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Crónica ESC 2017: "que belo dia para ser Benfiquista e eurofã"


Como é que se escreve um comentário à Eurovisão num dia destes? É impossível! É que se vocês estão felizes, imaginem eu que sou Benfiquista ferrenha e estou a dobrar. Que belo dia para ser Benfiquista e eurofã.

Desde que me lembro que vejo a Eurovisão. Era tradição cá em casa. Mas este ano estava especialmente desanimada e nem o hype que havia sido criado à volta da nossa música me fazia estar mais entusiasmada para ver o concurso. Acima de tudo isto é um concurso de música (para mim pelo menos é) e a esse nível foi a edição mais fraca que já vi. Mas falemos das coisas boas primeiro! GANHÁMOS! GANHÁMOS A EUROVISÃO! Parece um sonho mas é real. Aconteceu mesmo e foi unânime. Confesso que nunca acreditei e desde 2008 que achava impossível termos este resultado. Ainda por cima com uma música em português. Desde 2007 que não ganhava uma música cantada totalmente noutra língua que não o inglês e espero que isso signifique que, em 2018, haja mais países a cantar na sua língua materna. Foi um resultado histórico, justo e que premiou sobretudo a música e o artista.


Já aqui disse mais do que uma vez que "Amar Pelos Dois" não é uma música que eu adoro. Gosto, acho-a muito boa mas nunca me tocou da forma que tocou a maioria das pessoas. Nunca chorei a ouvi-la e é possível que nunca tenha ouvido a versão estúdio até ao fim. Não me interpretem mal, acho-a a justa vencedora do FC e do ESC (tal como acharia igualmente justa uma vitória da Bulgária ou da Itália) e reconheço que é uma grande canção mas é só isso. Os gostos pessoais são tramados. Acho o Salvador um artista incrível e adoro o álbum dele. Já lhe teci os maiores elogios aqui e hei-de continuar a seguir a sua carreira. E ainda que a música não me toque especialmente nem tão pouco esteja no meu top 5 deste ano, chorei baba e ranho quando percebi que íamos mesmo ganhar. 

Tenho de destacar as declarações do Salvador no final. Apesar de concordar que a música não se deve basear em coisas acessórias, sinto que não foi o momento certo para dizer as coisas que ele disse, sobretudo com os colegas a ouvir. Só porque uma música tem uma atuação mais trabalhada não significa que a música é má. Por muito que eu quisesse ver músicas de qualidade e bem interpretadas, não nos podemos esquecer que estamos a falar de um programa de televisão e estas pirotecnias e coisas acessórias são necessárias. Mas se falarmos no que diz respeito à música de hoje em dia de uma forma geral, não podia concordar mais. Lembro-me de ouvir rádio e gostar. Hoje em dia a M80 é a única rádio que eu consigo ouvir. Com isto não quero dizer que a música pop seja toda má, porque não é, mas a maioria parece feita em 5 minutos em frente de um computador. À parte disso, espero que esta vitória sirva para vermos mais músicas diferentes e de qualidade num futuro próximo.


Passemos então à Eurovisão em si. A organização deixou muito a desejar. Os planos de câmara foram muito maus na maioria das vezes, o opening act da primeira semifinal foi pavoroso e dos apresentadores da red carpet na cerimónia de abertura nem vale a pena falar. Salvou-se o opening act da segunda semifinal (o da final não vi) e os apresentadores que não eram tão maus como muitos dizem. E já que estou a falar da Ucrânia, aproveito para vos chocar e dizer que gosto da música da Ucrânia. Aquele solo de guitarra elétrica no meio da Eurovisão foi das melhores coisas deste ano. A atuação da final nacional foi melhor mas ainda assim achei este bottom 5 muito injusto.

Por falar em injustiça, o que é que foi aquilo que fizeram à Finlândia? E como é que a Suécia acabou no top 5? Tenho a sensação que a Suécia pode mandar um cão a ladrar e fica no top 5. Eu dava o desconto se fosse culpa do público (que todos sabemos que não tem muito bom gosto), mas "I can't go on" ficou em 3.º lugar no júri e 8.º no público. Que mundo é este em que o júri premeia músicas genéricas ao invés de músicas únicas e especiais como a Hungria?


A Hungria ficou em 17.º lugar no júri. 17.º. A música mais tradicional que tínhamos na Eurovisão deste ano. É por coisas destas que já quase ninguém se atreve a enviar músicas únicas e tradicionais. Para quê fazê-lo se até o júri "especializado" em música as mete no meio da tabela? 

Quem também teve um destaque inesperado no júri foi a Noruega. Como? Não faço ideia, mas a verdade é que aconteceu. Aconteceu também a Austrália ter apenas 2 pontos no televoto. E por falar de televoto, zero para a Áustria? Zero? Deixem as drogas. Enquanto o Benfica celebrava o tetra, a Alemanha não conseguiu o tri. E foi uma pena porque eles esforçaram-se muito para tal. Um plágio, uma atuação péssima e mesmo assim não deu para ficar novamente em último. Dá vontade de ir perguntar ao Manel para que é que foi aquele desafinanço no meio da música. É muito má onda tirar a oportunidade de ficar em último 3 vezes seguidas à Alemanha.





