Porque é que Tiago Bettencourt deveria ir ao Festival da Canção

Nome firme e assente na cultura musical portuguesa, Tiago Bettencourt tem o estilo que o Festival da Canção já aceita dentro da sua seletiva - música de elevada qualidade!

Alguém que não necessita de muitas apresentações. Gerações mais antigas e as gerações mais novas, de uma forma ou outra, já se cruzaram com o seu nome. Na rádio local, na televisão, no YouTube, em concertos ao vivo, ou através de muitas outras plataformas. Podem-no ter conhecido nos Toranja, a banda onde foi vocalista. Ou então, podem ter chegado ao seu nome já na sua fase de artista a solo, onde desde logo, e sem crises de identidade, se definiu como um cantor de música-ligeira, uma marca tão conhecida no seio português.

A diferença sempre esteve nos conteúdos e na música que produz. Desde "O Jardim" (não, não é essa), o seu álbum de estreia de 2007, ou mesmo, dez anos mais tarde, com "A Procura", a evolução de Tiago Bettencourt ficou sempre muito assente junto de quem desde logo o acompanhou. E reparem que não falo em 'estagnação'. Um estilo assente desde início jamais implicará que o artista ficou parado no tempo. É fácil de perceber que não se tratará disso...

Sei que não sou dos maiores fãs do cantor. Sou, sim, um apreciador de alguém que sabe o que faz, apreciador da sua música, do seu estilo simples, cuidado, contemporâneo. Não quero com isto entrar em contradições.  Posso não ser o 'seguidor número 1" do Tiago, mas isso não deve ser impeditivo de ter a capacidade de reconhecer quando alguém dá o melhor de si para contribuir para a constante evolução e boa imagem de um panorama musical nacional.

Tiago Bettencourt no Festival RTP da Canção. Porque não? E porque não, mesmo? Sei desde logo, e também por experiência própria, que pode não ser fácil apreciar tudo do artista. O seu estilo é tão específico, tão terra-a-terra dentro daquele género que nem toda a gente (e porque os gostos individuais são mesmo assim também) pode gostar de todas as músicas que nos apresenta. Contudo, muito fácil é encontrarmos quem goste de pelo menos uma outra. Porque a capacidade de criar alguma versatilidade dentro do estilo próprio, entre o muito mais e o muito menos ligeiro, pode ser facilmente apreciada.

Claro que pode ser sim um género que já encontrámos nas últimas duas edições do Festival. Mas há uma diferença. Grande. A qualidade dessas já encontradas não se compara com o trabalho do Bettencourt. Não querendo desvalorizar o trabalho de quem por já lá passou, mas convenhamos que nem sempre essa capacidade de criar esteve no seu auge... e com o Tiago, as dúvidas dissipam-se!

Se noutro texto posso ter dito que gostava de ver o nome que apresentava a competir enquanto compositor/a e intérprete, aqui, saliento que gostava mais que o nome de Tiago Bettencourt figurasse já a primeira lista a ser revelada pela RTP: Um dos 14 compositores do Festival 2019! Acho que, num perfeito sonho, seria tão agradável termos o Tiago Bettencourt como o 'grande descobridor' de uma nova voz portuguesa para a sua música. Quem sabe uma história assim não se volta a repetir?

Imagem: Blitz/ Vídeo: Tiago Bettencourt