Com a vitória da França no ano
anterior, a 23ª edição do Festival Eurovisão da Canção decorreu a 22 de Abril
de 1978 em Paris. Os dois apresentadores do evento foram Denise Fabre e Leon
Zitrone. Novamente nenhum país decidiu estrear-se neste ano, mas tivemos dois
regressos: Turquia (que tinha feito a sua última apresentação precisamente no
seu ano de estreia em 1975) e a Dinamarca (que esteve ausente desde 1967).
Assim, o total de participantes foi de 20 países.
Os representantes portugueses foram,
novamente, um grupo. Desta vez os felizardos foram os Gemini e a sua “Dai-Li-Dou”. Confesso, desde já, que esta canção
(juntamente com outras três) faz parte do grupo que penso que NUNCA deveriam
ter pisado o palco da Eurovisão. Por isso, é para mim muito difícil falar sobre
esta música. Tema esse, de Vítor Mamede, que é irritante e ao qual me faltam
palavras para o descrever. A letra, de Carlos Quintas, é do mais repetitivo que
há e de uma falta de originalidade descomunal. O tema principal, e que me parece
ser o único, é o de um papagaio de papel. Não havia mais nada que se pudesse
desenvolver? Então a parte em que constantemente se repete “ Da li Da li Da li
Da Li Da Li Da Li Dou” é desastrosa. Este foi daqueles anos em que, depois de muito
pensar, só posso concluir que por vezes a RTP anda a brincar quando escolhe os
NOSSOS representantes. Sinceramente, de entre as músicas concorrentes não havia
nenhuma que fosse superior (em todos os sentidos) a esta Dai Li Dou?
Até mesmo a apresentação em palco
foi pouco original. Os cantores limitaram-se a encostar-se uns aos outros e a
fazer pequenos gestos, como aquele que as meninas fazem com os vestidos para
imitar um pássaro a voar. Tenha paciência… Aquilo era apenas o maior festival de música a nível europeu. Não era o
festival da comédia…
Apesar de tudo, de entre os 20
países a concurso, Portugal classificou-se em 17º lugar. Outra injustiça na
minha opinião. Se houve anos em que merecíamos o último lugar, este era sem
dúvida um deles. Podia ser que aprendêssemos com os erros. Não torno a culpa
aos cantores, pois fizeram o melhor que sabiam. A culpa foi de quem votou
neles. Se as pessoas percebessem que aquilo não tinha futuro na Eurovisão,
mesmo que eles continuassem a participar no Festival da RTP, nunca teriam ganho.
Tivemos 5 votos, o que me leva a crer que devem ter vindo da França, Suíça ou
Espanha. Os outros países devem-se ter rido de nós (com razão!). Mas é-nos bem
feito que é para ver se abrimos os olhos. Mas por outro lado também compreendo
a atitude da RTP: se com propostas de qualidade ficamos nos últimos lugares, o
melhor é mandar uma pior a ver no que resulta (o último lugar está garantido).
Neste caso resultou mal. Diria até bastante mal. A ideia que os outros países
tinham acerca da música portuguesa deve ter ficado completamente alterada
depois desta participação. Pior sorte teve a Noruega, que tal como aconteceu em
1976, ficou novamente em último lugar com 0 pontos. Talvez os nossos 5 pontos
tivessem sido mais bem entregues à Noruega.
Para
contrariar a ideia de que só os países da Europa Central e Norte ganhavam o
ESC, neste ano a vitória coube a Israel. O grupo Izhar Cohen & The
Alphabeta, que levou a música “A-Ba-Ni-Bi”, foi o preferido dos votantes,
alcançando 157 votos (mais 32 do que a segunda classificada – Bélgica).
Crónica redigida por Armando Sousa
(20/07/2011)
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