adoro estar na vossa companhia não pretendo prescindir deste meu hobbie, querendo redigir muitas e muitas crónicas… E tu Diogo, vais querer continuar na nossa companhia?!
Diogo: Só se for na tua companhia ahahahahah! Se eu não quisesse continuar, nem participava nesta tertúlia! Bem, penso que esta tertúlia está terminada! Eu não tenho mais nenhum assunto por falar e tu, Andreia? Pode continuar a tertúlia, fazendo um comentário! Não se esqueçam! E já para a semana é a última tertúlia! Não percam o fim desta bela iniciativa!
Andreia: Mas eu não quero acabar! Isso significa que nos estamos a aproximar do fim… Não quero! Mas se tem de ser, eu acato essa decisão. Obrigada pela companhia e espero que continuam a seguir o nosso trabalho. Não se esqueçam de comentar… Até breve!
Realizada por Andreia Fonseca e Diogo Canudo
Fonte das imagens: google (imagens)
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