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[Review] "Viceversa" de Francesco Gabbani ou "como se superar álbum após álbum"


"Viceversa" é o quarto álbum de estúdio de Francesco Gabbani e o nome do mesmo é também o nome da canção com a qual chegou ao segundo lugar no Sanremo deste ano. 

Francesco Gabbani faz da música a sua vida há muitos anos, mas apenas em 2016 conseguiu um lugar de destaque no panorama musical italiano com a vitória no Sanremo Nuove Proposte com a canção "Amen". Desde aí que era fácil perceber que estava ali um artista diferente, que tinha algo a acrescentar. No ano seguinte, regressou ao concurso e venceu com "Occidentali's Karma". Foi, durante meses, o grande favorito a ganhar a Eurovisão.

Acabou no 6.º lugar eurovisivo e a canção tem mais de 200 milhões de visualizações. O álbum "Magellano" (em português, "Magalhães", nome dado em jeito de homenagem ao navegador Fernão de Magalhães) foi número um durante semanas e semanas. Era o nascer de uma nova estrela com um público de todos os géneros e idades. Em dezembro de 2019 anunciou o seu regresso ao Sanremo com uma música mais intimista. "Viceversa" acabou no 2.º lugar da prova tendo vencido a votação do público. O álbum com o mesmo nome é, novamente, a cara do artista.


Canção 1: Einstein (10/10)

Einstein é, como o autor afirma, um diálogo imaginário com entre ele e o cientista com muitas alusões à relatividade no refrão. É uma espécie de ode à não desistência, com Einstein a dizer "mas que m*rda é que estás a fazer, Francesco?" incentivando o sujeito a continuar a tentar. É  a música mais "eu fumei drogas das boas" deste álbum já que há várias partes todas muito diferentes e é bastante complicado articulá-las de forma harmoniosa.

Canção 2: Il Sudore Ci Appiccica (10/10)

Esta é a canção que mais grita Gabbani em todo o álbum. É uma canção animada, fresca, que nos faz querer cantar e dançar e perfeita para o verão. Se isto não é a cara do Gabbani, nada é. Ele tem um dom para pegar em músicas animadas e fazê-las como mais ninguém as faz e esta é só mais uma prova disto mesmo.


Canção 3: Viceversa (9.5/10)

"Viceversa" é o tipo de canção que eu não espero ouvir do Gabbani, mas que ele faz tão bem. Ele tem muito poucas baladas, é verdade, mas todas elas são de um sentimento tremendo. A forma como "Viceversa" nos agarra até explodir no final é fenomenal. Os assobios tornaram-na perfeita para o Sanremo. E, como sempre, a letra, apesar de mais lamechas, é fenomenal.


"Parlano di pace e fanno la rivoluzione, dittatori in testa e partigiani dentro al cuore"

Canção 4: Cinesi (7.5/10)

Para mim esta é a música menos interessante do álbum. Não que seja má, mas fica aquém quando em comparação com as restantes. "Cinesi", parece passar muito tempo entre os versos e refrões e a parte final que é, sem dúvida, a mais interessante.

Canção 5: Shambola (9/10)

Se esta música não vos dá vontade de ir para uma esplanada à beira mar beber um cocktail qualquer com nome em estrangeiro e um mini chapéu espetado numa fruta tropical qualquer que há dentro do copo, não sei de que planeta são. "Shambola" tem um ritmo que me faz lembrar a música brasileira e uma letra que eu escolho interpretar com uma homenagem a Dark (Adão e Eva, alguém?). Há imensos pormenores deliciosos nesta música. Oiçam-na com atenção e deliciem-se.

"Ti chiederanno come è andata la vita, tra un lato oscuro e una facciata pulita"

Canção 6: Duemiladiciannove (8.5/10)

Cá está, a letra mais Gabbani do álbum. "Duemiladiciannove" foi lançada no final do ano passado e é uma espécie de retroespetiva do ano da prespetiva do cantor. O videoclip é fenomenal com aquele q.b. de crítica social que tanto carateriza o italiano.


Canção 7: È Un'Altra Cosa (7/10)

Esta música leva a pontuação mais baixa por um motivo muito específico: não acrescenta grande coisa. É uma música muito ligada ao verão, que nos deixa com vontade de passear à beira-mar a ver o pôr do sol, mas, na prática, fica aquém de tudo o resto que temos no álbum.

Canção 8: Bomba Pacifista (8/10)

"Bomba Pacifista" remeteu-me, à primeira audição, para um significado diferente daquele que o autor lhe queria dar (apercebi-me disso mais tarde a ouvir uma entrevista). Esse é o poder das canções: transmitirem-nos qualquer coisa. Mesmo que não seja a coisa que quem a escreveu queria transmitir. A maioria das canções não conseguem fazer isso de tão básicas que são.

"Quando scoppia non dire mayday, la bomba è quel che sono e che sei, oh. Un'esplosione che rompe tutto ma, la luce entra di già"

Canção 9: Cancellami (9.5/10)

"Cancellami" é mais um excelente exemplo do que disse acima: o Gabbani faz poucas baladas, mas, quando faz, são incríveis. Esta canção foge à estrutura mais normal de uma música: verso - refrão - verso - refrão - ponte - refrão. É isso que a torna fascinante. O final, mais calmo que o resto da música, é meio brusco como aliás me parece que é a maioria da canção ainda que de forma disfarçada.



Avaliação final (0-10): 
Foto: Francesco Gabbani/Vídeos: Francesco Gabbani, MrPrimoDj

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