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FBI Eurovisão - Quinto texto: muito mais do que ABBA (1974)


Atenção! Chamem a FBI Eurovisão, ou calem-se para sempre! Neste artigo irão ser apresentados casos e conspirações, que, apesar dos anos, nunca foram concluídos. Muitos deles nem investigados! Será a Eurovisão um concurso musical exímio ou um evento dominado por interesses políticos?

1974 foi um ano marcante para a Eurovisão. A primeira imagem que pode surgiu na cabeça de qualquer eurofã é a marcante vitória dos ABBA, no entanto, esta edição eurovisiva contou com outras histórias igualmente interessantes, que envolveram países com tradição – não, não estamos a falar da revolução de abril. Atualmente a Eurovisão contam com uma regra interessante, a passagem direta dos Big5, que conta com países como França, Reino Unido, Alemanha, Espanha e Itália. Curiosamente dois desses países protagonizaram histórias polémicas em 1974. 

A França retirou-se do concurso em 1974 após a morte do seu presidente, Georges Pompidou, cujo funeral se realizou no mesmo dia da realização do certame – até para morrer existem datas impróprias. Já a Itália recusou-se a transmitir a Eurovisão na emissora nacional, pelo simples (ou não!) motivo dos políticos italianos acreditarem que a letra do seu tema representante, “Si” (“Sim”), poder vir a surtir um efeito subliminar no referendo sobre o divórcio que estaria na iminência de ocorrer.

No entanto, “Si” conseguiu o segundo lugar na competição, com um total de 18 pontos. Este lugar foi para alguns uma “chapada de luva branca” a quem tentou impedir o sucesso da canção – até esta altura o melhor resultado de Itália tinha-se dado dez anos com a própria Gigliola Cinquetti a interpretar “Non Ho L’éta”.


Mesmo assim, limitações foram feitas. Devido à censura imposta, as duas canções não tiveram o impacto esperado no seu próprio país – a França tinha escolhido a sua representante Dani com a música “La vie à vingt-cinq ans” ainda antes de tomar a sua decisão final. No entanto, enquanto não deram crédito nenhum a Dani, Gigliola Cinquetti gravou o seu “Sí” em inglês (“Go (Before you Break My Hear)”), alcançando o oitavo lugar no Reino Unido.

A decisão francesa acaba por ter uma análise mais simples, decorrente do falecimento de uma figura de relevo, tendo sido dada preferência à homenagem a Georges Pompidou, em detrimento da consagração da festa eurovisiva. No entanto, a decisão italiana, que poderá até ter prejudicado o tema, acaba por ser menos consensual. Não é a primeira vez que letras de temas eurovisivos geram polémica – vejamos o exemplo da Geórgia em 2009, que até rendeu um afastamento -, no entanto, o cerne do problema não se encontra só na componente política, mas também religiosa. O aborto era, e continua a ser, um ato condenado pelo Vaticano (que se localiza no “coração” da Itália), pelo que este estado exerce enorme pressão para que não seja legalizado. Com o referendo em ação, todas as possíveis variáveis em jogo eram ponderadas, inclusive o “Sim” do tema italiano… Que poderá ter sido criado com esse fim, não sejamos hipócritas a ponto de acreditar que os temas eurovisivos não escondem pistas para fins extra-eurovisão. Mesmo assim, e mesmo estando em 1974, a liberdade de expressão deveria ter sido salvaguardada, e as “cartas” deveriam ter sido colocadas todas na mesa, porque no final do jogo quem sofreu foram os artistas, o certame e os eurofãs.


Parecendo ou não irónico, 1974 foi o ano derradeiro para Gigliola Cinquetti. Apesar do sucesso da música em inglês e de ter alcançando o número 17 nos Estados Unidos da América com a música “Door to the sun”, a mesma foi-se afastando da indústria musical progressivamente. Hoje em dia, dedica-se ao jornalismo e à apresentação de programas da emissora RAI, tendo já cerca de 30 anos nesta área laboral. Já Dina deu importância ao teatro e ao cinema, tendo deixado a arte da música para outras pessoas capazes de enfrentar a censura subjacente.

Não perca, na próxima semana, um novo mistério eurovisivo...

21/10/2015
Imagem: wikipedia.org/Vídeo: mozpiano2

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