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[Entrevista] Ana Cláudia: "a ideia foi criar uma canção que coubesse tanto no meu universo como no dos D'Alva"


Ana Cláudia prepara-se para 'abrir as hostilidades' da edição de 2019 do Festival RTP da Canção, ao ser a primeira artista a subir ao palco da RTP, com o tema "Inércia", na também primeira semifinal da seletiva nacional. Com uma música escrita e criada pelos D'Alva, o duo com quem mantém uma relação duradoura, Ana Cláudia revela como têm sido as preparações para a primeira etapa do FC, a sua visão sobre a canção, e as perspetivas pós-Festival, no mundo da música.

Crónicas de Eurofestivais (CE): Bem-vinda ao mundo dos eurofestivais! Foste uma das intérpretes escolhidas para defenderes uma canção, neste caso com um convite vindo dos D’Alva. Como encaraste este desafio que te foi proposto de ires até ao Festival da Canção?

Ana Cláudia (AC): Encarei com muita alegria e com algum sentido de responsabilidade, não só porque o Festival é um evento com grande peso no nosso país e na Europa mas também porque é muito importante para mim representar bem os D’Alva e esta canção que escreveram e me confiaram.

CE: Mas a verdade é que a tua relação com os D’Alva não é recente... como começou essa vossa conexão dentro do seio musical?

AC: A minha relação com os D’Alva é, antes de mais, uma relação de amizade que já tem bastantes anos. Eu e o Ben conhecemo-nos na escola onde estudámos artes performativas e circenses e já na altura tínhamos ambos uma ligação especial com a música. Quando eu comecei a compor, o Ben ofereceu-se para produzir uma canção e acabou por produzir o meu EP inteiro (De Outono), numa altura em que ele e o Alex estavam a finalizar o primeiro disco dos D’Alva (#batequebate). O Alex acabou por gravar umas vozes nesse meu disco e, mais recentemente, eu participei no último deles (Maus Êxitos) e também no concerto que deram o ano passado no NOS Alive.

CE: Contudo, o teu nome nunca esteve muito associado a estes concursos e programas televisivos. Como tem sido a preparação para este desafio?

AC: Eu tenho encarado este desafio mais como uma oportunidade de levar a nossa música a mais pessoas e não tanto como um concurso. Nesse sentido, a preparação é bastante semelhante à preparação para qualquer outro tipo de trabalho ou concerto: ensaiar, ensaiar, ensaiar!

CE: Da junção compositores e intérpretes, a verdade é que vemos nomes muito conhecidos na edição de 2019 do Festival. Muitos deles que deves conhecer, igualmente. É bom poder estar lado a lado com estas personalidades, ou acarreta um nível de maior responsabilidade também?

AC: É muito bom estar lado a lado com quem, como nós, faz parte do panorama musical português. Não é comum cruzarmo-nos em contexto de concurso ou de competição e, por isso mesmo, acho que a grande responsabilidade que todos temos é connosco próprios enquanto artistas e com a canção que levamos ao Festival, no sentido de fazer o melhor que nos é possível.


CE: Tens acompanhado as últimas edições do Festival? E do Festival Eurovisão da Canção? Há alguma participação que te tenha impressionado positivamente, que queiras destacar? Porquê essa?

AC: Tenho acompanhado desde 2017 e fiquei muito feliz com a decisão da RTP de convidar compositores que têm dado cartas na música, em vários géneros e estilos. Teria de destacar várias participações que incluem amigos, colegas, pessoas cujo trabalho admiro muito, e poderia parecer suspeita. Por isso, prefiro destacar a grande variedade de músicos e artistas incríveis que temos visto nestas últimas edições do Festival.

CE: A música que vais defender no Festival chama-se “Inércia”. Na tua perspetiva, qual é a principal mensagem que a música pretende passar ao público?

AC: O princípio da inércia refere-se à resistência de um corpo físico ao movimento ou ao repouso. Num vocabulário mais corrente costumamos associar a inércia à preguiça e com certeza todos nós já passámos por algum momento em que nos é difícil contrariar ou alterar a situação em que nos encontramos. A canção fala sobre isso mas sem definir necessariamente uma posição. Cada pessoa poderá relacionar-se com a letra de acordo com a sua perspectiva e estado de espírito. Há momentos em que a inércia ou a preguiça nos sabe bem mas faz-nos mal, outros em que resistimos a ela mesmo sendo exactamente o que precisamos, outros ainda em que assumimos a sua importância sem culpa.

CE: Estando o teu nome, enquanto artista, mais ligado ao jazz e à bossa nova enquanto géneros musicais, consideras que esse teu percurso foi um ponto em consideração para a criação de “Inércia”, ou sentes que é um registo um pouco diferente do teu habitual?

AC: O meu universo musical é composto de muitos géneros diferentes além do jazz e da bossa nova, como a pop ou a electrónica. No caso da “Inércia”, a ideia foi criar uma canção que coubesse tanto nesse meu universo como no dos D’Alva e acho que eles conseguiram isso na perfeição.


CE: Quais as tuas expetativas e ambições para o Festival? Levar “Inércia” até ao palco da Eurovisão e...?

AC: Eu gostava de conseguir levar esta canção o mais longe possível, claro, e representar o nosso país seria um orgulho enorme. Mas o meu maior objectivo é representar o melhor possível a música que tanto eu como os D’Alva fazemos.

CE: No futuro pós-Festival da Canção, e sem futurologia sobre o que o mesmo reserva, encaras esta competição como mais uma etapa importante e, quem sabe, impulsionadora para mais projetos?

AC: Será sem dúvida um marco importante. O Festival faz parte do meu imaginário desde sempre e penso que este novo formato veio recuperar uma componente importante do concurso que é mostrar o que está realmente a acontecer na música portuguesa. Esta é uma forma de levar compositores e intérpretes a um público mais alargado e isso só pode ser bom.

CE: Queres deixar uma mensagem aos nossos leitores e aos fãs em geral?

AC: Quero agradecer todo o apoio que têm dado a música portuguesa. Temos cada vez mais artistas dedicados a fazer boa música e isso só é possível e só faz sentido tendo um público que nos acompanha e nos motiva a fazer cada vez melhor!


Imagens: RTP/ Lux/ Vídeo: Ana Cláudia

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