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ESC 2011: opinião sobre o sétimo dia de ensaios

 
Mais um dia de ensaios que chegou ao fim. Tivemos a oportunidade de assistir ao primeiro ensaio dos cinco países com passagem directa à final (Big5). Os participantes da segunda semifinal demonstraram, globalmente, melhorias significativas, resolvendo alguns dos problemas a nível interpretativo.
           
Depois do ensaio extra, onde foram necessárias duas tentativas para quebrar o bendito vidro, a Suécia ascendeu novamente ao palco do ESC. O que lhe falta em capacidade vocal, Eric tem em carisma. A coreografia é sensacional, o palco está muito à imagem do ambiente do videoclip, transformando a actuação em algo digno de ser visto e ouvido. Com a integração da explosão, a interpretação torna-se ainda mais forte e marcante. No entanto, a transição entre a explosão e a coreografia tem de ser melhorada, para que o intérprete entre no tempo correcto da música. Desta vez, Eric não usou o casaco do primeiro ensaio (que tinha uns efeitos luminosos), optando por manter o casaco estilo “Michael Jackson”, utilizado na final sueca. O vestuário continua adequado à música, num estilo muito juvenil, que em tudo combina com o cantor. Com o decorrer do tempo, a performance vocal tem melhorado, muito por culpa dos backing vocals. Se o intérprete tem uma prestação imaculada? Não, mas consegue manter um nível bastante satisfatório que, combinado com a sua presença em palco, deixa o espectador boquiaberto. Senhores e senhoras… temos perante nós um grande candidato à vitória.
           
Desta vez sem o suposto guarda-roupa da semifinal, o Chipre realizou o seu segundo ensaio. Confesso que fiquei muito admirada com esta actuação. Não dava nada por ela e surpreendeu-me bastante, aquando do primeiro ensaio. A prestação vocal, quer do intérprete quer do elemento feminino da actuação, continua sensacional, o que dá muito poder ao próprio tema. Hoje a actuação não teve direito ao efeito de fumo no palco, devido a problemas técnicos. O posicionamento em palco é de uma inteligência extrema, devido à integração de movimentos sincronizados com o cenário que lhes serve de fundo (utilizando um sistema idêntico ao de Sakis em 2009). Este é um exemplo perfeito de que algo simples consegue ser na mesma eficaz, basta um bom planeamento.
           
Poli Genova voltou ao palco do ESC com o seu tema “Na Inat”. O guarda-roupa permanece o mesmo, o que, quanto a mim, é um ponto negativo. Esta música precisa de algo mais arrojado do que um simples vestido branco. A intérprete devia parecer uma guerreira e não um anjo imaculado. No entanto, Poli tem uma prestação vocal muito bem conseguida, com imensa garra. A cantora não me parece tão perdida em palco, pelo que se denota algum trabalho nessa questão. O retirar do vestido na parte final da música é uma ideia sem qualquer originalidade. Este tema merecia algo mais inovador. O cenário é, no entanto, interessante, com um toque dramático que combina na perfeição com a interpretação.
           
 O país que se seguiu foi a Macedónia. Já é público o meu desapreço por esta música. Vlatko Ilievski subiu ao palco com os seus bailarinos. Estes aparecem vestidos de branco, onde os elementos masculinos apresentam um cinto vermelho. A integração de uma coreografia nesta música é um ponto bastante positivo. A indumentária do intérprete é de bradar aos céus, muito por culpa da sua camisa aos folhos. A sua prestação vocal é competente e o seu à vontade em palco é uma mais-valia para a actuação. Outro aspecto positivo remete para o cenário, um fundo bastante atractivo e inovador, mas que não me parece adequado à música. No entanto fica assente o bom gosto pela estética do mesmo. Não posso deixar de referir a inclusão de uma parte estilo Homens da Luta, com a utilização de um megafone, que era completamente desnecessária.
           
“Ding Dong”… She’s back! Dana Internacional voltou aos palcos do ESC, desta vez com um vestido de Jean Paul Gaultier. Uma peça de roupa extravagante, muito à imagem da intérprete, que lhe assenta como uma luva. Já os elementos do coro têm como guarda-roupa um vestido curto de cor branca. O cenário é alegre e festivo, como a própria música. Mais solta e espontânea, Dana marca pontos, pela sua química com as câmaras, terminando a actuação no palco satélite. Vocalmente competente, a cantora tem no coro um forte aliado para tornar a música mais chamativa. O segundo ensaio introduziu, de facto, melhorias no tema, tornando-o mais forte (muito por culpa da intérprete). Uma finalista quase certa…
           
A parte da tarde iniciou-se com o ensaio da França. Amaury Vassili tem uma voz magnífica, exibindo uma performance vocal formidável. Este factor, aliado à qualidade instrumental da música, eleva a minha alma às nuvens. Toda a actuação é envolta de um clima místico, tendo o próprio intérprete uma postura digna de título principesco. O próprio vestuário tem um quê de realeza. Uma actuação centrada no cantor, que defende muito bem o seu tema, dando-lhe profundidade e sentimento. O cenário é totalmente adequado à música, modificando-se consoante as próprias variações da mesma. Isto tudo perfaz uma actuação merecedora de vitória, tendo todos os ingredientes para marcar a história do ESC.
           
