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[Crónica]: 'Estamos a caminho da Worldvision?'


Foi anunciado no dia 17 de novembro que a European Broadcasting Union (EBU) e a Special Broadcasting Service (SBS), emissora australiana, o regresso da Austrália ao Festival Eurovisão da Canção, que em 2016 será realizado em Estocolmo, Suécia. No entanto, as dúvidas permanecem: a Austrália deve ou não participar no concurso?


Se nos deixarmos com estas coisas das geografias, a resposta é óbvia. É claro que a Austrália deve participar no concurso. Além de ter tido em 2015 uma ótima representação, defendida por Guy Sebastian e o tema "Tonight Again", é mais um país em competição, que torna esta troca cultural ainda mais rica.

Além disso, supostamente na Eurovisão participam os membros que estão integrados na União Europeia da Radiodifusão - e não os países europeus. E só assim conseguimos perceber o porquê de países como Israel e Azerbaijão poderem participar no concurso. 

Historicamente, a EBU foi criada em 1950 tanto por europeus como por africanos. Apesar de a sua sede ser em Genebra, na Suíça, a sua criação não pode ser considerada europeia - mas sim intercontinental, por exactamente ter nascido num acordo entre dois continentes. Atualmente, esta mesma instituição tem 74 membros ativos (56 são europeus). Ou seja, o mundo não é preto e branco. Nem muito menos a Eurovisão. E começamos a pensar: então porque raio a Austrália só participou agora no concurso?

La está, opõem-se problemas maiores. A Eurovisão sempre foi vista como um concurso de génese europeia, em que os ideias da Europa são expressos no seu maior esplendor. E, para muitos críticos, a questão passa pela proximidade com o continente europeu. Enquanto que, por exemplo, Israel tem fortes ligações com o Norte de África e está incluído na Eurásia, o mesmo não se pode aplicar à Oceânia - onde se encontra a Austrália.

Também, abrir as portas à Austrália significa uma maior inclusão dos países, o que pode provocar ruturas com alguns países que participam desde o início no evento. Abrir as portas à Austrália significa maior dificuldade de países, como Portugal, de ganharem - países esses que gastam milhares de euros para tornar a Eurovisão naquilo que é hoje. Chama-se a isto legado - e há sempre um legado para defender. Abrir as portas à Austrália significa no futuro incluir o Bangladesh, o Brasil, os EUA, o Paquistão e até mesmo a China (que já confirmou o interesse em participar). 

Nada contra estes países! Aliás, eu concordo com esta inclusão na Eurovisão! No entanto, a minha questão é: se Jon Ola Sand, produtor executivo, já confirmou que a EBU quer tornar a Eurovisão num evento completamente global, porque raio dão a abertura a um só país, Austrália? E, também, porque raio, se a Austrália ganhar o ESC 2016, tem de organizar em parceria com uma emissora europeia e o evento ser realizado em solo europeu? 



E a pergunta fulcral: porque raio a Eurovisão chama-se EUROvisão? "Euro" exprime a noção de europeu. Se eles querem tornar o evento global, porque raio se continua a chamar assim? 

Há muitos erros ainda para corrigir, no entanto considero que esta mudança já deveria ter sido feito antes de se começar a introduzir países. Se assim fosse feito, tornava o jogo limpo e não deixaria margem para dúvidas. Bem sei que anunciar que a Eurovision irá passar a ser Worldvision, do dia para a noite, pode parecer drástico - mas há sempre vozes críticas em todo o lado. O importante é saber como lidar com as críticas e serem o mais diretos possíveis, para não ficarmos confusos. 

E, neste momento, nós, fãs eurovisivos, estamos confusos!

Imagens: rtve.es e youtube.com
19/11/2015

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