Mas como nem tudo foi injusto, acabámos por ter a Grécia bem lá em baixo na final. A Grécia intriga-me profundamente. A indústria musical deles é muito boa. Têm cantores excelentes e muitos deles ligados à música tradicional grega. Nos concursos de talentos os concorrentes só cantam em grego praticamente mas depois decidem enviar a coisa mais genérica de sempre para a Eurovisão. Desde o primeiro momento em que ouvi o nome da Demy que sabia que era isto que ia acontecer. Agora façam um favor e enviem um cantor bom com uma música em grego para 2018 (pode ser a Helena Paparizou que eu não me importo nada de conhecê-la). O mesmo se aplica ao Chipre. É preciso ir buscar o G:son dois anos seguidos? Ó amigos se querem alguém para compor um instrumental que é sobretudo barulho, chamem-me a mim.

Antes de passar à frente tenho de realçar também o excelente trabalho da BBC com uma música que valia pouco mais que nada. Excelente atuação! Merecia melhor. Destaque também para o Azerbaijão e para a Arménia que tiveram das melhores atuações e ficaram bem lá em baixo até no televoto. 


Vou acabar, como faço sempre, a falar da minha preferida (para ver se é desta que sou deportada). A primeira vez que me mandaram o link para a atuação no Sanremo desta música foi já com o minuto em que o macaco aparecia e, por isso mesmo, foi apenas isso que vi. Achei-lhe uma piada tremenda e achei o Francesco uma pessoa cheia de carisma. Dias depois, quando venceu o Sanremo, fui ouvir de novo a música e apercebi-me que aquilo não era uma piada. No meu italiano básico, lá fui percebendo uma palavra aqui e outra ali. Fui ver a tradução completa e apaixonei-me por aquele poema e por aquela atuação. É a melhor letra que pisou o palco eurovisivo, aliada a uma música muito boa (só porque é catchy não quer dizer que seja má) e a um artista incrível. E é a minha preferida deste ano. Foi nela que votei e voltava a fazê-lo. Mesmo depois de ver um conjunto de pessoas a pedirem que não votássemos na Itália ou na Bulgária. Quão ridículo é isso? Isto é um concurso de música e acontece que a minha música preferida era a italiana. Isto é quase tão ridículo como mencionar o macaco como se fosse algum tipo de piada. Até o Ricardo Araújo Pereira (de quem eu sou a maior fã) fez o favor de gozar com o macaco sem se informar. Deixem de ser ignorantes e depois comentem as coisas. Até podem odiar a música mas é impossível negar a qualidade da letra.

Eu sabia desde o primeiro momento que a Itália não ia ganhar, mesmo sendo a grande favorita. Ia apanhar o desgosto que apanhei em 2015. Aos pouco fui-me convencendo que ia ser ainda pior do que em 2015 mas nunca pensei que isso pudesse significar que a Itália estaria fora do top 5. É bastante óbvio que a RAI não tem qualquer tipo de interesse em ganhar a Eurovisão, mas escusam de os meter tão em baixo. Há países em que os 5 jurados meteram a Itália nos bottom 3. Todos eles. Eu aceito que uma ou duas pessoas odeiem a música, mas todas? Uma coisa é o meio da tabela, outra é o fim. Afinal até o Ramon e o Tozé Brito tinham a Itália no top 10.

Quase a terminar, apraz-me falar de todos aqueles que se acham grandes experts da Eurovisão depois de verem uma edição. Amigos, a Eurovisão 2017 foi fraquíssima e custa-me ver que julguem a Eurovisão apenas por esta edição. Em vez de fazerem comentários tristes, procurem as obras de arte que já pisaram o palco eurovisivos. Querem músicas diferentes, atuações simples e grandes artistas? Então tomem lá: Harel Skaat, Amaury Vassili, Marco Mengoni, Il Volo, Aram Mp3, Zeljko Joksimovic. Se precisarem de mais, disponham.  Não critiquem a participação da Austrália se não sabem as razões por trás dela. Não falem das atuações elaboradas se elas são parte importante da Eurovisão. Não critiquem os big 5 sem saberem porque é que eles estão directamente na final. Façam perguntas. Porque perguntar não ofende, mas a quantidade de coisas que li na última semana à custa da ignorância ofende quem segue este concurso há muitos anos durante 365 dias do ano (nos anos bissextos temos um dia de descanso que ser eurofã também custa).

E agora? Lisboa 2018, o que esperar? Bem, acima de tudo espero que o Zeljko componha para algum país e venha cá para que eu lhe possa agradecer pessoalmente tudo o que fez pela Eurovisão. Mas, mais importante que isso, espero que seja um excelente espetáculo. A nível visual e musical. Por amor de Deus deixem o Bjorkman no país dele, metam o Pedro Granger a apresentar e chamem a Vânia Fernandes para um interval act (que não seja de músicas do FC do século passado preferencialmente). E com isto de organizar o ESC, não se esqueçam do FC. Agora que os portugueses se voltaram a interessar pelo Festival é a altura certa para o "fazer render".

No final disto tudo o que ficam são os artistas e, ainda que a Eurovisão 2017 tenha sido miserável, deu-me a oportunidade de conhecer o trabalho do Salvador e do Francesco (e dos Virgem Suta no FC) e também é para isso que serve a Eurovisão. Se não ouvirem nada de mim nos próximos tempos é porque ganhei o euromilhões. Sim, porque depois de fazer uma música de apoio para o Euro e ganharmos, fazer o mesmo para a Eurovisão e também ganharmos, já estou a trabalhar numa música sobre a minha vitória no Euromilhões. 

Deixo-vos com o vídeo mais bonito desta temporada eurovisiva e vemo-nos no próximo ano em Lisboa!


Vídeos: Eurovision.tv/Portugal na TV




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