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Eurofestival em Histórias - Décimo Texto



Já vimos que Loreen marcou a edição de 2012 quando se tornou uma activista política e revelou que os direitos humanos não eram respeitados no Azerbaijão. Provavelmente entrou na lista negra dos governantes daquele povo, mas ela conseguiu fazer ainda melhor. Com a sua canção “Euphoria” e uma prestação que fez cair o queixo a muita gente, Loreen sagrou-se vencedora da 57ª edição do Festival Eurovisão da Canção. Mas ela não se limitou a vencer: para além de ter conseguido a segunda pontuação mais alta de sempre no festival, a seguir a Alexander Rybak, é a cantora que mais 12 pontos conseguiu juntar. A prestação conseguiu um total de 372 pontos, mas o mais surpreendente dentro deste número é pensar que a pontuação máxima foi atribuída a esta música 18 vezes! Dezoito países mostraram que esta era a música certa para vencer, transformando-a em mais um marco histórico no festival. Loreen tornou-se assim, mais uma vez, num nome a recordar no futuro do festival.


Um escândalo para os mais conservadores estava à espreita em 2013. Krista Siegfrids foi a escolhida para representar a Finlândia, com a música “Marry Me” e desde início se notava que ela tencionava dar nas vistas. Podemos começar pelo seu vestuário, já que ela foi para o palco vestida de noiva louca e depravada. Mas nem foi isso que chamou mais a atenção.
No final da sua actuação, Krista compartilhou um beijo com uma das bailarinas, sendo este o momento que criou mais controvérsia em 2013. Segundo a cantora, esta foi uma maneira de pedir ao governo finlandês para legalizar o casamento homossexual no país. Enquanto o seu pedido não era acedido, os espectadores mais conservadores caiam da cadeira, achando que aquela era a maior pouca vergonha que se podia ver na Eurovisão. Isso viu-se na Turquia, que mesmo estando fora da competição em 2013, tinha intenções de transmitir todos espectáculos desse ano, coisa que acabou por não acontecer, o que valeu à emissora acusações por parte de activistas LGBT que a causa era o beijo lésbico de Krista. Também na China, quando o espectáculo foi transmitido, o beijo finlandês foi retirado, o que provocou a indignação dos fãs do país.


Falar em São Marino é falar de Valentina Monetta. Não importa quantas foram as participações do país antes dela, ela é a verdadeira celebridade daquele país e que sempre será lembrada pelos fãs. E nem é difícil adivinhar porquê! Valentina Monetta participou três vezes consecutivas no concurso, mesmo que os seus resultados nunca fossem muito favoráveis. Antes de representar o país, Valentina já tinha tentado participar no concurso em 2008, mas a sua música não foi escolhida pela emissora.
Em 2012, Valentina foi seleccionada para representar São Marino com a música “Facebook Uh, Oh, Oh”. A polémica começou logo com o nome da musicam que ia contra as regras impostas pela EBU, já que fazia menção clara a uma marca, neste caso o Facebook. A emissora teve a hipótese de reescrever a música, que no final acabou por ser “The Social Network Song”. A letra era idêntica, mas não mencionava directamente o Facebook. A música ficou em 14º na semi-final, com 31 pontos.
2013 foi mais um ano para Valentina, que voltou a ser escolhida para representar São Marino. Desta vez, a música foi “Crisalide (Vola)”. Mais uma vez a cantora não conseguiu qualificar-se para a final, tendo ficado pela final com um total de 47 pontos. Ainda assim, foi a votação mais alta conseguida pelos países não qualificados.
E é assim que chegamos a 2014. Desde 1966 que um cantor não representava o seu país três vezes consecutivas, por isso Valentina entrou para a história por esse feito. Mas este ano acabaria por ser diferente dos dois anteriores. Pela primeira vez San Marino qualificou-se para a final e Valentina cumpriu aquele que parecia ser o seu objectivo desde início. A música “Maybe” ficou em 10º lugar na semi-final e passou para por uma unha negra. Mas não importava. Finalmente, Valentina estava lá, tinha o seu lugar na final.
Foi preciso muito para a cantora de São Marino conseguir atingir a final. Foram três tentativas, muita insistência por parte da cantora quando parecia que a própria emissora já tinha desistido, foram até precisas preces dos fãs da cantora. Mas no final das contas, ela cumpriu o seu objectivo, e merece ser recordada por isso! São Marino ficou em 24º lugar na final, com apenas 14 pontos, mas ninguém quer saber deste lugar, de verdade. Valentina merece as nossas vénias pela sua persistência e amor ao concurso.


