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ESC 2011: opinião sobre o sexto dia de ensaios


O sexto dia de ensaios terminou e, em nada, me surpreendeu. Actuações previsíveis, o que já era esperado, uma vez que, a esta altura do campeonato, as estratégias já estão bem traçadas. Fazem falta actuações que nos façam “voar pelas asas da melodia”, na medida em que me parece que ficámos com os pés colados à terra com estas interpretações. 
           
Os representantes da Islândia, Sjonnis Friends, foram os primeiros a pisar o palco, esta sexta-feira. Repletos de boa disposição e muito à vontade, realizaram um ensaio competente e até bastante agradável. A presença em palco, apesar de “simpática”, é muito estática e pouco atractiva para o espectador, o que vai de encontro com o próprio conceito da música. São poucas as alterações desde o primeiro ensaio, no entanto pareceu-me notória uma melhoria em termos vocais, com uma melhor coesão entre as vozes. 
           
Em seguida, foi a vez da Hungria. Kati Wolf pareceu-me apostar numa estratégia mais defensiva do ponto de vista vocal. O que é compreensível, uma vez que tem de reservar o melhor para o dia D. Desta vez, não usou o seu vestido à diva mas esteve com uma postura mais desportiva, o que também se verificou em quase todos os elementos em palco (excepto um dos bailarinos). A coreografia não parece ter sofrido alterações de relevo, o que, quanto a mim, é um ponto negativo. Continuo a achar que esta música pede por uma apresentação em palco mais “explosiva”. No entanto, “What About My Dreams” continua a apresentar argumentos para ser uma das finalistas. 
           
A manifestação portuguesa chegou ao palco na voz dos Homens da Luta. O segundo ensaio de Portugal não introduziu nada de novo (com muita pena minha). Sem qualquer dinâmica em palco, são apenas apresentados cartazes multilingues, sendo rodados ao longo do refrão. A afinação continua a deixar muito a desejar, chegando a um limite aflitivo para o ouvinte. O cenário é horrendo e as roupas de um mau gosto extremo (já não estamos na década de 70). Não quero ferir susceptibilidades e peço desculpa se, em algum momento, o fiz, mas a música portuguesa continua muito abaixo do nível desejado, e não me parece que pode dar “luta” às suas “adversárias”. 
           
Passámos ao ensaio da Lituânia. Um ensaio bem conseguido, muito de encontro ao primeiro. A integração da língua gestual é um ponto positivo, assim como a combinação do cenário com o próprio vestido. Uma presença em palco bastante interessante e uma óptima performance vocal. Provavelmente não irá garantir um lugar na final, até porque é facilmente esquecida no meio das outras interpretações… 
           
O Azerbaijão é o país que se segue. Confesso que fiquei bastante decepcionada com o primeiro ensaio, pelo que este já me deixou um pouco mais feliz. No entanto, continuo muito insatisfeita com a interpretação do “Running Scared”, uma vez que muita coisa permanece abaixo das expectativas. Primeiro, não consigo deixar de frisar a fraca capacidade vocal da intérprete feminina. Esta fica bastante abaixo da capacidade interpretativa do seu “partner”. O palco está muito “vazio”, nem parece que o Azerbaijão está a actuar, pois é um país que investe muito (e bem) na própria “decoração” do palco. Podiam ter optado por incluir figurinos como a interpretação da Dinamarca do ano passado. Neste ensaio, os elementos presentes na actuação já apareceram com o suposto guarda-roupa para o “grande dia”. Um vestuário leve mas com classe. Nada de muito excêntrico, mas também nada “desmazelado”, ou seja, uma roupa que vai de encontro com o espírito da canção. 
           
Chegou a vez da Grécia ensaiar. O cenário continua magistral, transportando-nos para um templo grego. Do ponto de vista vocal, não existe nada a apontar. Uma performance competente por parte do Stereo Mike e uma interpretação excepcional do Loucas Yiorkas. A coreografia está adequada à música, o que ainda lhe acrescenta mais qualidade. Parece-me que a Grécia conseguiu tornar uma música “complicada” em algo bastante agradável de se assistir, pelo que irá, quase de certeza, garantir a presença na final. 
           