O tão esperado regresso da Itália aos palcos deste certame ocorreu esta tarde. Apesar da música não ser, de todo, algo que me impressione, a qualidade vocal do intérprete é inegável. Sentado a tocar piano, o intérprete é acompanhado por uma banda. Uma actuação que nos transporta até um requintado bar de jazz. É apresentado um cenário intimista, onde, por vezes, surge como plano de fundo as mãos de Raphael Gualazzi a tocar no teclado. Uma ideia interessante, mas que me parece insuficiente como forma de captar a atenção do espectador. O vestuário dos elementos em palco segue uma linha clássica, adequada ao estilo musical em questão. Não me parece que a Itália tenha voltado em grande; mesmo assim, é bom tê-la novamente no palco do ESC.
           
Os representantes do Reino Unido, a famosa boysband Blue, surgiram em palco para o seu primeiro ensaio. Nota-se que estes quatro homens já trabalharam muito para esta actuação, tendo uma estratégia em mente. Estes optaram por um cenário moderno (dominado pela cor verde), apresentando em palco quatro mini-ecrãs, que exibem imagens dos intérpretes. Uma ideia algo egocêntrica, mas extremamente inteligente, uma vez que joga com a boa aparência dos mesmos. Com o decorrer da actuação, as imagens dos intérpretes são, por vezes, substituídas pelo título da canção, “I Can”. A coreografia, embora não seja nada de exuberante, é bastante eficaz e apelativa. O vestuário dos Blue é o esperado, roupa com classe e um toque de contemporâneo. Cada elemento tem diferentes particularidades na sua indumentária, até porque não queremos que se pareçam irmãos gémeos (já temos que cheguem!). Quanto a aspectos vocais, têm as suas falhas, mas são bastante competentes, tendo o apoio de dois backing vocals. Foi introduzida uma mudança em termos instrumentais no primeiro refrão, comparativamente com a versão de estúdio. Esta marca, de certa forma, foi uma mudança na própria presença em palco dos Blue, assumindo uma postura mais dinâmica. A actuação do Reino Unido apresenta todos os argumentos para lutar pela vitória… “Yes, they Can!”
           
 É caso para dizer: “Em equipa que ganha não se mexe”… Lena volta a representar a Alemanha no ESC. As bailarinas são o aspecto mais positivo desta actuação. Mesmo com um traje ridículo (estilo Lady GaGa), estas conseguem tornar um tema morto em algo com mais dinâmica, desenvolvendo uma coreografia à imagem do tema. Lena aparece em palco com um fato preto e um cinto, em tons de azul, a sobressair, com sapatos a condizer. Tem, também, um enfeite na cabeça, que se assemelha a uma flor. O palco apresenta, como fundo, uma espécie de efeito hipnótico, com a projecção de imagens das bailarinas. A interpretação é envolvida num clima de mistério, com a combinação das luzes, do cenário e da própria interpretação (muito à imagem do videoclip). A prestação vocal de Lena, embora não seja excepcional, é competente (melhor do que no ano passado), contando com a preciosa ajuda das backing vocals. No final da actuação, o cenário “parte-se”, assemelhando-se ao efeito de um vidro a quebrar.
           
 Os últimos a ensaiar neste sábado foram os “nuestros hermanos”. A Espanha trouxe a animação ao palco do ESC. Com um cenário bastante colorido (com direito a fogo-de-artifício), Lucía Pérez surge num curto vestido cor-de-rosa. Os outros elementos de palco apresentam-se com fatos e vestidos brancos. A prestação vocal da intérprete não é impressionante, mas é eficaz para a música que defende. Um factor muito positivo é a interacção da cantora com os bailarinos e backing vocals. A coreografia espalha-se por todo o palco, o que acaba por transmitir uma maior vivacidade à actuação. Embora não seja uma música que encha o ouvido, é uma festa eurovisiva. O tema ganha muito pela alegria que transmite, no entanto não me parece suficiente para conseguir um lugar cimeiro.
           
A meu ver, as melhores actuações de hoje foram as da Suécia, da França e do Reino Unido. Não me parece que tenham existido ensaios insatisfatórios; no entanto, a actuação da Macedónia está bem abaixo das restantes.

            Por Andreia Fonseca, 07/05/2011

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