Um
pouco sobre o festival Eurovisão da canção de 1979…
Em 1979 realizou-se a vigésima quarta edição do
Festival Eurovisão da Canção, que contou com Israel como o país anfitrião após
a sua vitória no ano anterior com a canção "A-Ba-Ni-Bi" de Izhar
Cohen & Alphabeta. O Festival realizou-se a 31 de Março de 1979 no Binyaney
Ha' ouma Centre situado em Jerusalém, a capital Israelita. Esta edição ficou
marcada pelo facto de ser a primeira realizada fora da área geográfica
europeia.
Daniel Pe'er e Yardena Arazi foram os apresentadores
do Festival que viu desfilar a música dos 19 países participantes, incluindo
Portugal, neste ano representado por Manuela Bravo com a canção "Sobe,
Sobe, Balão Sobe" que terminou na nona posição.
Numa edição de regressos e hits, o festival da canção
de 1979 contou com nomes já conhecidos no mundo eurovisivo como Peter, Sue
& Marc (Suiça); Anne-Marie David, vencedora em 1973 (Luxemburgo); Anita
Skorgan (Noruega) e Xandra (Holanda).
Vários sucessos surgiram após esta edição do festival,
não só a canção vencedora, Halleluja como também a banda alemã Dschinghis Khan
que se formou propositadamente para o Festival e acabou por alcançar sucesso um
pouco por toda a Europa e até no Japão, devido ao seu aparecimento na época em
que a música Disco fazia furor nas pistas de dança.
A canção espanhola “Su Canción” interpretada por Betty
Missiego foi também um sucesso enorme, terminando em segundo lugar no festival.
Por Portugal a canção de Manuela Bravo também se
tornou icónica e representou um sucesso de vendas na época.
Para além dos regressos e sucessos esta edição contou
também com uma desistência polémica por parte da Turquia, que não entrou no
quadro dos países participantes devido a pressões políticas por parte de outros
países muçulmanos, visto que esta edição seria realizada em Israel.
Sobre os
vencedores…
A junção do grupo Milk and Honey com Gali Atari foi
criada propositadamente para representar Israel no Festival Eurovisão da Canção
no ano de 1979, contudo Gali Atari já havia tentado representar o seu país no
festival.
Gali Atari é uma cantora e actriz israelita que já
conta com experiência em festivais internacionais, como é o caso do World
Popular Song Festival no Japão onde representou o seu país com as canções
"All free" e "Give love away". Gali voltou a participar
nesse festival em 1976, desta vez com um tema intitulado "The same old
game".
Em 1978 concorreu em conjunto com Bums e Udi Spielman
participaram no Festival Hazemer Ha'ivri, onde ocorre a selecção para a
representação de Israel no Festival Eurovisão da Canção com a música
"Nesich hachlomot", terminando num terceiro lugar.
Em 1979 vence o festival Hazemer Há’ivri e o Festival
Eurovisão da Canção em conjunto com o grupo Milk and Honey.
Após o festival a cantora deixa de colaborar com o
grupo e segue a sua carreira a solo.
Ainda no ano de 1979 participa num filme israelita
intitulado Dizengoff 99, fazendo parte o elenco principal.
A banda Milk and Honey é constituída por Reuven
Gvitrz, Shmulik Bilu e Yehuda Tamir.
Após a vitória do Festival Eurovisão da Canção, a
banda participou no festival Hazemer Ha'ivri para tentar representar Israel no
Festival Eurovisão da Canção contudo não foram escolhidos para o evento. Em
1981 participaram com a música “Serenada” em conjunto com Lea Lupatin, que
terminou o festival de selecção nacional na quarta posição. Em 1989
apresentaram a música Ani Ma'amin, também em conjunto com Lea Lupatin
terminando desta vez em oitavo lugar.
A canção
vencedora…
O tema “Hallelujah” é uma balada marcada pela sua
temática religiosa, com um instrumental simples e cantada unicamente em
hebraico.
Com letra de Shimrit Orr e música e orquestra dirigida
por Kobi Oshrat, “Hallelujah” soa ao ouvido dos espectadores como um hino
religioso.