O ano de 2014 ficou marcado, politicamente, pela invasão russa na Crimeia, território pertencente à Ucrânia. Mesmo que o festival não seja um concurso político, ou idealmente não deveria ser, a verdade é que as coisas não são sempre assim, e este ano foi exemplo disso.
A Rússia é um país que actualmente não é muito desejado pelos fãs no ESC, muito pelas atitudes políticas que o país. A guerra da Crimeia levou a que muitos fãs mal dissessem da música do país e das suas representantes, as Tolmachevy Sisters. Mas como se as coisas não estivessem já más o suficiente, a Rússia ainda encontrou mais “inimigos” no festival ao tecer comentários extremamente homofóbicos em relação a Conchita Wurst, que viria sagrar-se vencedora. Isto acabou por resultar num certo ódio por parte dos fãs, que durante a emissão do concurso expressaram a sua opinião através de apupos. A Rússia qualificou-se para a final? Apupos. A Bielorrússia deu 12 pontos à Rússia? Apupos. A Rússia deu 12 pontos à Bielorrússia? Apupos. Ficou bem vincada a opinião dos fãs em relação ao que a Rússia tem feito nos últimos tempos.
Não se pode dizer que esta atitude seja correcta ou incorrecta, mas com certeza acaba por ser injusta para as duas raparigas, que nada têm a ver com as atitudes do governo russo. Para além disso, as mesmas esforçaram-se por mostrar que não queriam criar esse clima, já que nas redes sociais foi possível ver fotos delas com Mariya Yaremchuk, representante ucraniana. Para além disso, durante a prestação de Emmelie de Forest, as irmãs dançavam precisamente junto de Conchita Wurst.
Esta foi uma situação que marcou o ano e mostrou que inevitavelmente a política vai andar sempre de mãos dadas com este festival.


Vamos agora concentrar-nos no nosso rico Portugal e no festival que escolhe o nosso representante todos os anos, o Festival da Canção. Tal como no ESC existem muitas polémicas, muitas azias e muitos fãs descontentes, o mesmo acontece no Festival da Canção, e por vezes as polémicas atingiram casos extremos.
Começamos em 2010. Catarina Pereira estreou-se no Festival da Canção com a música “Canta por Mim” e conquistou os fãs, que a indicavam como favorita à vitória. A música tinha um ritmo diferente de todas as outras a concurso e parecia ser a mais indicada para representar Portugal. No entanto, os resultados acabaram por ser diferentes. Filipa Azevedo acabou por ser a vencedora, com a música “Há Dias Assim”, deixando o 2º lugar para Catarina. A vencedora foi apupada, foi pedido para que a mesma fosse trocada, mas no final das contas foi Filipa quem representou Portugal em Oslo.


Em 2011 voltamos a ter escândalo no Festival da Canção, desta vez por motivos diferentes. Havia várias músicas possíveis de ganhar mas nunca, jamais, os fãs esperavam que os Homens da Luta conseguissem vencer. Mas isso acabou por se verificar, muito graças ao televoto, que colocou o grupo no primeiro lugar e o tornou vencedor da final nacional. Os espectadores apuparam os vencedores e saíram do local antes do fim da actuação no final. Muitos fãs portugueses relembram 2011 como o ano da maior vergonha portuguesa dos últimos anos.
E chegamos a 2014, ano em que Catarina Pereira voltou a tentar a sua sorte no Festival da Canção. Mais uma vez os seus fãs deram a sua vitória como certa e verificou-se que ela era favorita à vitória. O que os fãs não contavam era com a participação de Suzy, apoiada por Emanuel. A cantora acabou por levar a melhor sobre Catarina, que acabou por ficar de novo em segundo lugar, e ganhou o direito de representar Portugal em Copenhaga. O cenário visto em 2011, repetiu-se em 2014. Os apupos, os fãs a saírem antes do fim da actuação no final, todo um dejá vu. Mas a polémica não terminou aqui. Foram feitas petições para que a música de Suzy fosse descartada e Catarina fosse a representante em Copenhaga e por fim foi pedida uma auditoria que justificasse os votos em Suzy, já que nada fazia prever a sua vitória. No final das contas, Suzy representou Portugal na Dinamarca e a auditoria não foi a lado nenhum, mas este tornou-se num dos momentos mais negros do festival.


03/12/2014
Imagens: Google/Vídeos: Youtube

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