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[Crónica] ESC 2011: opinião sobre a Eurovisão 2011 (escrito por Andreia Fonseca!)


Ainda com as emoções à flor da pele, vos escrevo esta crónica, como forma de despedida do ESC 2011. Se estou feliz? Não… Se me sinto injustiçada? Sim! Eu adoro a música do Azerbaijão, sempre adorei desde o primeiro momento, mas existe uma questão que não me sai da cabeça… como pode um júri votar numa música cuja intérprete feminina não sabe cantar? Não me venham dizer que todas as pontuações surgiram meramente do voto maciço por parte do público. Da mesma forma que os Homens da Luta venceram porque alguns júris distritais lhe atribuíram votos generosos (até em demasia), decerto que os júris nacionais compactuaram com a opinião pública geral.
          
Depois de vislumbrar as “pérolas” que são os votos das semifinais, só me ocorre dizer “Mas que raio?”. Não compreendo o último lugar da Polónia, muito menos os “quase-classificados”: Malta e Bélgica. O lugar de Portugal (18º) já era expectável, até acho injusto ter ficado melhor classificado que a Polónia. Esta sensação amarga, no final do ESC, é já recorrente, o que me leva a duvidar da minha sanidade mental por idolatrar tanto este certame.
          
Não posso escrever esta crónica sem referir os ditos “flops” deste ano, músicas favoritas que ficaram pelo fundo da tabela. Culpabilizamos os BIG5 por não se importarem com o ESC, pelo facto de terem entrada directa, mas a verdade é que quando estes se empenham, o resultado não é nada positivo. Obviamente que estou a falar da França (15º lugar) e do Reino Unido (11º lugar).
           
Eu sei que o tema francês não é “festivaleiro”, mas trata-se de uma obra-prima que, de facto, merece ser chamada de música! Sem ilusões ou falsas aparências que ludibriam o espectador, apenas o cantor e a sua interpretação genuína. O Reino Unido era, também, uma das minhas favoritas. Muitos criticam por ser uma boysband, outros apontam o dedo à afinação, mas eles apostaram em grande, produzindo cada pormenor em busca da vitória. Isto não merece crédito? Eu felicito o Reino Unido por ter a coragem de enviar, em sua representação, uma referência musical de renome internacional (boa ou má, é-lo!).
          
 Fora deste privilegiado grupo tínhamos como grande favorita a música da Estónia, que se revelou a mais prejudicada nas votações, ficando pelo penúltimo lugar. Eu ainda continuo a tentar compreender o porquê de tão fraca votação neste tema. Uma música que cativa e uma apresentação em palco excepcional, geralmente resultam numa combinação vencedora. Parece que nem os truques de magia encantaram os jurados e os espectadores (com muita pena minha). Na minha opinião este tema acabou por ser prejudicado pelo facto dos seus países vizinhos se terem unido para a vitória do Azerbaijão. Ou era um ou era outro…
          
Não posso deixar de frisar a participação da Hungria, um tema cheio de vida e ritmo, com uma excelente intérprete. Mesmo não apreciando a qualidade das backing vocals e dos bailarinos, esta canção merecia uma melhor classificação. 
          
 Mas nem tudo foram desilusões… fiquei satisfeita com a classificação da Suécia e da Dinamarca. Duas músicas de qualidade que foram recompensadas com um cobiçado lugar no top 5. Desde já, os meus parabéns a estas comitivas, pelo excelente momento televisivo proporcionado.
          
 Quanto a temas que foram sobrevalorizados, estes também existiram como habitual. Começando pela Itália, uma tema aparentemente desinteressante para o espectador comum, que arrecadou o segundo lugar. Eu admito que a música tem a sua qualidade, principalmente pelo intérprete que defende o tema com unhas e dentes; mas é uma música difícil de “digerir”, mais apetecível para um público específico. Uma coisa é certa, a Itália desistiu porque não estava satisfeita com as supostas votações injustas (tendo ficado em 4º lugar em 1997) e este ano decidiu voltar… Algo fez mudar as ideias deste país, quem sabe uma prospectiva de um lugar cimeiro.
          
O quarto lugar da Ucrânia também podia gerar muita discussão, até porque não foi merecido, mas basta uma palavra: vizinhança. Algo idêntico se aplica à Bósnia & Herzegovina que apenas obteve o sexto lugar pela reputação do seu intérprete e pela sua localização geográfica, claro! A Geórgia é outro fenómeno de “popularidade” entre a vizinhança, que lhe rendeu um lugar no top 10. Já o décimo lugar do país anfitrião não me parece ter muito a explicar, pelo facto de ser a Alemanha e a Lena (que já tinha acumulado alguns fãs). Não nos podemos esquecer que era o organizador deste grande evento, ficando sempre bem “adoçar a boca da casa” com alguns pontinhos.
          
 Era óbvio que não podia deixar de falar dos gémeos irlandeses, que conseguiram um generoso oitavo lugar. Os ditos “cromos” ficam sempre a ganhar com as suas palhaçadas (olhem também o décimo segundo lugar dos gnomos, perdão, da Moldávia).  Outro factor a considerar é a participação desta dupla “explosiva” no X-Factor realizado no Reino Unido, um programa de referência mundial. Enfim, existem pessoas que preferem três minutos de puro entretenimento a assistir música de verdade.
          
