Um pouco de história...
O
Festival Eurovisão da Canção de 1978 realizou-se em Paris, mais propriamente no
Centro de Convenções, no dia 22 de Abril. Esta foi a terceira vez que a França
se apresentou como anfitriã deste evento. Pela primeira vez na história
eurovisiva a emissão contou com dois apresentadores, Denise Fabre e Léon
Zitrone.
Esta
edição ficou marcada pela primeira participação simultânea da Grécia e da
Turquia, uma vez que sempre que um destes países participava o outro desistia.
Outro facto marcante deste Festival foi o regresso da Dinamarca que não
participava desde 1966. No entanto, a recepção a este país não foi a mais
feliz, vendo o seu tema “Boom Boom”
terminar em décimo sexto lugar. Em 1978, o concurso recebeu uma cantora que
viria a vencer este certame… Mas não este ano! Cheryl Baker, uma das cantoras dos célebres Bucks Fizz, participou neste Festival como elemento da banda Coco, presenteando o Reino Unido com o pior resultado até a época… Um décimo primeiro lugar.A Noruega terminou, pela quinta vez, em último lugar, com
os marcantes “zero pontos”. Com esta (pouco desejável) conquista, tornou-se no
primeiro país a obter tal pontuação com o novo sistema de votação (implementado
em 1975) - Uau! Um recorde negativo que não pertence a Portugal.
Descontente
com a obrigatoriedade de cantar na sua língua nativa, o intérprete sueco
planeou cantar em inglês a todo o custo… Resultando numa interpretação
desastrosa. Como não foi aberta uma excepção, o cantor viu-se obrigado a
modificar a sua letra à última da hora. Como o que este cantor tinha a mais em
teimosia, faltava-lhe em memória, esqueceu-se de parte da letra durante a
actuação (terminou em décimo quarto lugar).
Como
prova da crescente importância que vinha a ser atribuída a este concurso, o
Dubai comprou os direitos de transmissão desta edição, tendo-a acompanhado em
directo (juntando-se a países como Tunísia, Argélia e Japão).
Este
Eurofestival foi vencido pelo Israel, com a canção “A-Ba-Ni-Bi”,
marcando a sua primeira vitória eurovisiva. Por ser o país que era, com os
inimigos que tinha (e continua a ter), este triunfo não foi bem recebido por
todos… Principalmente por várias das nações do Norte de África e Médio Oriente
que nem participantes eram. Segundo John Kennedy O’Connor, quando, no decorrer
da votação, se tornou claro que o Israel ia vencer, a maioria das estações
televisivas árabes terminaram a transmissão do concurso. A própria TV
jordaniana terminou a emissão com uma foto de narcisos (alegando problemas
técnicos), vindo, mais tarde, a anunciar que a vencedora tinha sido a canção
belga (que terminou em segundo lugar).
No
entanto, e inimizades à parte, esta vitória estabeleceu um recorde ao ter
recebido cinco pontuações máximas (doze) consecutivas.
Os intérpretes…
Esta
actuação contou com a participação do grupo israelita, Alphabeta, constituído
por cinco elementos (Reuven Erez, Lisa Gold-Rubin, Nehama Shutan, Ester Tzuberi, e Itzhak Okev). Este
conjunto vocal suportou o cantor principal, Izhar Cohen. Cohen não se ficou por
esta participação, tendo regressado aos eventos eurovisivos em 1985, com o tema
“Olé, Olé”, mas desta vez sem o apoio
de um grupo musical identificado. Talvez por esta falta, Cohen não conseguiu
arrancar outra vitória eurovisiva, contentando-se com um honroso quinto lugar.
Como quem experimenta, jamais quer deixar, este cantor tentou voltar à
Eurovisão em 1987 e 1996, mas os israelitas não queriam mais das suas
“cantigas”. Cohen explorou, também, os caminhos da representação, tendo sido
actor no Teatro da Haifa.
O tema…
“A-Ba-Ni-Bi” (“Amo-te”)
é um tema com um ritmo frenético e um conjunto de vozes forte e consistente. No
entanto, por vezes, a música torna-se confusa, devido a mudanças na própria melodia.
A letra é da autoria de Ehud Manor, com música e
orquestração de Nurit Hirsh. O título do
tema é confuso e sem sentido, sendo um jogo de palavras. Contudo, essa
limitação linguística não impediu que “A-Ba-Ni.Bi” se tornasse num sucesso na Europa
Ocidental. A letra da música retrata a forma como as crianças se
relacionam com o amor. Os intérpretes comparam essa época com a vida adulta,
onde percebem que “o amor é uma palavra bonita”, onde a humanidade deve “falar
na linguagem do amor”, em vez da do segredo. Por este motivo, o tema
apresenta-se na linguagem Bet – um jogo de palavras infantil em que cada sílaba
da palavra é repetida com a substituição da consoante por uma Bet. Assim, o que
em hebraico era "a-ni o-hev o-tach", neste tema ficou "a-ba-ni-bi o-bo-he-be-v
o-bo-ta-ba-ch".
Apesar
de, durante a sua participação, este tema ter sido ridicularizado por não ter, alegadamente,
qualidade, “A-Ba-Ni-Bi” é considerado, por muitos fãs, como um dos melhores
temas eurovisivos de sempre (sendo presença assídua em medleys eurovisivos).
A interpretação…
Durante
a apresentação em palco, Cohen e os seus backing
vocals (dois homens e três mulheres) apresentaram-se com roupas brancas –
as mulheres de vestido e os homens de calças e camisa. O cantor tomou uma
posição dianteira em palco, conduzindo o tema. Apesar de assumirem posições
definidas em palco, a mobilidade não ficou comprometida, com os elementos a
balançar ao ritmo da música, com uma coreografia simples, mas coordenada.
Crónica redigida por Andreia Fonseca
19/08/2011
19/08/2011
ps. não se esqueça de continuar a votar na melhor canção vencedora de sempre!



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