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[Crónica] ESC 2015: o ano dos injustiçados?



Já tenho lido que 2015 foi um ano diferente do normal na Eurovisão. E realmente para mim foi, há sete anos que não via um favorito meu a ganhar a Eurovisão e só isso já pode ser considerado milagre. Mas 2015 foi mais do que isso na minha opinião. 2015 foi o ano dos "injustiçados" terem resultados de jeito da Eurovisão. O que é um "injustiçado"? Ora bem, um injustiçado é aquele que tenta, tenta e tenta mas no fim não consegue nada. Felizmente este ano vi alguns resultados que me provaram que quando tens qualidade os resultados anteriores não assim tão importantes. E o melhor é que o próprio vencedor da Eurovisão também já foi um injustiçado, recorde-se que Måns Zelmerlöw levou demasiado à letra o provérbio "à terceira é de vez" e só ganhou a final nacional sueca na sua terceira tentativa. Mas afinal que países é que alcançaram bons lugares? 


Talvez o melhor exemplo deste ano sobre esta questão. Não é que eu gostasse da música aliás longe disso mas o seu resultado é algo que me deixa feliz. A Letónia não passava para a final desde 2008 e aliás nos últimos tinha vindo a conquistar um conjunto de últimos lugares nas semifinais (em 2013 ficaram mesmo o último) e de repente mudam a final nacional, empenham-se a sério e cá está: ficaram no segundo lugar (segundo!!) na semifinal e conquistaram um sexto lugar (igual ao melhor lugar de Portugal em 48 participações) na Grande Final tendo sido a segunda música mais votada no júri. Não passar à final durante sete anos e depois um resultado assim é de certeza um grande marco. 


Outro grande exemplo: Israel. Não é que o país tenha mandado más músicas entre 2010 e 2014, aliás pelo contrário, mas a verdade é que a última vez que tínhamos visto Israel na final tinha sido em 2010 e mesmo aí Harel Skaat não teve o melhor dos resultados quando ficou em 14º na final mesmo sendo um dos favoritos. Principalmente em 2013 e 2014, Israel tinha das músicas favoritas dos fãs antes das semifinais mas não conseguiram passar para a final e além disso nem lá perto estiveram. Aliás devido a estes resultados leu-se muito que a emissora israelita estava a ponderar abandonar o certame contudo optaram por uma melhor opção, investindo num concurso de talentos e numa boa música e quando chegaram à semifinal em 2015 fizeram uma das melhores atuações da noite (mas quem é que ficou parado a ouvir a "Golden Boy"?) e assim tiveram um 3º lugar na semifinal passando confortavelmente à final onde ficaram no 9º lugar chegando assim ao top 10 algo que não acontecia há 7 anos. 


O país "injustiçado" que teve o melhor resultado. Desde a introdução das semifinais, a Bélgica só tinha passado por duas vezes à final da Eurovisão uma em 2010 com Tom Dice e em 2013 com Roberto Bellarosa. Em 2015 apostaram em grande. Foram buscar um cantor jovem, com boa voz e presença em palco, uma música moderna e com uma atuação que chama a atenção. Parece simples não parece? Não é que goste da música da Bélgica mas precisava de incluir aqui a Bélgica porque este país que passou à final menos vezes que Portugal ficou em 2º lugar na semifinal e em 4º lugar na final. Ai aqueles milagres que existem quando uma emissora decide apostar a sério. No caso da Bélgica parece que a receita é ir buscar bons cantores e que tenham acabado de sair de um concurso de talentos. 



Os outros dois países que merecem uma menção honrosa. A Eslovénia é um caso misterioso para mim. Apesar de mandarem quase sempre boas músicas para a Eurovisão parece que chegam lá e são esquecidos e apesar de só terem ficado em 14º na final merecem reconhecimento porque, pela primeira vez desde a introdução das semifinais, passaram para a final durante dois anos seguidos. Espero sinceramente que 2014 e 2015 tenham sido os anos de mudança da Eslovénia na Eurovisão porque bem o merecem e acho que foi a melhor forma de fugir do último lugar que o país teve na primeira semifinal em 2013. Outro destaque obviamente tinha que ser Montenegro. Em 2014 fizeram história ao passarem pela primeira vez para a final do ESC e em 2015 conseguiram fazê-lo novamente. E sinceramente foi mais do que merecido, uma das melhores atuações da noite e uma prova de que a língua materna não afeta os resultados de um país se a música tiver qualidade. Aliás, 2015 foi o ano que deu a Montenegro o melhor lugar do país até à data: um 13º lugar que mesmo assim me parece injusto para a qualidade que foi apresentada. 


Todos estes resultados deixam-me a pensar: as teorias que ouço a Portugal nunca me fizeram sentido e depois disto então a mim soa-me mais a desculpas. Já li que não passamos porque cantamos em português, porque não temos vizinhos mas a mais engraçada é porque aparentemente a Europa não gosta de Portugal. Eu sugiro uma coisa melhor: em vez de andarmos com desculpas porque é que não há uma emissora que perceba que algo tem que ser mudado para que Portugal volte à Grande Final da Eurovisão? E sim é possível e aliás com qualidade qualquer país pode lutar por um bom lugar no certame. Qual é afinal o problema de Portugal? Anunciar planos só em dezembro, continuar a insistir num formato de final nacional que está ultrapassada ou continuar a pensar que nós somos bons mas que os outros é que têm problemas connosco? Infelizmente são as três opções. Acho que está mais do que na hora da mudança para bem das participações portuguesas mas infelizmente parece-me que para que tal aconteça ir a pé até Fátima não chega temos que ir mesmo a pé até ao Vaticano... 

Ah, e viva os "injustiçados"!

Imagens: Eurovision.tv
26/05/2015

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