Quanto ao vencedor, como já referi, eu gosto da música, mas esta é profundamente prejudicada pela intérprete feminina. Este tema foi pensado e concretizado com olhos na vitória, juntando uma música actual a duas caras bonitas. Mesmo assim, não estou totalmente desagradada com esta vitória, na medida em que o Azerbaijão é dos países que mais (e melhor) tem apostado no ESC. Desta feita, parabéns Azerbaijão…
          
Passando a questões mais técnicas, a Alemanha foi para mim uma boa anfitriã. Conseguiu desenvolver um palco muito bonito esteticamente, com muitas luzes, possibilitando cenários esplendorosos e momentos televisivos de sonho (adorei o efeito do coração a bater entre as músicas). Também gostei bastante do pormenor da tela gigante abrir e vermos a espécie de “colmeia” com todos os participantes. Foi um pormenor muito bem pensado e concretizado.
          
Passando aos aspectos negativos, tenho de apontar, em primeiro lugar, a escolha dos apresentadores. Tudo bem, eu gosto de um bom momento de humor, mas a verdade é que vi dois comediantes e uma apresentadora “semi-morta”. Um contraste nada benéfico para este certame. Pessoalmente, prefiro uma apresentação marcada pela seriedade, com um ou outro pormenor humorístico. Não tinham ninguém melhor para apresentar para além do intérprete alemão de 2000? Duvido! Mesmo na parte da “abertura” dos envelopes nas semifinais, a apresentadora parecia comemorar mais a passagem de umas músicas do que de outras. Acham isto correcto? A mim parece-me um pouco antiético.
          
Outra questão que não me pareceu bem produzida foram os vídeos introdutórios aos temas. Eram todos tão desinteressantes, sem originalidade e bastante direccionados para o país anfitrião. Identificaram-se com o vídeo que introduziu o tema português? Eu não! Deviam ter optado por algo mais irreverente, que incluísse a temática escolhida (“Feel Your Heart Beet”), aliada às características do país a actuar.
            Por último, não posso deixar de falar dos problemas técnicos vividos na primeira semifinal, na qual ficámos sem contacto com a Sílvia Alberto. Esses problemas foram sentidos em diversos países, pelo que me parece que sejam intrínsecos à organização alemã. Essa questão devia ter sido antecipada, na medida em que é inadmissível assistir, actualmente, a este certame com o comentador a falar a partir de uma ligação telefónica.
          
Não posso concluir esta crónica sem falar da RTP e da sua falta de empenho para com o ESC. Como pode uma estação pública desinteressar-se tanto por um certame de renome mundial? Às vezes parece-me que a RTP se esquece que o ESC é dos poucos programas televisivos que lhe dá a liderança em termos de audiência. Como eurofã sinto-me esquecida e humilhada (pela representação do meu país).
          
Finalmente se lembraram que vender o CD oficial do ESC podia ser uma boa ideia (e até render uns trocos)… pois bem, para mim isso não chega! Quero ver esforço por parte da RTP, quero ver um FC de qualidade, sem músicas que só servem para “encher chouriços”! Mas, aparentemente, só o futebol merece milhões de euros de investimento, só o futebol é cultura e só o futebol dignifica o nosso país (e olhem que eu até gosto de futebol!). Podemos levar uns manifestantes para representar o nosso país no ESC, mas temos de ter os melhores jogadores disponíveis para a selecção nacional. Ainda sonho com o dia em que Portugal se faça ver no ESC (= ganhar)… Se esse dia chegará a existir? Duvido! Mas sonhar (ainda) não se paga.
          
Caros leitores, obrigada por acompanharem as minhas crónicas ao longo destes dias e, principalmente, por se importarem com o ESC. Sei que custa continuar a assistir a um certame cheio de injustiças e politiquices, mas temos de ser superiores a isso… Para mim, o principal é a música e a festa eurovisiva que se cria em torno dela.

Feel Your Heart Beat!

            Por Andreia Fonseca, 15/05/2011
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  1. Só discordo consigo em alguns pontos:
    1º - A Suécia foi sobrevalorizada;
    2º - Se para si, a canção irlandesa não era música, então a russa também não era. Prefiro dois gemeos irlandeses divertidos e com uma canção divertida que um russo de ego inflado e com canção banal.
    3º - A Itália apresentou uma música bela e mereceu o seu lugar;
    Quero acrescentar também que acho que a Suiça e a Eslovénia foram prejudicadas (se bem que a Suiça bem pode comemorar porque há muito tempo que não a via numa final) mas a sem duvida que a mais prejudicada foi a Estónia.
    Por fim queria "mandar um recado" à RTP: Arrumem a casa, ponham os seleccionadores no olho da rua, ponham no júri gente que realmente perceba de música e arranjem finalmente canções que fiquem no ouvido. Se não interessa à RTP ser anfitriã deste certame então diga-o de uma vez e não participe. Escusa de gastar tempo e dinheiro e também escusa de nos irritar com tanta estupidez.
    PS: Para o ano, que mandem de novo a Silvia Alberto (achei-a fantástica) ou então o senhor que comentou o ESC 2009 (também me agradou).

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