Porque é que Alfredo Costa deveria ir ao Festival da Canção

Alfredo Costa já cantou mais canções no palco da Eurovisão do que praticamente todos os artistas eurovisivos que conhecemos. Talvez mais uma?

Seja da banda Skills And The Bunny Crew, seja do The Voice Portugal, seja da tour de Anselmo Ralph, seja dos maravilhosos, fantásticos, fenomenais ensaios stand-in da Eurovisão 2018, todos temos uma ideia do potencial de Alfredo Costa.

Alfredo não é só um vocalista incomparável no nosso país, que consegue fazer qualquer pessoa se sentir destroçada por um amor que nunca viveu, mas é um dos poucos performers em Portugal que faria inveja a todos os países a-suecados com coreografia sem alma.

Sem a arrogância do Janeiro, sem a estranheza do Salvador, sem os dramatismos da Cláudia, o Alfredo consegue transparecer uma fragilidade mais humilde, mais subtil, mais natural. Alguém que não é demasiado estrela para trabalhar e para não só dar um espetáculo vocal, mas dar um espetáculo televisivo.

Um look distinto, um falsete assombrosamente emocional, a versatilidade musical do Alfredo e experiência no palco eurovisivo? É quase a receita total para o sucesso. No entanto, o potencial de um artista como o Alfredo depende seulement na capacidade da composição da canção de não ser um autêntico embaraço nacional (ainda se ouve o Fernando Daniel a não cantar nenhum refrão).

"Do que precisava Alfredo para arrasar no Festival da Canção?" perguntam.

Sem tirar mérito às composições originais de Skills and The Bunny Crew, uma voz como a de Alfredo necessitava de um compositor que não caísse na tentação de compor uma balada. Sim, baladas, de facto, amplificam tudo o que há de melhor na voz de Alfredo, mas, para o futuro próximo do Festival da Canção, precisamos que os autores portugueses mostrem que há mais do que melancolia no sangue lusitano.

Que venha pop. Que venha rock. Que venha uma composição com energia. Que venha uma produção inteligente. Que se lixe a simplicidade em que a RTP "investe" tanto. 

Qualquer compositor convidado pela RTP devia ter Alfredo Costa no seu radar, já que o mundo eurovisivo inteiro foi conquistado em maio, em Lisboa.