A Bósnia & Herzegovina apresentou-se, esta sexta-feira, com a sua habitual boa disposição. O intérprete demonstrou o seu à vontade em palco, com um quê de sentido de superioridade. A interpretação continua demasiado infantil, tendo, no entanto, notado algumas melhorias no sentido de torná-la mais “soft” nesse aspecto. Do ponto de vista vocal, a performance é segura. Como é a Bósnia, parece-me que a vamos encontrar dia 14 de Maio. 
           
A Áustria subiu ao palco pela segunda vez, numa apresentação em palco idêntica à do primeiro ensaio. Com uma prestação vocal poderosa e bem conseguida, Nadine Beiler consegue dar brilho à música que é, por natureza, bastante “apagada”. Na parte final, o coro junta-se à voz da intérprete, sendo a parte mais atractiva do tema. O vestuário permanece o mesmo, com Nadine a apresentar-se num vestido preto, curto e justo ao corpo. O cenário de fundo não é muito atractivo. Parece-me que não será desta que a Áustria vai ter o seu nome na final. 
           
O pop/rock voltou a soar em Düsseldorf, com o ensaio da Holanda. Com um fato branco, o vocalista interpretou de forma eficaz o seu tema. Quanto a mim, os outros elementos da banda estavam mais bem vestidos do que ele. O dito fato em nada o beneficia, não me parecendo adequado à música em questão (ficava melhor num filme de Gangsters). De resto, nada a salientar. Um tema “morno”, que não me parece conseguir captar a atenção dos espectadores. 
           
O horror está em palco, é a vez da Bélgica. A prestação vocal permanece satisfatória (mal era, dado que os intérpretes só podem contar com as suas vozes) e a interpretação continua a parecer uma anedota para os eurofãs. Com um vestuário ridículo, na medida em que combinam cores impensáveis, os cantores vagueiam pelo palco, acertando, em certas ocasiões, os passos de uma pseudo-dança. Parece que estou a reviver o pesadelo da prestação da Letónia em 2006. Nem coloco a passagem da Bélgica em dúvida, é um NÃO! 
         
A Ucrânia foi o país seguinte. Com um tema algo enfadonho, e uma apresentação muito estática. A intérprete, Mika, é bastante competente do ponto de vista vocal, mas falha aquando da comunicação com o público. Falta interacção e garra a este tema... O guarda-roupa é simples, não podendo deixar passar o pormenor das asas de anjo na retaguarda da cantora, aspecto que era prescindível. A Ucrânia parece ter modificado o seu estilo musical, tendo posto de parte as participações mais “dançáveis”. No entanto, devido à sua vizinhança, vai ter direito ao “bilhete de passagem” à final. 
           
Em seguida, subiram ao palco as gémeas da Eslováquia. Com uma prestação vocal melhor ao que eu idealizava, a interpretação ganhou mais credibilidade. No entanto, estão bem longe da excelência. Não só as intérpretes como o próprio coro. Com um vestuário muito à sua imagem, as gémeas continuam muito paradas em palco. Estas precisam de mostrar mais do que a sua beleza natural. Não, não quero que se dispam… Apenas podiam (e deviam) interagir e movimentar-se mais. Estou em dúvida se esta música tem o que é preciso para conseguir chegar à final. 
           
Dizem que os últimos são os melhores… Obviamente que quem proferiu tais palavras não estava ciente deste caso. Sim, os últimos a subir ao palco do ESC, nesta sexta-feira, foram os intérpretes da Moldávia. Que palavras podem sair destes humildes dedos para descrever esta actuação? Bem, sucintamente sinto-me “So unLucky” em ouvi-la. Quando uma música nasce má, nem uma fada num monociclo a salva (já lá não vai com magia). Uma prestação ridícula, com um vestuário a roçar o cómico. Mesmo estando no fundo dos Tops internacionais, é mais provável que passe à final do que Portugal. 
           
Em conclusão, a prestação mais satisfatória foi a da Grécia e as menos conseguidas foram as da Bélgica e da Moldávia. Resta salvaguardar a qualidade musical do tema da Hungria que, mesmo necessitando de algumas alterações, é uma grande candidata a um lugar cimeiro na final. 

            Por Andreia Fonseca, 06/05/2011
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  1. Não gostas mesmo nada dos homens da Luta... mas há quem goste.

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