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[Crónica] Portugal na Eurovisão: "Onde Vais Rio Que Eu Canto" de Sérgio Borges (1970)


Como eu tinha dito no artigo passado, o facto de se ter sagrado 4 campeões na Eurovisão de 1969 iria trazer algumas consequências… Portugal realizou o tradicional Festival RTP da Canção, do qual saiu vencedor Sérgio Borges e o seu tema "Onde Vais Rio Que Eu Canto". Contudo, Portugal decidiu não participar na Eurovisão por dois motivos relacionados com o festival anterior: a fraca pontuação obtida pelo tema “Desfolhada Portuguesa” e também, como forma de protesto, por terem sido anunciados 4 vencedores. Eu concordo absolutamente com a decisão tomada pela RTP; uma música como a que levamos em 1969 e interpretada de forma tão brilhante pela grande Simone, deveria ter ficado melhor colocada! E quanto aos 4 vencedores também não achei justo (nem os próprios vencedores devem ter achado). Qual é a piada de saírem vitoriosos quatro países? Tem alguma piada? Não! Será que eles repartiram o troféu entre si? Ninguém gosta de dividir prémios (nem que fosse apenas o simples facto de ficar com um mero título). Em todos os concursos, geralmente, existe um único vencedor, não quatro. Até o facto de se escolher o local para se realizar o festival deve ter feito correr muita tinta... É claro que qualquer um dos 4 premiados deve ter feito os seus maiores esforços para levar o eurofestival para a sua terra natal; mas quem acabou por “ganhar” a “guerra” foi a Holanda. Dos 4, a Holanda era o país que tinha ganho há mais tempo (em 1959), talvez isso tenha condicionado a sua escolha… 
        
Gostaria também de referir que, apesar de tudo isto, foi uma pena Portugal não ter participado e não ter tido a oportunidade de mostrar a grande música que nos iria representar. Penso que, se realmente tivéssemos participado, talvez pudéssemos obter um resultado diferente dos anteriores (melhor). A música, da autoria de Carlos Nóbrega e Sousa (responsável também por "Sol de Inverno") não tinha muito a ver com o que Portugal costumava levar e isso talvez fosse uma maneira de chamar a atenção. Eu diria que é impossível não se gostar desta música, ela é tão doce, tão suave que, quem a ouve, fica fascinado e rendido a ela. A letra (de Joaquim Pedro Gonçalves) é linda. A conjugação entre a melodia e a letra é perfeita. O maior problema é que a nossa língua não é muito falada no estrangeiro e, por isso, a maioria dos espectadores também não a iriam perceber. Isso ainda, nos dias de hoje, acontece, o que é uma pena. Numa sociedade que, cada vez mais, se diz interligada entre os diferentes países, a língua continua a ser um entrave... Tudo gira à volta do inglês (e sinceramente não vejo tanta razão para isso. O português é tão ou mais bonito que o inglês). 
        
Para terminar, refiro que o festival, realizado a 21 de Março de 1970, teve como vencedor a Irlanda com o tema "All Kinds of Everything", interpretado por Dana (não, não era a International…), obtendo assim, o país, a sua primeira vitória. Esta edição ficou também marcada pela queda (e bem a pique) do número de participantes – 12 (com a retirada de Portugal, Suécia, Finlândia e Noruega, como forma de protesto). 

            Armando Sousa 25/05/2011 
         
P.s.: Apesar da iniciativa se chamar "Crónica sobre as participações de Portugal na Eurovisão", achámos por bem aceder ao pedido do autor e dedicar esta semana ao Sérgio Borges. Apesar de não ter ido à Eurovisão, ganhou o festival português, e isso é de louvar. Deve-se sempre promover artistas tão dignos como este senhor!

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