Com uma forte mensagem de paz, a canção pretende
transmitir a ideia de que todos podem unificar-se e cantar juntos em harmonia
para um mundo melhor. Transmite também uma ideia de esperança no futuro e na
possibilidade de unificação dos povos.
A canção termina apelando a todos para cantarem
“Hallelujah”, de mãos dadas e sorrisos no rosto, de modo a fazer uma tentativa
de parar as guerras hediondas da época e que hoje em dia ainda estamos expostos
(parece que o apelo feito por parte de Gali Atari e da banda Milk and Honey não
teve grande impacto nesse sentido).
Halellujah, palavra originalmente hebraica, significa
“Louvar” e é usada maioritariamente em textos e canções religiosas, sendo usada
na bíblia.
A canção acabou por fazer o público “louvar” e
deixa-se levar pela lufada de ar fresco e de pureza, conquistando a vitória no festival.
A
interpretação…
“Hallelujah” foi a 10ª canção a ser interpretada, com
uma actuação simples, bem ao formato da música.
Surge com Gali Atari a cantar e os restantes membros
da banda Milk and Honey vão surgindo posteriormente.
A melodia é acompanhada por uma dança com movimentos
serenos e perfeitamente conjugados.
As vozes de Gali e dos membros de Milk and Honey
complementam-se, tornando assim a canção menos monótona e mais agradável ao
ouvido do espectador.
Crónica redigida por Patrícia Gargaté
22/08/2011
22/08/2011
Muito bom! Para estreia está extremamente óptima! ^^
ResponderEliminarParabéns e boa sorte! :D
ResponderEliminarNa minha modesta opinião, é 1979 o auge da Eurovisão, a maior de todas as edições. Gosto de "Hallelujah". É um dos ícones do festival e dificilmente alguma a desbancará como a mais sacra, a mais religiosa das canções eurovisivas.
ResponderEliminarQuero apensar alguns comentários acerca do país de bandeira com estrela de Davi à crônica.
Tom Jobim disse que a música popular brasileira, a popular cubana e a popular norte-americana são as únicas realmente originais e que o resto não passa de valsa.
O Estado Judaico tem um histórico de composição musical singular no mundo. Não é só óperas, corais e Strauss e não é só uma mistura de sons brancos, negros e aborígenes em regiões recém desbravadas. É uma massa de Ocidente e de Oriente, é o secularismo moderno com o misticismo tradicional, é uma miscigenção de um povo de diáspora que se encontrava pelo oeste e pelo leste e que se reuniu numa terra que apesar de não ter sido desconhecida como o Novo Mundo, tinha que ser redescoberta. Uma tradição milenar, uma nação histórica que para formar um país, construiu uma nova cultura. Todos os antrópologos dizem: Israel atual para obter legitimidade se baseou numa nova identidade construída com as características dos kibutzim, da contemporaneidade, da imigração, do pioneirismo e sobre uma base por demais fortalecida com gênese na Antiguidade e isso agora se apresenta com uma cultura distinta da do povo judaico que serve como um dos pilares do ser estatal israelense, pois nenhum Estado moderno se sustenta somente sobre uma etnia ou uma religião. Esse é um caso único no mundo.
Essa lufada imperceptivelmente exótica aos ouvidos de certos eurofãs ou do telelespectador desatento foi a fonte da qual se nutriu Israel com "A-Ba-Ni-Bi", "Diva" e "Chai" para dar das maiores contribuições de todo o festival e assim, colocar a música feita lá no patamar de uma das principais da Europa, espelhar a excelência musical judaica encontrada também nos compositores desse povo que cooperaram e cooperam nos cancioneiros de todas as nações ocidentais e apresentou o hebraico como uma língua moderna e pop que as pessoas cantarolam sem pensá-la como apenas o som das cantilações rabínicas.
Não acho lamentável perder Luxemburgo, mas uma ausência de Israel da Eurovisão seria péssima tal como foi artisticamente o desaparecimento italiano. Deve-se agradecer que isso não ocorreu, deve-se dizer ALELUIA"
Adorei poder ouvir de novo a canção, foi fantástico. Os meus sinceros " parabéns "por o permitirem é um excelente " trabalho "
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